PAZ NO RIO!...

Observo o movimento das pessoas agora de manhã, domingo, dia vinte e oito de novembro. Pelo menos aqui na rua onde moro, uma paz quase utópica! Maritacas verdes esvoaçando alegremente, pousando aqui e ali sobre os prédios. O som matraqueado que emitem chega a ecoar nas paredes dos edifícios próximos. Mas isto acontece porque a cidade está quase vazia!

É certo, muitos estóicos saem. Existe um ir e vir sossegado de transeuntes que se recusaram a ceder à pressão do medo e da ameaça das forças do mal, em luta em focos localizados da cidade contra as Forças de Segurança da polícia e das Forças Armadas. Bela, a sua atitude de dizer que são cariocas acima e apesar de tudo, e que a nossa cidade não é, não, local de vitória do mal e do caos! A maior parte de seus moradores e habitantes é amiga da rotina aconchegante de quem somente preza viver da melhor forma que sabe e pode, sem molestar criminosamente o seu próximo.

Óbvio que há nuances. Mas sou carioca, e ouso afirmar. O carioca é assim!

Durante toda esta semana histórica recusei os ônibus, e isto me facultou a oportunidade de conversar com os taxistas. Todos trabalhadores com família, e sem a exceção de um único dia, receberam telefonemas no trajeto, de familiares aflitos com a sua situação. Mães e esposas pedindo que abandonassem mais cedo o trabalho para retornar à segurança de seus lares. Todos, unanimemente, recusavam. Consolavam os familiares: "Está tudo bem, estou bem! Não dá pra voltar agora, estou trabalhando! Estou tripulado!"

É este, meus amigos, o espírito do carioca!

Carioca trabalha, enfrenta, sim! Sabe se virar e tocar a vida com otimismo, mesmo na situação única do medo sob o qual, como nunca antes, conduzimos nossas rotinas nestes últimos dias!

Sou filha de 1964, um ano emblemático. Cresci sob o guante das mudanças políticas mais marcantes do nosso país, em tempos nos quais militares estiveram estigmatizados como o são tantas outras instituições humanas, como o são funcionários públicos e, noutros tempos distantes, artistas. Vi épocas de movimentos importantes para a retomada da democracia no país, de passeatas, de impeachment presidencial. Tempos de descrença e desconfiança crescente do povo nas nossas autoridades. Contudo, ouso dizer, com base na vivência marcante da hora que passa, que sempre é tempo de aprendizado, e que nada é definitivo.

Durante estes dias sombrios, presencio o renascimento da esperança em mentes e corações.

É preciso que se entenda que esta percepção não é ingênua ou fora de propósito. Porque onde antes existia descrédito e a profunda sensação de frustração na perspectiva de dias melhores, da construção de pelo menos uma chance de tempos de mais paz ao dia-a-dia da população - aí, onde em nada mais se acreditava ou se fiava, subitamente eclodiu a conjunção altamente favorável.

"Deus escreve certo por linhas tortas" - de há muito nos assegura o dito popular, não sem razão. E que exemplo maior desta realidade senão o em perspectiva?!

O mal, como bem disse um morador idoso, lúcido, de nossa cidade, "deu um tiro gigantesco no próprio pé". Porque, no afã de desestabilizar a ordem e disseminar o pavor e o medo nas almas da população da cidade, alcançaram inesperadamente o oposto de seus propósitos. Não só ninguém se intimidou com o caos súbito e generalizado, como ainda se uniram, todos, em esforço inédito em favor da retomada da paz perdida na chamada Cidade Maravilhosa. Nunca, dizem os noticiários, nada se viu desta envergadura na história deste país, e é aí que reside o elemento surpresa, inserido - é certo! - justamente pelos designios do Supremo Criador!

Autoridades e Forças de Segurança se uniram no combate duro e necessário à nascente do desassossego e do medo. A população, combalida já de há tantas décadas presenciando inércia e ineficiência na garantia de seus direitos mais básicos, de pronto reagiu, com entusiasmo e euforia. E o estigma do passado, em momento único, inesquecível, se extinguiu.

Militares e polícia são aplaudidos pelo povo exaurido de sofrimento sob o guante da insegurança. E esses, fortalecidos pelo apoio popular, se unem à iniciativa das autoridades para dar uma resposta à altura ao carioca, à nação inteira: "Podemos, sim, dar um basta ao domínio inconcebível das forças destruidoras sobre milhares de vidas humanas! Podemos, daremos um basta! O processo está em curso!...

Na torcida e na ação conjunta, uma cidade, um estado; um país de dimensões continentais, inteiro - e ainda com o reforço da reação internacional!

Como diria Barack Obama, noutras circunstâncias - Yes! We can!

Quem sabe uma nova etapa de prosperidade não alvorece no Rio de Janeiro; no país?

E, apesar de toda a inquietação da hora que passa - e deixando de lado, no calor da emoção, especulações de ordem sociológica e política mais complexas - é de coração que agradeço, por, certamente pela primeira vez nestes meus quarenta e seis anos, poder enxergar nas nossas Forças de Segurança verdadeiros heróis.

Polícia, Exército, Aeronáutica...

Na lembrança de que a Paz legítima se fundamenta sob os requisitos de uma igualdade de oportunidades ainda distante de nossa realidade nacional, no entanto, que Jesus inspire a todos na construção desta Paz durante as operações da polícia, sob a inspiração do Altíssimo, para que o último de nossos alentos não expire, vindo contrariar a máxima perpétua que nos diz:

A Esperança é a última que morre!

Recordemos que a nascente desta Esperança reside nos designios de Deus. E Este - está visto! - nunca nos deserda!


PAZ!

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 28/11/2010
Reeditado em 28/11/2010
Código do texto: T2641736
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