Esboços para a criação de uma sociedade ideal
O advento de um novo ser humano
Se as aparências são indutoras do equívoco, devemos evitá-las. O problema são as nossas inerentes limitações sensoriais, de entendimento e de projeção para um futuro longínquo e talvez inesperado. Em nossa atual condição evolutiva não estamos aptos a distinguir visualmente os tipos de elementos moleculares que compõem a matéria, não sabemos se dois corpos sólidos, dispostos simultaneamente, são pesados ou leves, poderíamos supor qual seria o mais pesado devido a sua espessura, dimensão, mas um simples teste acabaria quebrando essa inferência baseada apenas na observação visual.
Fazendo uma abordagem mais séria, pergunto se há um limite estabelecido ao entendimento humano; se julgássemos apenas o indivíduo abstraído, um sujeito que em si armazenasse todas as informações possíveis, aí sim há limites, já que o cérebro não suportaria tamanha carga de estímulos nos neurônios. Mas o pensamento como um todo, distribuído em diversas pessoas (cada um desenvolvendo uma matéria nova ou um acréscimo ao conteúdo que já existe), então é seguro afirmar que não há barreiras estabelecidas para a razão, pois a cada etapa de questões resolvidas surgem novos mistérios.
Os avanços intelectuais, notados na inovação tecnológica, estão presos aos anseios consumistas, mas mesmo assim progridem. Nas artes em geral também notamos novidades criativas que rompem com o que já é estereótipo. Analisando a história do homem desde a origem de seus primeiros inventos e dos outros seres, só devemos concordar e aceitar a idéia de evolução constante das espécies e conseqüentemente da transformação da natureza. Como o homem está no nível mais alto dessa hierarquia por vários motivos, as suas produções tendem a intervir de maneira mais drástica e visível no curso da evolução. Agora não apenas a natureza condiciona as modificações nos seres, mas as próprias ações humanas – oriundas de sua intelectualidade evoluída – tendem a afetar o curso das coisas.
Notamos isso quando descobrimos que ele é capaz de manipular a reação do núcleo de um átomo, quando consegue produzir hormônios inibidores capazes de atuar no sistema nervoso; o fato é que a evolução se restringe, por enquanto, aos seus feitos. Biologicamente, a composição de aparato genético, a distribuição óssea, muscular, sanguínea, histológica são as mesmas de vários séculos ou milênios atrás; algumas diferenças são patentes como a cor da pele, a estrutura capilar, a harmonia física ou outras dessemelhanças e deformidades sutis. Mas se não for possível modificar a sua forma física convencional (cabeça, membros, cérebro, órgãos), poder-se-á conduzir a maneira de gerar um indivíduo, controlando todos os processos de sua formação, cada estágio de formação da personalidade a fim de estejam aptos ao convívio e ao aperfeiçoamento racional.
Talvez, num futuro breve, será comum reproduzir ambientes que simulem as condições biológicas uterinas e nessas câmaras artificiais poder-se-á incubar novos seres humanos, analisando constantemente o nível de hormônios, de freqüência cardíaca e circulatória, podendo manipular cada etapa de desenvolvimento para determinar, em parte, o indivíduo que nascerá. Se pudéssemos determinar o indivíduo que irá nascer a partir do controle sobre a mãe que está carregando o bebê (alimentos ingeridos, atividades físicas, medicamentos, atividades intelectuais em plena gestação, o ambiente em que se encontra) ou mesmo incubando-o em úteros artificiais, é certo que a humanidade estaria a salvo de desastres ocasionados pelo próprio homem.
Manipular o DNA e a ordem dos ácidos nucléicos é uma alternativa plausível, mas arriscada, pois o efeito negativo poderia ser incontrolável, suscitando uma reação em cadeia, já que quando o DNA se duplica, um erro pode ocorrer na ordem da distribuição dos ácidos nucléicos provocando mutações constantes, onde os seres humanos nasceriam sempre defeituoso, estéreis, sem cérebros íntegros. Esses homens com o DNA mutável poderiam destoar completamente daqueles que conseguiriam nascer sem falhas genéticas. Para refrear essa crescente onda de mutações, que poderia até influenciar os demais organismos, seria necessária uma destruição em massa, na tentativa de evaporar os vestígios do erro primordial.
O estado biológico não evolui celeremente, por isso a modificação do DNA seria um atentado contra a própria capacidade de adequação dele perante as condições em que se encontra na natureza. Logo, para evitar que indivíduos nasçam doentes, deformados, tem que ser delimitado todo um programa de zelo ao bebê que está por vir, criando novos métodos de análise, incitando a mãe a reformular seus hábitos, convívio, suas preferências subjetivas. Por isso é complicado e muito pouco concreto que indivíduos perfeitos e aptos à melhoria do mundo sejam gerados naturalmente. Se não for criada uma nova maneira de incubar o embrião, isolando-o das preocupações maternas, das oscilações de humor e da alimentação não balanceada, decerto que todos nascerão com as mesmas suscetibilidades de tornarem-se subalternos de conhecimentos lingüísticos superficiais e dos comportamentos sociais que a educação perpetua.
Os estereótipos sociais condicionam certas atitudes meramente controladas, pois o indivíduo age para seguir determinadas regras de conduta – por medo da coação e responsabilidade moral –, mas mesmo assim é fácil desviar-se desses comportamentos aprendidos pela convivência e pela educação escolar e familiar. Como os estados de desenvolvimento do embrião são realizados por acaso, baseados nas recomendações médicas básicas, o indivíduo já nasce inserido num contexto que não lhe é estranho, que só deva adequar-se, habituar-se imitando as ações dos outros, seguindo os passos que lhe foram ensinados.
Com o surgimento de câmaras artificiais para gerar novos seres, a própria idéia de família seria substituída pela idéia de companheirismo indistinto entre cada um, o grau de parentesco ficaria limitado ao nível genético e fisionômico. A grande rede de parentesco se restringiria aos pais e filhos; quando os jovens chegassem numa fase de puberdade seriam imediatamente selecionados para diversos centros educacionais onde cada um exerceria sua inata potencialidade, desenvolvendo-a com todos os recursos necessários para tornar-se excelente naquilo que gosta. A afeição entre as pessoas não diminuiria, ela aumentaria. Aumentaria porque não estaria limitada aos parentes duma família e sim distribuída igualmente para todos os que existem.
É logicamente inteligível que o ser humano – fisicamente –, daqui a 150 anos aproximadamente, será um pouco diferente do que é hoje; o progresso tecnológico está mais vigoroso do que antes, implicando uma maior aceleração no desenvolvimento de meios efetivos e eficazes na modificação espacial e biológica onde o ser humano será gerado, dinamizando assim toda a estrutura e a vivência social.
Controle da natalidade e da utilização do espaço natural
Ao manipular as etapas de formação embrionária, conseqüentemente ocorrerá um controle mais elaborado da natalidade. Se analisarmos a condição demográfica, relacionando-a ao consumo de bens naturais e do espaço desapropriado, a visão sobre o porvir é catastrófica. No ritmo acelerado do crescimento populacional, resultado dos avanços medicinais e da expectativa de vida, logo não haverá mais recursos para suprimir todas as necessidades básicas dos indivíduos gerando guerra por alimento, por água e por terras (o que sempre aconteceu, mas antigamente não havia tantos seres para disputar esses itens). Tantas pessoas vivendo, existindo, ou miseravelmente sobrevivendo suscita necessidades meramente consumistas e supérfluas, onde produtos eletrônicos são criados com fins descaradamente lucrativos, utilizando energia em demasia, acarretando a intensificação do calor no mundo, como já se observa atualmente.
Do jeito que as coisas caminham desorganizadas, a humanidade irá consumir e modificar a natureza cerca de 70% daqui a alguns anos; o espaço demográfico natural não suporta o crescente desgaste e utilização de seus recursos, pois não consegue acompanhar a demanda. O espaço será substituído, em parte, por concreto e aço. É claro que poderemos, se já não o fazemos (ou fazem), salvar germens de plantas diversas, tornando aplicável um futuro reflorestamento ou replantio desses espécimes de árvores em locais mais adequados; mas naturalmente restará poucos elementos naturais ou espaço para que tal proposta tenha alguma efetividade. Essa realidade já é observada nas grandes construções de prédios, de apartamentos, pois lateralmente o espaço está reduzido e a tendência é que as moradias tenham que elevar-se do chão, correndo o risco de desabarem, já que o terreno pode ser irregular ou está numa área de possibilidade sísmica.
A natureza não tem recursos suficientes para atender a todos; novas lutas pela sobrevivência serão travadas num mundo estéril, quente e artificial. Caso não ocorram guerras com armas químicas e biológicas ou de destruição em massa na tentativa de possuir uma nação que dispõem de recursos, haverá muitos sobreviventes lívidos, esquálidos e esfomeados. Caso a utilização desses tipos de armamentos ocasione um efeito dominó irremediável, a própria terra desaparecerá do sistema solar, gerando uma total transmutação nele, pois a posição do espaço deformado que o sol ocupa, exercerá maior atração nos outros astros que o circundam.
Enquanto muitos hoje sentem mais júbilo ao experimentar imagens eletrônicas da flora do que visualizá-la naturalmente – por falta de ensejos ou por falta de recursos – será comum que as pessoas que estão por vir, descendentes dos indivíduos atuais, não se preocuparão com os andamentos da destruição ambiental nem se não existirá mais nenhum espaço natural imaculado. Logo o futuro será restrito às visualizações digitais, eletrônicas, falsas, repleto de simulacros destoantes daquilo que um dia existiu.
Essa é sem dúvida a natural tendência da realidade futura advinda da evolução intelectual que nos motiva; refrear essa jornada é uma presunção covarde e medíocre, não há como inibir tal percurso. O regozijo perante a natureza pura é um torpor no funcionamento orgânico do nosso sistema nervoso devido aos resquícios genéticos que herdamos de nossos antepassados (que viviam primitivamente sossegados em tribos no meio de matas inexploradas ou em lugares abertos) e foram somados à nossa maturação biológica. O hábito nos desvincula das coisas triviais que nos circundam, e uma árvore vistosa perante nosso olhar não tem mais nenhuma beleza. Mas reconhecemos que as coisas nunca chegam ao sustentável, e quando a natureza não é totalmente eliminada da realidade, tende a modificar-se perdendo o seu valor primordial e vernáculo e a vemos como pertencente a um mundo remoto e ultrapassado.
Logo o controle da natalidade, o auxílio na proteção do ambiente natural são os primeiros passos para evitar uma iminente desestruturação social e o desequilíbrio contínuo das condições nativas de determinadas áreas. Não adianta apenas criar especulações nefastas acerca do destino onde esse progresso atual está nos levando; só mesmo com um ato desesperado e cético (ameaçar com bombas atômicas) para assegurar a supremacia dos que ainda almejam viver numa sociedade bucólica, sem poluição, sem o individualismo competitivo. Como não é seguro e nem viável seguir essa escolha desatinada, o mais lúcido a ser feito é trabalhar com os recursos inócuos do controle da natalidade – em seu sentido múltilpo – e do ambiente onde será gerado o indivíduo, reduzindo o nascimento de promissores assassinos, doentes mentais e qualquer outra criatura irrelevante que atrapalha a ordem e o bem-estar geral.
O controle deve ser exercido de forma totalitária pelo Estado, exigindo no máximo dois filhos por casal, ou melhor, dois filhos por mulher. Muitas vezes as pessoas se separam e vão formar outra família, sendo que os (as) parceiros (as) já possuem filhos de relacionamentos passados, mas na maioria das vezes o homem – que casa novamente – sempre é quem já possui descendentes. Não existe esse negócio de: “Ah! eu queria um menino, mas só tive quatro meninas...” porque uma vontade de querer agradar as exigências subjetivas não retira os efeitos que a concretização desse interesse poderia causar no espaço. Cada pessoa que nasce precisa de recursos (alimentos, H2O, oxigênio) para sobreviver; multiplicando o número de pessoas que nascem, subtrai-se a quantidade disponível de recursos. Além do mais, os seres humanos não são os únicos que precisam daquilo que é oferecido pela natureza, outros animais também necessitam desses produtos.
Percebemos que não está ao nosso alcance estabelecer uma meta, um ponto final que estacione nossa inteligência. As coisas marcham aceleradas para um nível que foge às nossas expectativas. A certeza é que não conseguiremos inibir os avanços tecnológicos, nem as conseqüências dúbias provocadas por eles, mas podemos controlar a quantidade e os indivíduos que nascerão selecionando os melhores para a sociedade. É necessária a elaboração de um projeto imediato que restrinja a descontrolada taxa de natalidade elevada e o uso abusivo e leviano da fauna, da flora e do espaço.
A natureza impulsiva e bipolar do indivíduo
Se deixarmos as coisas seguir – sem interferência nos nascituros – o rumo íngreme da atualidade, com absoluta razão elas ficarão piores, mais anárquicas, mais preocupantes, pois a natureza humana tende a tomar duas linhas de frente em suas ações: o impulso da criação (fecundação) e da destruição.
A fecundação é facilmente observada em nós mesmos, nos nossos anseios sexuais, na busca em se criar algo, no desejo pelo prazer. Queremos germinar algo, manter viva a nossa espécie ou mesmo uma parte de nós (através de nossos cromossomos que formam outro ser). O sexo é o mediador mais utilizado por nós nessa intenção, por ser fácil executá-lo e bem prazeroso; poderíamos utilizar outros recursos mais intelectuais, mas o prazer sentido num ato impulsivo primário é sempre superior ao que sentimos numa realização intelectual.
Caso não sentíssemos prazer nos nossos órgãos e conseguíssemos estimular as áreas cerebrais relacionadas com o prazer sexual sem apelar ao corpo, aparentemente a necessidade de copulamento não seria tão vigente. Mas como ainda somos ligados a cada músculo de nosso corpo, ainda temos que recorrer a ele para sentir prazer. Porém, por trás de toda essa busca por um prazer físico e sensual, se oculta uma vontade natural de germinar outro ser. Só podemos realizar esse desejo impulsivo por intermédio da ação sexual.
Então somam-se agora dois motivos irrefutáveis para valorarmos o sexo: vontade de gerar e a busca do prazer (sensação de êxtase, musculatura relaxada, pensamentos tranqüilos). É uma máxima, uma verdade superior a qualquer salmo religioso: quem não faz sexo é infeliz, é um estéril! Caso seja viável a incubação artificial de embriões humanos, isolados dos seus genitores, é certo que as mulheres seriam mais propensas à libertinagem, à sexualidade sem culpa ou vergonha. Na verdade as mulheres só são menos impulsivas sexualmente por causa da aprendizagem machista que impôs que ela deve ser recata e servil ao marido e por causa da gravidez.
Acho que – com relação à educação feminina – deve ser feito uma constante estimulação, desde as fases iniciais, no comportamento bissexual. Assim poderia haver uma distribuição mais equivalente de parceiras por homens, acarretando a diminuição de amantes, de mulheres solteiras, tristes, pois está claro que a população feminina supera a masculina. Mas um homem só poderia casar-se com duas mulheres, caso descumprisse essa regra correria o risco de pagar altas multas e até mesmo ser preso caso se envolvesse com uma terceira mulher. As mulheres, bissexuais, acabariam podendo relacionar-se entre si sem receios; livres elas seriam, não seriam dependentes dos maridos podendo se separar quando quisessem.
O perigo em se efetivar essas especulações, pois em qualquer projeção de longa escala traz reações adversas e inesperadas no momento de sua concretização, é que quando a monogamia acabasse as relações conjugais do homem para com a mulher seriam passageiras e motivadas na maioria das vezes pelo prazer sexual. Outros problemas de interesse também surgiriam da mulher para com o homem: muitas mulheres prefeririam homens ricos, bonitos e bem-dotados. Sobrariam indivíduos acabrunhados e ressentidos por não conseguirem mulher alguma e frustrados poderiam fazer qualquer coisa estúpida e destrutiva para possuir bens e posteriormente, mulheres. Mas nesse ultimo caso seria fácil contê-los e prendê-los, pois haveria um cadastro internacional com os nomes daqueles que ainda estão solteiros. No final isso resultaria numa modificação sem igual na estrutura social, altamente divergente da que está sendo projetada no momento.
Com relação à natureza impulsiva do ser humano e sua propensão à destruição, devemos levar em consideração que a própria matéria é perecível e que ações espontâneas – que ocasionam deteriorização de elementos materiais – não podem ser julgadas malévolas. Mas mesmo após aprendermos como nos comportar, repreendendo certos impulsos para não afetar a vida do próximo, é incomum não sentir prazer em destruir algo, em destruir regras verbais morais ao xingar impropérios no vento depois duma topada. Quantas vezes não despejamos nossa raiva num objeto de aparente irrelevância destruindo-o completamente até o ponto em que nos acalmamos; depois dessa atitude nenhum remorso se apodera de nossa consciência, só alívio por não ter acumulado mais carga de frustração.
O mal é obrigar a pessoa a conter o impulso de destruição, o certo seria ensinar o indivíduo a direcioná-lo para outro tipo de manifestação externa. Estimular as crianças a gritar, bater o pé no chão ou destruir coisas sem valor é melhor do que bater nelas, mandá-las calar a boca quando estão visivelmente frustradas com alguma situação. A instância psíquica nesse caso cria dois complexos: o do castigo e a vontade de castigar o que castigou (aquele que obriga o ser a reprimir seus impulsos). O castigador permanece no inconsciente – em forma de supereu – suscitando o sentimento de culpa que todos sentem ao cogitar um pensamento indevido ou socialmente repugnante, mas que lá no fundo são almejados sem escrúpulos e com muita ânsia pelo indivíduo. Aparentemente extinguimos uma vontade irracional quando recalcamos e sublimamo-la; mas nas grutas do nosso inconsciente ela permanece latente esperando uma brecha para fugir com gás total.
Por isso devem ser construídos refúgios isolados nas residências para que o homem, desde cedo, possa descarregar toda a energia negativa; isso deveria existir em todo espaço público. As pessoas logo cedo aprenderiam que direcionar essa pulsão a um alvo humano, animal ou de valor acarreta graves problemas emocionais aos outros e judiciais para quem a executa; aprenderiam que esse impulso pode se manifestar sob uma forma mais aproveitável (a arte entra aqui como válvula de escape onde a raiva que alguém sente por um (des)semelhante se transforma numa sátira, caricatura, música, ou até mesmo num artigo difamador mas sem afetar diretamente a pessoa).
O grande problema do mundo é o livre-arbítrio das pessoas, fazer o que der vontade, a liberdade na construção da individualidade, esses fatores causam o desequilíbrio da atualidade. Temos que determinar o indivíduo que vai nascer com o intuito de melhorar as suas qualidades, seu nível de discernimento e sua resistência e não apenas jogá-lo no mundo da facticidade e das normas morais relativistas. Caso esses projetos apresentados sejam vistos como um atentado à própria condição existencial humana – embora a própria natureza produza seres incapazes, defeituosos – então não há nada que possa ser feito pelo melhoramento da humanidade. Na verdade os preceitos maçons de igualdade, fraternidade e liberdade não são realmente possíveis e nem aplicáveis porque a natureza é desigual e na sociedade capitalista atual todos almejam o poder, o topo econômico e parece não haver espaço para amizades e companheirismo.
A conscientização acerca dos problemas ambientais e humanos é privilégio de poucos (dos mais fracos na hierarquia do poder) e estes com suas reivindicações e protestos em caminhadas, carreatas não são capazes de derrubar os déspotas que governam a sociedade. As diversas vias de acesso à informação são desiguais, os direitos e a estimulação intelectual/ cultural simplesmente são distribuídos erroneamente. Se há muita diversificação nos modos em que são gerados e educados os indivíduos, impossibilitando uma harmonia e equidade, a multiplicidade de seres e pensamentos divergentes tende a prejudicar as relações, pois cada um quer a supremacia. O choque de idéias antagônicas causa entre as pessoas a desconfiança, a inveja, o medo e a vontade de dominar com arrogância e violência o próximo, por que desde cedo aprenderam a controlar seus impulsos, guardando com rancor uma vontade de castigar os que são superiores. E assim a humanidade, com seus banais conceitos e modelos de vida, evolui para a desordem, para a desigualdade, para a iminente catástrofe das relações pessoais.