O fator Deus no coração
Os evangélicos tem uma bancada poderosíssima no congresso.
Na propaganda eleitoral deste ano, aparece na TV uma turma de evangélicos pedindo voto, dizendo para votar em fulano de tal, número tal, o candidato de deus - outros dizendo ser o escolhido de deus - e outros que estão a serviço de deus.
E
Recentemente, Anthony Garotinho culpou a criminalidade pelo fator "Deus no coração".
Os países com maiores taxas de homicídios são todos extremamente religiosos. Já em sociedades caracterizadas por uma plena distribuição de comida, excelente serviço público de saúde, educação, segurança e habitação globalmente acessível, a religiosidade esvai-se.
E embora a religiosidade esvaia-se a criminalidade não aumenta.
Conforme pesquisa mencionada no vídeo abaixo: No Brasil, os que tem "Deus no coração" (cristãos) , resultam em 97% dos brasileiros. Já os que não tem "nenhum deus no coração" (ateus, agnósticos, etc) somam apenas 3%.
http://www.youtube.com/watch?v=wFx-PIxSjMM&feature=player_embedded
Pelo que se consta Anthony Garotinho e Rosinha são evangélicos. Lembro-me de que Anthony Garotinho e Rosinha defendiam, num retrocesso medieval, até mesmo que nas escolas ensinassem o criacionismo (Religião) juntamente com Evolução (Ciência). Talvez eles pensassem que Evolução é "apenas teoria", sistema de crença, assim como o criacionismo é.
A Justiça, Polícia, e etc., não consideram que "ter Deus no coração" é garantia de honestidade. Afinal vimos muitos líderes religiosos serem suspeitos, investigados e condenados. O mesmo deve valer para políticos religiosos.
Aliás isto é bastante curioso nas religiões. Principalmente os pastores na religião cristã: falam que devemos tentar viver como Jesus, mas na prática, muitos pastores, bispos, líderes de grandes igrejas vivem como Bill Gates ou Eike Batista sustentados pelos dizimos de seus servos-crentes.
As manchetes abaixam são apenas exemplos.
Justiça Eleitoral do Rio torna Garotinho inelegível e cassa mandato de Rosinha
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/741709-justica-eleitoral-do-rio-torna-garotinho-inelegivel-e-cassa-mandato-de-rosinha.shtml
PF prende deputado e acusa Garotinho de integrar quadrilha
Segundo denúncia, ex-governador mantinha Lins à frente da polícia, mesmo sabendo de suas ligações criminosas
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080530/not_imp180811,0.php
Para procuradores, Garotinho chefiava quadrilha no Rio
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,,181179,0.htm
Também o Datena conscientiza os seus telespectadores de que a culpa da criminalidade é da descrença, e que este tal de ateísmo leva realmente a todo tipo de perversão e vício.
A tese do lulista Datena, a prova cabal é que só a religião leva ao amor e o ateísmo leva a uma vida de ódio e inveja.
O Ateísmo matou mais que as religiões?
Antes que alguém queira chamar os ateus de bêbados, a espiritualidade não protege contra o uso do álcool entre jovens, segundo pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto. Dos 191 alunos universitários avaliados, os com maior nível de espiritualidade eram os que mais bebiam. Quase 80% eram católicos e, destes, 56,9% bebiam em um nível problemático.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0708200816.htm
Lembro que em 2004 a então Deputada Denise Frossard (RJ) tinha entrado com um projeto de Lei interessante, proibindo candidatura de líderes religiosos. Que proibia o exercício de atividade religiosa simultaneamente à atividade política. Pela proposta de Denise Frossard, padres, pastores, bispos, sacerdotes, rabinos ou gurus que desejassem se candidatar a qualquer cargo eletivo deveriam se afastar das funções que exercem até um ano antes do pleito. "A invocação de Deus, no preâmbulo da Constituição Federal, não significa que a República brasileira seja religiosa” - “Não há religião oficial no País, e sim liberdade de crença", afirmava a autora.
Na avaliação de Denise Frossard, atualmente o princípio fundamental que estabelece a separação entre Igreja e Estado está sendo violado. Há algum tempo, estabeleceu-se no Brasil uma íntima e inconstitucional ligação entre a atividade religiosa e a atividade política, que não se harmoniza com a forma republicana laica do Estado brasileiro.
Denise Frossard argumentava que, sob a ótica da instituição religiosa, cabe a ela estabelecer as regras de conduta dos seus seguidores, adeptos e orientadores, permitindo-lhes ou não a prática de atividades político-partidárias. Já sob a ótica política, cabe ao Estado permitir ou proibir o acesso de cidadãos ativos aos cargos públicos, estabelecendo impedimentos e incompatibilidades.
A então parlamentar lembrava o exemplo dos militares, que são obrigados a se afastarem de suas atividades quando optam pela vida político-partidária. "A hierarquia e a disciplina militar são incompatíveis com a liberdade necessária ao exercício do mandato” - “Quanto aos religiosos, essa incompatibilidade é visceral quando integram a estrutura de poder da instituição religiosa a que pertencem"
Denise Frossard alertava ainda que a penetração do poder religioso na política é perigosa para as instituições democráticas. "Quando o Estado vai sendo dominado pelas diretrizes e dogmas desta ou daquela religião, daí para uma república religiosa fundamentalista é um passo".
Passados 6 anos da proposta de Denise Frossard, não sei em que cargas está, só sei a proposta tramitou na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
E com certeza tal proposta cairá no esquecimento em alguma gaveta, lá...
O que é lamentável