O PAPEL DA MULHER NA HISTÓRIA ESCRITA POR HOMENS
7 de setembro de 1968 foi um dia histórico. Ficou conhecido como o "dia da queima dos sutiãs", episódio que não chegou a acontecer porque a Prefeitura de Atlantic City proibiu. Durante a eleição de Miss América, centenas de mulheres saíram às ruas levando cílios postiços, sapatos de salto e soutiãs, para protestar contra a ditadura da beleza, num manifesto contra o degradante símbolo "burro-peitudo-feminino".
Era uma tentativa de combater a sociedade dominada por homens que impunha às mulheres papéis secundários, repetindo sempre uma enfática dicotomia, através de filmes e romances. A mocinha que, para fugir do estígma de solteirona, sonha com um casamento redentor e a femme fatale que abusa da sensualidade. Típico das sociedades cristãs: Maria, a mãe, virgem e imaculada e Eva, a pecadora, sedutora. Esses modelos, é óbvio, partiram da visão masculina. A história do mundo é a história dos homens.
Na Pré-História, a mulher não dominava, mas as sociedades eram centradas nela por causa da fertilidade. É óbvio que uma mulher não engravida sozinha, mas, há milhares de anos os seres humanos ignoravam o mecanismo da concepção. Sem entender a habilidade de procriar, as mulheres eram elevadas à categoria de divindades. Com o tempo, observando os animais, os homens perceberam o papel do macho na reprodução. Na ausência de testes de DNA, os homens estabeleceram a monogamia, para ter certeza de que o filho gerado era seu e a mulher passou a ser propriedade do homem. Durante grande parte da história da humanidade, as mulheres eram vistas apenas como receptoras da semente masculina geradora.
Essa herança cultural excluiu as mulheres da vida pública, embora em alguns momentos elas exercessem algum tipo de poder. Exemplos típícos:
1- As bruxas da Idade Média que curavam as pessoas, desafiando a Igreja. Só que elas tiveram pior sorte que os sutiãs de Atlantic City: acabaram na fogueira da Inquisição.
2- E a própria Igreja, para amenizar o horror da Inquisição, desenvolveu a idéia do amor romântico. A Julieta, de Shakespeare, beneficiou a imagem feminina.
3- Com o feminismo, na segunda metade do século XX, Julieta sai de cena e entra a poderosa Lara Croft. De propriedade a mulher passou a proprietária. Inclusive um relatório, lançado em 2002 pelo Banco Mundial, afirma que os países mais machistas são mais pobres.
A discussão sobre os papéis masculinos e femininos, no século XX, acabou enveredando por caminhos indesejados. A busca por direitos iguais se confundiu com uma igualdade totalitária e irreal entre homens e mulheres, ignorando que os gêneros são diferentes. "O funcionamento do cérebro feminino é simétrico, não lateralizado, como no homem. Isso dá à mulher uma melhor capacidade em verbalizar e estabelecer comunicação", afirma o neurologista José Salomão Schwartzman. É por isso que eles se localizam melhor espacialmente e elas são melhores para pedir informações.
Não se pode negar que a figura feminina é ligada ao simbolismo do corpo: pelo útero, devido à maternidade, e pelos seios e vagina, como atração sexual. Essa ligação entre a mulher e o corpo é o que agrava as exigências para certos padrões de beleza e faz da mulher, muitas vezes, apenas um "objeto". E depende da mulher reverter esse quadro. Enquanto a mulher não valorizar seu interior, submetendo-se a ser "mercadoria de consumo", o machismo existirá.
Algumas mulheres e o que elas representaram na História:
* Lara Croft - Personagem dos games e do cinema, a arqueóloga sexy e corajosa simboliza a mulher contemporânea e suas diversas facetas.
* Julieta - Criação literária do inglês William Shakespeare, representa o amor romântico.
* Anita Garibaldi (1821-1849) - Heroína catarinense, lutou na Revolução Farroupilha e foi enfermeira, esposa e mãe.
* Rainha Elizabeth I (1533-1603) - Monarca inglesa que transformou a Inglaterra numa das maiores potências do século 16.
* Virginia Woolf (1882- 1941) - Pródiga e inovadora, a escritora inglesa se tornou símbolo da intelectualidade feminina.
* Marilyn Monroe (1926-1962) - Atriz americana que se tornou ícone da mulher sensual, objeto do desejo masculino.
Fontes:
- Revista Superinteressante/ jan.2004
- A Imagem da Mulher, Cristina Costa
- Crítica à Tolice Feminina, Agenita Ameno