QUANDO A INSATISFAÇÃO BATE À PORTA
Para falar de insatisfação, faz-se necessário em primeiro plano refletir sobre a satisfação. Ela diz respeito ao ato de satisfazer(se). Sentimento de quem está satisfeito, feliz, alegre, prazeroso pelo desejo atendido, vontade correspondida. Tem também a conotação de desculpa, justificativa, prestar contas a alguém. O sentimento predominante na satisfação é a realização do querer. É a reação imediata à conquista, ao objetivo alcançado, seja ele de curto, médio ou de longo prazo. E ela é externada conforme o temperamento de cada indivíduo.
Todos corremos atrás da satisfação. E nem sempre distinguimos quando ela é lícita, ilícita, aprovável, reprovável, legítima, ilegítima, construtiva, destrutiva, egoísta ou compartilhada com aqueles que nos cercam. Gratifica-me enquanto ofende a outrens? O prazer pelo prazer é hedonismo. O salmista escreveu: O Senhor cumpre o desejo de seu servo. Podemos falar de uma tríplice relação entre Deus e o homem: Na perspectiva de Senhor, somos servos; enquanto Deus(Divindade), somos adoradores; E enquanto Pai, somos filhos. “ O Pai nosso que estais nos céus”, quando verbalizado num condão de confiança e da entrega total, traduz-se em intimidade. Sentimo-nos no colo do Pai. Aleluia!!!
Mas, voltemo-nos para o tema que é o antônimo da satisfação: A insatisfação. Em geral, não temos nenhuma dificuldade em lidar com a satisfação. O mesmo não sucede quando nossa vontade, expectativas não são atendidas. Surge então, uma série de sentimentos, via de regra, negativos em nosso existencial.
Há uma enorme quantidade de sentimentos, gestos, atitudes, palavras, comportamentos que são, nada mais nada menos, reflexos das insatisfações que colhemos, carregamos, com as quais nos confrontamos ou fomos confrontados. De quantas coisas nos acometem a insatisfação?Mau humor, ingratidão, tristeza, negativismo, ira, inveja, vingança, violência, falar mal do semelhante, opositor, crítico, maledicente, etc. É como se urubu houvesse pousado na cabeça do sujeito. Nada presta. O psicoemocional do ser azeda.
A questão é: como lidar, conviver, administrar sabiamente a insatisfação, pois sabemos de que se trata de uma experiência comum a todo ser humano, cristão ou não, pobre ou rico, letrado ou iletrado. Alguns passos precisam ser seguidos, mediante indagações intrapessoal e/ou interpessoal, bem como princípios da boa convivência, fazendo uma introspecção da situação.
Num cenário de insatisfação definir o problema é o problema...
1. Descobrir sua causa. Nem sempre está explicita.
2. Será uma conseqüência do egoísmo inato?
3. Ela é justificável ou injustificável?
4. Vai construir?levar-me-á a desafios e mudanças de que preciso?
5. Ela está sob controle ou dominando?
6. Tenha listada sua relação de gratidões. Não seja um reclamão.
7. Entre defeitos e virtudes das pessoas; o que mais vejo?
8. Como está a qualidade de vida, a começar do homem interior?
9. Combata o vício social de está se comparando. Avalie-se em torno de seus ideais.
10. Portanto, refletir diante da insatisfação antes de agir.
A insatisfação é útil, saudável e edificante quando nos chacoalha, despertar-nos, tira-nos da mesmice em que estamos vivendo e nos impulsiona com atitudes novas, vendo novas possibilidades, horizontes que nunca antes víamos. Então, assumimos as omissões, e saímos da passividade à ação criativa.
É óbvio que nem tudo na vida ocorre como planejamos ou imaginamos. E este fato gera insatisfações. É bom lembrar também que nem sempre estamos certos em nossas conjecturas. Quantas vezes não somos ingênuos naquilo que projetamos. O egoísta busca somente para si: A sua filosofia de vida é: Está bom para mim?Está correto. Uau!. Ainda vibra. O egocêntrico vai mais além, ele pensa que tudo e todas as coisas giram em torno do seu mundo. E cai na esparrela da comiseração, na autopiedade, mergulhado na insatisfação. Mas, para seguir a Cristo, começa com a renúncia do eu. Não é sua anulação, é Deus no centro da vida.
O Movimento Nova Era se opõe ao Cristianismo, pois pelas muitas formas de meditação transcendental, leva o homem ao encontro de um deus dentro de si mesmo. E este não é o Eu Sou, subsistente em si mesmo, Deus Criador, Supremo, pessoal, racional, mas que vai além do entendimento humano. E se assim não o fosse, não seria Deus Soberano sobre tudo e sobre todos, seja na dimensão espiritual, seja no mundo físico-material. De modo que o supra-sumo da Nova Era é a egolatria.
Pare e pense:
"Mostre-me um homem 100% satisfeito e eu lhe mostro um estagnado”
“Não tenho tudo que quero, mas sou feliz com o que tenho”
“O homem nasceu para Deus; Ele só se realiza plenamente em Deus”
São Tomaz de Aquino
Na satisfação somos agraciados. Alisamos nosso ego. Com a insatisfação vem o infortúnio, a contrariedade, a frustração, a sensação de derrota.
A convicção pessoal que tenho é que lidamos com as insatisfações mais inconscientes do que conscientes. Nós humanos, precisamos trabalhar nossas insatisfações de modo consciente e maduro, tendo o controle sobre elas. E seja ela, em qualquer área da vida: No trabalho, na igreja, num momento de recreação, na família, na vida conjugal e até na atividade mental.