Democracia sim, anarquia não
Vivemos numa sociedade onde não existem mais limites. As novas gerações crescem avessas às regras de civilidade e tomam suas atitudes do modo que acham melhor, sem se preocupar com as conseqüências. Poucas vezes se age racionalmente, outras vezes emocionalmente, mas o que mais se faz é agir alienadamente.
O pior é que vamos nos acostumando com tudo isso e achando normal tanta coisa ruim que acontece. Se um filho mata os pais, nossa reação não é mais de total perplexidade, contentamos em apenas externar nossa indignação dizendo que esse é mais um caso, um fim triste e que outros mais virão por aí. E todo dia na televisão ou na internet recebemos as notícias de pedofilia, sequestros relâmpago, tráfico de drogas, prostituição infantil, corrupção, degradação do ambiente e muitas outras mazelas. Tudo vai se tornando muito banal, faz parte do nosso quotidiano. Achamos sempre tudo muito normal.
Hipócritas de plantão alimentam o coro daqueles que dizem que tudo isso é culpa da democracia, que hoje existe liberdade em excesso. Mas desde quando a liberdade é um excesso? A liberdade é um grande patrimônio da pessoa humana e deve ser preservada a qualquer custo. A democracia é nada mais que a capacidade de vivermos organizados em uma sociedade que luta pelo bem comum, para o crescimento de todos, para a diversidade cultural, para a liberdade de culto e crenças, para a eliminação de quaisquer preconceitos.
O grande problema é que perdemos todo o entusiasmo para viver a democracia em plenitude e somos incentivados cada vez mais a viver num sistema onde impera a anarquia. Ninguém segue mais regra alguma. Somos cada vez mais corporativistas. Todo mundo só quer saber de levar vantagem sobre o outro. E quase ninguém quer saber de ajudar ao próximo.
Muito se fala em trabalho voluntário, em práticas sustentáveis de consumo e em cidadania, mas são muito poucos os que realmente entram em ação. Muito se fala, pouco se faz. E o resultado de tanta falta de compromisso é esse quase caos em que se encontra a sociedade moderna.
E quando se aproxima o Natal e mais um ano está prestes a começar, sempre elencamos nossos objetivos, renovamos as esperanças e nos tornamos mais receptivos para mudanças em nossa vida. Por isso é chegada a hora de colocarmos em nossa pauta de novas atitudes a serem tomadas no ano novo o nosso compromisso com a verdadeira democracia, com o sincero desejo de contribuir para uma sociedade longe da anarquia que se encontra, mas que possamos viver em uma nova era de paz, justiça e solidariedade.
(*) Léo Guimarães é jornalista e servidor público municipal.
> Publicado no Jornal A Cidade, página 2, edição de 30 de novembro de 2010, Borda da Mata/MG.