PRESENÇA DE ESPÍRITO.

Não restam dúvidas: viver bem implica na descoberta da nossa capacidade de ser resilientes e perspicazes. Resiliência para, diante das diversidades, tirarmos o melhor que elas nos podem dar – um pouco da lógica de que tudo tem o lado positivo e o negativo; perspicazes, diante das “armadilhas” que nem sempre temos condições de nos defender, por serem elas fruto da inteligência para o mal – tão largamente praticadas pelos nossos semelhantes. O fato de sermos cognominados “MODERNOS” não nos credenciou como deveríamos, para avanços interiores que nos pudessem deixar menos “armados” no exercício das nossas relações sociais. Por conta disto, vale mais o papel assinado, do que a palavra do cidadão. Vale menos o que somos do que o que temos. Vale mais o que demonstramos fazer do que o que efetivamente fazemos: não basta ser honesto, temos que também parecer. Talvez este seja o preço que pagamos pela modernidade. Certamente que ninguém impediria a evolução tecnológica e científica, pois evoluir, mudar, está na nossa natureza. O reverso desta medalha está na construção de uma ética pessoal face aos novos valores em voga. Quero dizer, na falta desta ética. Pelo menos conservando valores sem os quais a essência humana não pode sobreviver consistentemente: respeito às individualidades, relações afetivas responsáveis (casamento), pais e filhos na hierarquia tradicional, educação pública e privada focada nos limites, coerência entre as falas e os fatos, etc.

Não podemos, evidentemente, creditar a modernidade todas as nossas mazelas. Esta questão é holística e não pode ser minorada de forma isolada. Provavelmente o domínio das drogas pelo mundo, seja uma resposta, uma reação da sociedade diante do modelo frágil que a sociedade de consumo se constrói, especialmente nas questões interpessoais. O nosso “lado de fora” está muito bem servido com as benesses da modernidade, pois não somos ingênuos para defendermos a nossa vida sem TV, INTERNET, CELULAR, ETC., embora sabendo que no mesmo nível estão os arsenais de armas nucleares. Mesmo sabendo, acima de tudo, que não podemos desfrutar de uma simples caminhada em nosso bairro, pois corremos o risco de sermos mortos pela violência urbana.    

Nesse meio de contradições, não podemos deixar de ser feliz. Daí a nossa necessidade de sermos resilientes e perspicazes. Temos que, diariamente, “fazer do limão de uma limonada”; por em prática que para “palavras loucas, ouvidos mocos”. Falar menos, ouvir e ver mais, talvez seja um bom exercício para uma convivência amena, mesmo que nalgumas vezes nos violentemos um pouco.  

Apesar de toda insegurança que a vida moderna nos proporciona, principalmente países como o nosso em que a Justiça é lenta, as leis são anacrônicas e os ricos ainda mandam, A FAMÍLIA é a grande fonte de controle social. Poderia dividir essa responsabilidade com a IGREJA, mas esta de há muito está minada pelo poder econômico que alimenta o mercado da fé. “Meno male”, podemos dizer. Isto pode ser confirmado de forma simples: a grande maioria dos jovens que se drogam, compõe quadrilhas, seqüestram, é composta por pessoas advindas de famílias desestruturadas. O contrário é igualmente verdadeiro: boa parte dos jovens “geração saúde” vêm de famílias unidas, onde os limites sempre foram dados na hora certa. Não estamos colocando neste raciocínio a questão financeira das famílias, pois há jovens desajustados, “marginais” nas famílias alcançadas pelos dois segmentos financeiros.  

Parece mesmo que o perigo mora do lado de fora da nossa casa. Será por isto que procuramos equipar nossa residência de todo conforto, como que, inconscientemente, justificarmos nossa insegurança nas ruas? Tudo indica que sim. Mas enquanto persistir a situação, a gente tem que seguir administrando nossa vida sem tergiversar nossos valores. Não podemos ser derrotistas, nem perder o senso de humor. Se não o humor do baiano que tem pecha de preguiçoso, mas o humor enquanto sentimento de esperança.

Pra descontrair:

 “Um paulista, trabalhando pesado, suado, terno e gravata, no maior estresse, vê um baianinho deitado numa rede, na maior folga. O paulista não resiste e diz: - Você sabia que a preguiça é um dos sete pecados capitais? E o baiano, sem se mexer, responde: “ôxente, a inveja também”!

Moral da história: Perspicácia e Resiliência são uma questão de PRESENÇA DE ESPÍRITO.