Concurso público,sonho de consumo

Responda C ou E:

1) Os direitos individuais não podem ser regulados por medida provisória(ESAF/AGU/2002).

2)Os protocolos SMTP, POP e IMAP são exemplos de protocolos utilizados por servidores de correio eletrônico.

3)Imposto, taxa, preço público e contribuição de interesse de categorias profissionais são espécies tributárias.(ATN Fortaleza/2003 – ESAF)

Se você é um concurseiro de plantão deve estar acostumado com essas perguntas, talvez até saiba respondê-las tranquilamente.Na verdade você não é o único. Cada vez mais surgem concurseiros no país na luta pelo almejado cargo público.

Algum tempo atrás acreditava-se numa progressiva extinção do emprego público porque havia a lógica de que os governos não teriam mais como manter o excesso de funcionários em seus quadros com salários acima da média, isso sem contar os beneficios. "(...) os empregos públicos estão ficando a cada ano mais raros e, com toda certeza, vão, nos próximos anos, diminuir muito, jamais crescer." (O novo mercado de trabalho, editora SENAC,2000).

Não levou muito tempo para tal hipótese ser desmentida.Estima-se que há 12 milhões de inscritos por ano em concursos no Brasil, o lucro líquido de editoras, cursos, inscritos está em torno de R$9 milhões por mês.

"Os cursos preparatórios, editoras especializadas, bancas examinadoras e despesas dos candidatos movimentam, em média, R$ 500 milhões/ano na economia brasileira.O eixo Rio/Brasília/SãoPaulo é o que concentra o maior número de cursos dos cerca de 500 homologados em todo o Brasil"(site Diário de Pernambuco-Economia).

Está ocorrendo um verdadeiro "boom" na área dos concursos e a tendência é crescer na proporção (ou superar) dos vestibulares.

Concurseiros têm-se tornado figuras corriqueiras bem como cursos preparatórios, apostilas e "heróis" que superaram limites, chegaram lá e até mesmo aproveitaram para dar algumas dicas (às vezes lucrativas)aos entusiasmados candidatos.

Mas por que essa mudança? Por que está cada vez mais difícil encontrar pessoas que almejam vocações aliadas aos seus talentos? Por que de repente parece que já não vale mais a pena gastar tempo e dinheiro investindo em uma faculdade, a menos que o foco seja o concurso público?

Em um dos mais conhecidos jornais especializados no assunto costuma-se perguntar a candidatos qual o interesse pelo concurso que concorre. A maioria das respostas é:estabilidade e salário.

Sim, porque apesar da eufórica exaltação ao crescimento econômico do país, o desemprego continua a assombrar a sociedade e é muito raro em empresas privadas alguém com apenas o ensino médio receber um salário de R$ 2 a 4 mil reais . Logo, vale mais a pena dedicar-se a um emprego público, ainda que não seja o seu sonho( pode ser que hoje as crianças queiram ser agentes fiscais da receita ou técnicos judiciários.)

Nota-se que pode ocorrer também uma reformulação de ideiais e o emprego público vir a ser "a" vocação: você nasceu para exercer os atributos específicos do cargo. Talvez isso seja mais interessante que apenas estabilidade e salário, porque todo mundo com um pouco de bagagem e surra da vida sabe que chegará um tempo em que a insatisfação nos fará companhia.

O fascínio perde seu poder com o tempo se não for cultivado. O ambiente outrora mágico, torna-se opressor, as rotinas que eram maravilhosas passam a ser um martírio e chega um ponto em que a vontade é querer largar tudo.

O pior são os questionamentos existenciais: o que estou fazendo aqui? Eu queria tanto fazer outra coisa.

Não se trata daqueles que possuem uma profissão e trabalham em órgãos públicos em sua respectiva área, a tendência é que estejam bem satisfeitos ao unir o útil ao agradável. O problema são aquelas pessoas que optaram pela carreira pública somente pela estabilidade e grana em detrimento de seus sonhos.

É a historia do menino que queria ser piloto de avião, mas foi obrigado a ser advogado porque tinha mais status; depois de alguns anos, afetado pelo estresse e insatisfação, pulou a janela do escritório no vigésimo para sentir o prazer de voar.

Concurso público têm sido uma ótima oportunidade para muitos, tanto para os concurseiros, como para os empresários de cursinhos e material (talvez você possa ser um deles), porém enxergá-lo como um sonho de consumo pode ser frustrante.

Ao olhar um edital, não foque apenas o número de vagas e o salário, conheça os atributos do cargo, pergunte-se: isso é o que eu quero para o resto da minha vida? Será que vou me sentir realizado com isso?

Acredite, é melhor questionar-se agora do que depois. Nas sábias palavras de Mark Twain:"Nunca se afaste de seus sonhos. Porque se eles forem, você continuara vivendo, mas terá deixado de existir."

Aos que tentaram responder as perguntas no início, eis o gabarito: 1-E,2-C,3-E.

Renan Moraes
Enviado por Renan Moraes em 07/08/2010
Código do texto: T2424701
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