O RACISMO INSTITUCIONAL

AINDA, O RACISMO INSTITUCIONAL...

O racismo é negado no atacado, quando tratado publicamente; quando tratado no privado, no varejo, é admitido e exercitado plenamente. Por todos (sic)!

Heureca! Eureca! (Achei, encontrei).

Esta expressão empregamos quando da solução de problema de difícil elucidação; poderá ser empregada ao término deste artigo? Não. Mas, a solução dos maiores problemas da humanidade começou com os primeiros passos, dados timidamente, lentamente, palmilhado, porém, no final, com resultados que ecoaram através dos tempos.

Semelhante a outros de igual teor que se propuseram a tratar do assunto, O RACISMO INSTITUCIONAL... faz o chamamento à reflexão, á tomada de consciência para despertar a raça negra para a gravidade, a extensão, e a profundidade do assunto enfocado. Tudo evolui, máxime, neste momento da humanidade no qual a vertigem das transformações sócio-técnicas salta aos olhos e exige o comprometimento e a participação de toda a coletividade.

Por que não adotarem uma atitude explícita e arrojada em relação ao problema, para ajudar a minimizar o estigma a todo um grupo étnico que, sem crime praticado, a exemplo das castas raciais da Índia, são penalizados a se sujeitarem para sempre a um imobilismo social de resultados tenazes e irreparáveis, no ontem, no hoje e no amanhã...

A contribuição, ora dada, pode parecer à primeira vista irrelevante aos olhos atuais, mas somada a outras, repetimos, de igual porte, reforça o mutirão contra toda sorte de perversão e iniqüidade perpetrada contra a raça negra. Tomemos por exemplo, ainda, o movimento das mães da praça de Maio, na Argentina, ao denunciar o desaparecimento dos filhos mortos pela ditadura, no começo ignoradas, ridicularizadas e até chamadas de loucas; mais tarde se encorparam e se tornaram conhecidas e respeitadas internacionalmente.

Por que a raça negra, representante de percentual considerável da população brasileira, cruzar os braços a se contentar em ser apenas folclore e figurante ao fazer aparição aleatória de pequena monta na sazonalidade das festas anuais?

Lutem para serem elementos de afirmação social com assento no executivo, no legislativo e no judiciário. Só assim despertarão em todo o grupo étnico o orgulho por Zumbi e o seu honroso passado de luta pelo arrebentar dos grilhões da escravidão.

No momento presente despertem, emergindo da subjacência para a concretização de afirmações públicas, rumo a um futuro no qual os seus descendentes alcem bem alto a bandeira da igualdade, do orgulho e da hegemonia da raça. As políticas de cotas foi uma benesse da classe dominante? Ou resultante das pressões e reivindicações dos movimentos negros unificados e organizações similares?...

Não se enganem com essa vantagem momentânea; de toda sorte foi um passo, pois toda política pública em seu favor é louvada e bem vinda, mas ao mesmo tempo deixaram a falsa idéia de fraqueza e de paternalismo.

Vide as dificuldades enfrentadas pelo povo quilombola há tempos em luta desigual, a esperar a aprovação de políticas sociais para concessão do título da terra, há séculos ocupadas. Finda estas considerações, aproveitem a proximidade com as eleições que se avizinham.

Acalentem a idéia de incremento à sua cidadania, a ensejar a escolha de candidatos representantes da raça ou aqueles comprometidos com o fortalecimento das classes sociais menos favorecidas das quais são, infelizmente, ponta de lança.

Abaixo, pois, a melanofobia e a etnocracia prevalente através dos tempos, a causar mal de difícil reparação à raça negra que deu o sangue pelo progresso deste país e em troca recebeu toda sorte de empecilhos, a obstarem e a impedirem sua integração na esfera da sociedade. Recife, 05 de dezembro de 2009.ANTONIO LUIZ DE FRANÇA FILHO- – Advogado e aposentado da Celpe.

ANTONIO FRANÇA
Enviado por ANTONIO FRANÇA em 30/11/2010
Reeditado em 17/03/2017
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