Os animais têm sentimentos!
Dia após dia, deparamo-nos com indagações sobre os animais terem sentimentos, emoções ou consciência, e, cada vez mais, a opinião geral é de que seria um erro muito grande afirmar que eles sentem.
São muito frequentes os casos de maus tratos para com os animais, assim como os casos de abandono, negligência, indiferença e toda a espécie de actos que conduzem a consequências de flagrante desrespeito para com a vida animal.
Reporto-me, principalmente, aos mamíferos de quatro patas, nomeadamente aos vulgarmente chamados animais de companhia: os cães e os gatos. Quem teve ou tem um animal destes por companhia sabe decerto que este tipo de atrocidades cometidas ocorrem frequentemente e a ritmo diário em maior número do que seria de esperar.
Infelizmente, muitos são os cães e gatos que vagueiam abandonados pelas ruas à espera de um gesto de carinho, de um alimento, de um lugar quente para poderem pernoitar.
E esta realidade cruel não pára de aumentar, se considerarmos os números tendencialmente crescentes de recolhas que os canis municipais fazem e dos animais que mantêm em cativeiro até chegar a hora do terrível destino que é a morte por abate.
Nos canis municipais encontram-se, não raras vezes, situações deploráveis de más condições de tratamento para com estas criaturas, seja em questões básicas como a alimentação, higiene e resguardo, pois a única coisa que têm é a cela fria de um canil para dormir. Como se não bastasse, são muitos cães na mesma situação e sentem o que qualquer um sentiria num lugar atroz, ameaçador e terrífico. Os cães sentem muita ansiedade e, nesses lugares, onde não têm carinho, nem atenção constante, pressentem que o destino não é nada bom.
Sentem a problemática de ausência quando um companheiro da cela do lado parte... Sentem o isolamento e a questão premente de quando chegará a vez deles serem levados, talvez na esperança de saírem dali para poderem correr em liberdade. Mas a irritabilidade instala-se devido à incerteza que sentem, pois sabem não tornam a ver os seus companheiros que partiram e a pessoa que os leva é, não raras vezes, fria e insensível, sem gestos de carinho ou piedade para com eles.
Pressentem o perigo pelo faro e pela ausência de afecto.
Por vezes estes animais aparecem tristes, abatidos, sofrem tantas vezes de emagrecimento súbito, de irritabilidade constante, de ansiedade extrema e até, não raras vezes, de fobias... Nestes casos, por vezes, acontece o pior. Ficam agressivos, porque não têm outra solução senão lutar contra o mundo cruel. É por isso que abandonar um animal traz consequências horríveis para o próprio animal, o homem e a sociedade em geral.
Recebem visitas de vez em quando e no pensamento canino qualquer humano que seja diferente do habitual é um sinal de esperança e aviso em simultâneo. Pretendem dizer: “Tire-me daqui, leve-me embora, liberte-me!” E tantas vezes essa esperança se torna vã quando não vão com essa pessoa que está de passagem. Por vezes essa pessoa escolheu um cachorro bebé, ou então gostou mais de um cão aproximado dos de raça, ao invés deste amigo rafeiro, ou então ainda se vai embora sem libertar nenhum, pois de tão maltratados que estão prefere comprar um animal que seja aparentemente mais saudável...
E tantas vezes ele e os outros companheiros ladram sem parar, sendo-lhes apenas atirados os pratos de ração que, muitas vezes, não comem porque estão demasiado tristes para comer.
Tal como as pessoas, os animais também têm sentimentos. Sentem o vazio, sentem quando alguém os tratou mal ou bem, sentem-se agradecidos quando alguém faz alguma coisa por eles e alguns deles vingam-se quando são ignorados e desprezados...
Há pessoas a trabalhar nesses canis para abate que até são sensíveis e se esforçam por dar condições o mais dignas possíveis aos animais até à chegada da sua hora. Zelam pelo seu agasalho, acompanham-nos até ao seu momento final, mas não podem mudar o seu destino mais certo e imposto ali. São impotentes para lutar contra uma lei que vigora e que a muito custo algum dia será abolida que é a lei de abate.
O canil municipal é o inimigo público número um do cão. É nele que a ameaça da morte paira no ar e é de vigência permanente, a não ser que alguém o salve e o adopte.
Infelizmente são muito poucas as pessoas que conhecem esta triste realidade e que não lhes chega a informação necessária para saber como vivem os cães naquelas situações e quantos cães chega a ter um canil municipal para adoptar...
É preciso mudar mentalidades, denunciar actos de violência e de indiferença para com os próprios animais, pois isso viola claramente os Direitos Universais do Animal, proclamados pela UNESCO!
As políticas de cada país deveriam mudar as suas atitudes no que diz respeito aos direitos dos animais. Porque os animais também têm sentimentos, nunca abandone o seu animal de estimação! E quando pensar em adotar um cão ou um gato, escolha um que esteja num canil municipal, precisando de você... Ele ser-lhe-à grato o resto da vida!
Ana Flor do Lácio (27/09/2010)