Ética e Cidadania

Pensar em ética é algo complexo. Porque a ética não é uma ‘coisa’ que vem prontinha em uma cartilha de onde você pode tirar regrinhas para decorar e passa a ser um indivíduo ético. A ética é muito mais que isso. Cada um de nós, através da nossa lente cultural, se apropria de valores e normas e as aplicamos em nossas vidas.

O que é ético para mim pode não ser para outros e isso a Filosofia, a Sociologia, a Antropologia e outras tantas disciplinas já discutiam há muito tempo. A ética não deve ser imposta. Constrói-se e se constitui através do outro, através da interação e da convivência em sociedade. Quando a ética é internalizada por todo o grupo muita coisa é conquistada.

A ética ‘invisível’ está ai para todos e nem precisa ser dita. É sentida e observada nas relações interpessoais. Já a ética de cada profissão visa preparar os profissionais para o exercício de suas profissões. Estabelece parâmetros e assegura o bom desempenho de cada categoria. A ética nunca deve ser utilizada em benefício próprio, senão seria um grande paradoxo, é o bem comum que deve ser sempre observado.

A exploração sempre imperou na história em qualquer modo de produção visando o lucro e sempre tirando o máximo proveito dos indivíduos. Este panorama foi mudando e pode ser cada vez mais melhorado, modificado, através do exercício da ética.

Ela deve ser flexível, pois dependendo do contexto histórico-social-ideólogico a ética perde valores e adquire novos. Deve se adequar às novas facetas da realidade da sociedade. O Darwinismo social, que despontou no século 19, nos fez pensar o homem em evolução, em fases de desenvolvimento, que precisa se adaptar criando novas formas de convivência, e a ética, portanto, deve acompanhá-lo.

Devido ao hibridismo presente no Brasil, falar de ética é muito difícil, aplicá-la então, em muitos casos, é quase impossível. Em algumas situações o que impera, não é a ética e sim o ‘jeitinho brasileiro’, o Q.I. [Não, não é Q.I. de Quoeficiente de Inteligência não], etc... Porém, deve ser a partir desse hibridismo social que nossa identidade deve ser fundamentada e [re]criada continuamente, fazendo com que nasçam novas formas de pensar, surjam novas posturas éticas, que nos farão capazes de lidar com toda essa ‘pluralidade’ brasileira tão falada por Roberto Damatta em seu livro ‘O que faz o brasil Brasil?’.

Através da ética, permeando toda nossa conduta, que poderemos fazer um Brasil diferente. Se na nossa vida, na nossa prática diária pensarmos sempre no bem comum [não é utopia pensar assim!], auto-analisando as nossas práticas, proporcionaremos o desenvolvimento da cidadania no meio em que vivemos. Porque, sem dúvida alguma, cidadania ‘pega’. É como um vírus que vai se difundindo, se disseminando e assim, se multiplica.

A cidadania deve ser um exercício diário e está totalmente atrelada à ética. Se cada um de nós agirmos com ética, ela ressoará automaticamente em cidadania e, portanto, teremos a oportunidade de construir um mundo melhor, ao exercer efetivamente a cidadania, daremos assim um mundo melhor às futuras gerações.

Milena Campello
Enviado por Milena Campello em 08/11/2010
Reeditado em 03/04/2011
Código do texto: T2604323
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