Espetáculo da vida
A vida é mesmo fascinante, num belo dia nossos pais se preparam para nossa chegada e nós estreamos nesse mundo de forma triunfal, chamando a atenção de todos. Depois de algum tempo, lá estamos nós, se tivermos sorte, entrando pela porta da frente dos ônibus, exibindo nossa carteira de gratuidade. A questão é simples, porém crucial, o que estamos fazendo no intervalo entre nascer e envelhecer? Se pensarmos bem, o tempo é curto e só nos resta desempenhar bem o papel que nos foi designado pelo Criador, no espetáculo da vida. Oportunidades nos são dadas a todo o momento e não voltam, não tem reprise, muito menos “vale a pena viver de novo”, é na hora, abrem-se as cortinas e somos sem ensaio, levados ao centro do palco.
O mais cativante, é que nesse espetáculo podemos ser o que quisermos, sabendo que todo papel tem seus riscos, seus bônus e seus ônus, afinal atuamos sem dublês. Se lembrássemos que a remuneração pelo trabalho vem à jato, não espera o amanhã, nem o final do mês, que sabe não repensaríamos os personagens que assumimos no decorrer da vida? Se lembrássemos que dividimos a cena com centenas, milhares de outros colegas na arte de viver e que somos também responsáveis por cada um deles, quem sabe jamais aceitaríamos o papel de vilão?
Não dá para pensar nessas questões, quando o público levanta para aplaudir (ou não), quando as cortinas estão prestes a fechar-se, não temos segunda chance, não há uma trilogia. Temos o dever de reescrever, readaptar o script e fazermos sempre o melhor, como se todos os dias fossemos indicados e fortes candidatos a ganhadores do Oscar!