'Só um tapinha... não dói'

Já polêmico, o decreto presidencial que proíbe pais, educadores e cuidadores de aplicarem castigo corporal em menores de 18 anos, criou

um divisor de águas na sociedade brasileira.

No que tange à educação familiar, o governo não deveria interferir em como os pais devam educar seus filhos, seja na base das agora malfadadas palmadas ou não.

Senão, vejamos. Que levante a mão, a voz e traga-nos à lembrança, quem, hoje na avançada idade, não tomou uns 'catiripapos' do pai ou da mãe e nem por isso tornou-se um rebelde sem causa justa ou enveredou para a marginalidade latente e tão fluente nos dias de hoje.

Quem, a bem da verdade, não levou umas boas lambadas de cinto, ou de fio de ferro de engomar, ou mesmo umas sapatadas - ai, como doía. E nem por isso deixou crescer em seu íntimo qualquer tipo de ódio permanente aos castigos recebidos.

Que atire a primeira pedra, quem, em idade escolar não tenha recebido alguns puxões de orelhas ou reguadas no 'côco', ou mesmo - pior de todos - tenha se ajoelhado nos grãos de milho, como disciplina pela desatenção na sala de aula ou indisciplina mais forte.

Pelo contrário. Nós, detentores que hoje somos da 'melhor idade', ou da idade da razão, que já rompemos os nossos cordões umbilicais e caminhamos a passos largos em nossas vidas, temos como experiência as palmadas corretoras de nossas peraltices.

É verdade, e sei disso que, muitos de nós, sempre procuramos nos espelhar na educação que recebemos de nossos pais e professores e buscamos orientar nossos filhos com uma didática diferenciada daquelas a nós aplicadas em nossos tempos de crianças - levadas ou não. Isto porque, quando nos atrevíamos em uma peraltice maior, bastava-nos um simples olhar mais severo de nossos pais, para já entendermos que, o que estávamos fazendo não era agradável. Por muitas vezes, esses olhares bastante significativos já eram um sinal de alerta e perigo para as nossas já não tão imaculadas 'bundas'.

Trago comigo, de meus tempos de criança, as lembranças das poucas mas, boas 'sóvas' que recebi de meus pais, tudo por conta de minhas

peraltices e desobediências aos mais velhos. Corrigi-me e trouxe estas lembranças como um legado de correção e norteador de minha vida futura e, agora, já pai de filhos, também apliquei algumas palmadas em meus filhos que, agora crescidos e já encaminhados, sempre me agradecem, como sempre agradeci a meus pais, pelas palmadas corretivas recebidas.

É certo que os tempos mudaram de lá para cá. Os diálagos entre pais e filhos eram um costume incomum em algumas famílias e alguns carranquismos por parte do senhor do lar, eram como palavras nas entre linhas de um código de conduta familiar. Contudo, isso não era uma situação geral, posto que a educação de décadas passadas era cercada dos velhos tabús e alguns preconceitos, hoje já derrubados.

Não tínhamos o computador e a internet. Não íamos às baladas, mais

frequentemente aos 'bailinhos'. Não tínhamos as festa 'raves'. No máximo, um 'pic-nic' bem comportado. Não chamávamos nossos pais de 'diga aí, corôa'. Fumar? Era morte certa e com direito a engolir o cigarro. Bebidas alcoólicas, só no Natal ou no Revellion. O carro do papai? Nem pensar! - Faça como eu. Trabalhe, ganhe dinheiro e compre o seu e seja responsável por ele - era o conselho.

Tínhamos horários para tudo e ai daquele que não cumprisse as ordens. Daí, voce me poderá me perguntar. Era uma vida de caserna?

Eu lhe respondo. Era quase isso mas, é dos quarteis e da valorização do seu eu que nascem os homens.

Uma pesquisa realizada por um canal de televisão, apontou 54% de pessoas que desaprovam tal decreto e, 44% aceitam.

Nas estatísticas criminais, a faixa etária dos jovens que morrem pelo envolvimento no tráfico está entre os 13 aos 17 anos, e num preocupante percentual. O que nos leva à perguntar: de quem é a culpa? E, a voz escondida no subconsciente do moralista de plantão é enfática: 'dos pais'.

O ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente é considerada uma lei cheia de controvérsias. Na teoria, protege a criança e educa melhor o infrator. Contudo e, na prática, os menores infratores acabam sem nenhum tipo de punição ou educação. Os menores são responsabilizados pelas formações de quadrilhas para que os maiores não sejam condenados. E o que dizer do menor abandonado, sem lar, sem família, sem amparo e sem socialização.

Portanto, seria melhor que o governo deixasse que os próprios pais exercessem a sua educação para com seus filhos pois, cada um sabe a cruz que carrega.

De alguém que pensou e muito acertadamente:

'Enquanto nos preocupamos em que mundo deixaremos para as nossas crianças, não seria melhor pensar que crianças estaremos deixando para o mundo futuramente'.

'Filhos, são como os peidos. Cada um aguenta o seu'.