Quem trai, trai a si próprio. Assim como qualquer ação que praticamos, sempre atingimos a nós mesmos, antes de atingir o outro. E cedo ou tarde, somos obrigados a encarar essa dolorosa verdade.

Mal feito, está feito. Por isso é sempre bom pesar e medir as conseqüências antes das ações.

Discute-se sobre uma nova ética: O que é aceitável ou não no mundo virtual.

É traição ou não, os relacionamentos que se desenvolvem nas salas de chat, nas redes sociais. Há quem diga que passa a ser traição, somente se os dois envolvidos, estenderem seus contatos para o mundo real, outros consideram traição o namoro mesmo continuando no mundo virtual.

Minha leitora escreveu-me relatando sua historia: Perdeu o marido para “a maquina” (palavras dela).

E continuou: O marido começou a freqüentar sites de relacionamentos, passava horas trancado no escritório, quase não interagia mais com a família. Isso durou alguns meses até a bomba final: Ele havia conhecido e se apaixonado por outra mulher. Acabou com o casamento de doze anos, deixou os quatro filhos, o emprego, sua cidade e seu Estado e partiu para o Sul do Brasil para viver o seu grande amor.

Ela ficou ainda sem entender bem o ocorrido. Enfrentou uma barra e tanto, nunca havia trabalhado fora, teve que vencer esse e outros obstáculos retomou os estudos em meio ao sofrimento intenso. Não foi fácil, mas conseguiu. Dois anos depois ela está bem, trilhando o seu caminho. Ainda tem muita mágoa, mas está levando a sua vida, descobrindo coisas novas a cada dia.

Mas, eis que depois desse tempo, ele surge!

Está sozinho e sofrendo. A dama virtual o abandonou e se foi com outro cavalheiro virtual. Ele voltou para sua cidade, se aproximou meio tímido, está agradando as crianças e dá mostras que quer retomar o casamento.

Mas minha leitora não quer mais. Confessa ter um grande carinho, (apesar de tudo), por ele. Mas acabou descobrindo um mundo novo. Lembra-se do tempo em que casada, sequer poderia cogitar o fato de trabalhar fora, ele era totalmente contra! Apoiá-la para crescer como mulher? Jamais.

Hoje, domina o trabalho que faz, vai muito bem nos estudos. Seu relacionamento com as crianças está mais vibrante e consistente, sente que eles a admiram e isso a faz sentir-se feliz. Não pensa recusar por vingança. Ainda se entristece com o que passou, mas está se tratando e vencendo a mágoa. Deseja que o ex marido seja feliz, mas sente que seu casamento é de fato uma página virada. Não me escreveu em busca de conselhos, mas sim para relatar sua história e porque participou de um dos meus últimos cursos em Belo Horizonte. Junto com todas as novidades que tem vivido, descobriu que poderia ampliar seu conhecimento a respeito de sua sexualidade, por isso participara do curso.

É... Não tem mais jeito, caro marido arrependido... A sua mulher, como você a conheceu não existe mais. Encantado com o desconhecido, você deixou fugir um tesouro maravilhoso que estava ao seu lado.

A ela, os meus votos de felicidades, a vocês mulheres que enfrentam historias semelhantes, fica aqui o seu exemplo. E aos homens e mulheres que nesse momento vivem o encanto que a permissividade e o anonimato da internet propiciam fica o alerta:

Cuidado com o Canto da Sereia, hoje, ela é virtual, mas igualmente perigosa.

Regina Racco
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