MAX WEBER E Outros Do Mesmo Estofo

Quais aspectos da realidade social são relevantes para estudo? Ao ser efetuada essa seleção de questões necessárias à exposição do interesse de pesquisa do sociólogo e economista político alemão, ela reproduzirá, de maneira inevitável, os valores do mesmo. Weber não reduz o conhecimento sociológico aos seus juízos de valores. Fosse deste modo, a objetividade científica não poderia afirmar-se nas Ciências Sociais.

As Sociologias são objetivas de acordo com cada critério de valor aplicado na competência de seu objeto. A sociedade weberiana não é um todo integrado (isto é o óbvio ululante, como diria o dramaturgo Nelson Rodrigues). É suficiente olhar as manchetes dos jornais e revistas: qualquer indivíduo comum vai logo compreender que a sociedade é um tablado de asfalto onde as representações, pessoais e coletivas, se desdobram e distinguem em grupos de conflitos dos mais diversos interesses de dominação.

A Sociologia weberiana busca atinar com as intenções e o sentido da ação social, seus desdobramentos, e a conseqüente trajetória de seus artifícios, nexos de causa e efeito. Para Weber, Sociologia e História não são disciplinas sentenciosas, doutrinas, dogmas, verdades sociais indiscutíveis, são ciências da ação. Diferem da Jurisprudência, da Ética e da Lógica, estas, determinam os enunciados de seus objetos, de modo exato, preciso, rigoroso, inquestionável.

Sociologia e História se fazem inteligíveis a partir da compreensão da ação humana. A percepção dessa ação não é exclusividade do conhecimento científico. Não é preciso ser muito intuitivo para compreender que grande parcela da humanidade passa a maior parte do tempo bisbilhotando as ações e reações de outras pessoas, mesmo que esse processo natural, "orgânico" de observação, seja, maior parte das vezes, inconsciente (e inconseqüente).

Cozinha, quarto, sala, terraço, calçada, carro, ruas, avenidas, bares, shopping, cinema, praças, praça de alimentação, lojas com oferta de mercadorias, livrarias, exercício diário da profissão, rotinas de estudo: as pessoas observam-se nesses ambientes, interiores e externos, o desenvolvimento de suas ações: Weber traduz essa prática de observância designando-a compreensão atual.

Compreensão sim. Atual? É questionável. Para ser atual, precisa-se definir o conceito de atualidade enquanto uma das três principais dimensões do conhecimento. Maior parte das pessoas está longe, muito longe, de saber usar certas ferramentas que poderiam inclui-las enquanto sujeitos da compreensão da atualidade. Elas vivem suas rotinas de maneira mecânica, como se fossem fantoches movidos pela força exterior da propaganda tvvisiva, das motivações demagógicas, das aparências.

Elas vivem e sobrevivem numa espécie de simulação da realidade. Na realidade não há realidade para elas. Realidade. Que é a realidade? Segundo o Aurélio, é aquilo que existe efetivamente. Essas pessoas dopadas por mega-overdoses de propaganda existem, no sentido de controlar e saber dirigir a vontade, a intenção, a ação? A resposta é não. Um simples e redundante não. Elas são movidas por interesses que não os dela. Aparentemente delas. Interesses que terceiros induzem-nas (às pessoas) a acreditarem que são delas. Pessoais.

Várias camadas de aparências vão se sobrepondo umas às outras, até que essas multidões de pessoas que fazem a realidade da mão invisível do mercado funcionar, não têm mais possibilidade de agir conforme vontade própria. A vontade delas se confunde com as motivações que as fazem sair às ruas, comprar o carro do ano, as vestimentas da moda, os livros do Paulo Coelho, renovar a dispensa com as compras do supermercado.

Denominar de compreensão atual esse fluxo inconsciente da ação, pessoal e coletiva, é, na melhor das hipóteses, um exagero, uma definição idealizada desse mesmo tráfego, dessa superabundância de ações coletivas que se perdem na simulação da vontade das pessoas. Vontade que, na realidade, não é delas: elas empatizam os sentimentos, os padrões emotivos, comercializados a partir das dramatizações das personagens de novelas ("merchandising"), de agentes dramáticos terceiros, que, por sua vez, são ficcionais, simulam ter vontade própria.

Uma compreensão atual do sentido dessa ação será suficiente para mudar a sociedade?, de maneira a fazer compreensível os mecanismos que agem por trás de interesses, por vezes obscuros, dos bastidores políticos que manipulam a ação e a reação de milhões, diante dos objetivos econômicos de consumo, que fazem a maioria das pessoas permanecer num estado subliminar de empatia com a cobiça e a avidez pelo lucro de poucos, que determina a vontade coletiva do consumo pelo consumo.

Weber nomeia por compreensão explicativa a que não se retém no sentido irreal, simulado, aparente, da ação. No capítulo do livro A Sociologia como Ciência: A Construção do Objeto, há um exemplo por demais infantil, superficial, de compreensão atual e de compreensão explicativa. A seguir o exemplo de compreensão atual:

"Imagine que você chega a casa de seus pais no fim do dia, vai até a cozinha e encontra sua mãe lidando com panelas no fogão como costuma fazer todas as tardes. Você nem precisa indagar, ela está preparando o jantar. Se no momento em que você entra na cozinha ela se distrai, encosta a mão numa panela quente e solta um grito, não é preciso que diga da dor que está a sentir. Você sabe que ela gritou de aflição."

Ao exemplificar compreensão explicativa, Weber faz supor que, ao chegar em casa dos pais, você encontra a mãe arrumando as malas. Nesse caso, seria preciso perguntar a ela, para saber que uma tia encontra-se em estado terminal, numa outra cidade: ela vai viajar às pressas.

Na compreensão atual ou na explicativa, dá-se uma ação por percebida quando seu sentido parece evidente (contra evidência inexiste argumento). Compreender, quer dizer captar a evidência do sentido da ação, sem precisar de qualquer investigação científica. Este modelo de certeza manifesta é semelhante àquele que se faz compreensível pelo enunciado matemático: 2 + 2 = 4. A explicação de Weber é modesta e concerne à obviedade da aparência. Nem de longe atinge o cerne da questão em pauta, que diz respeito, segundo ele mesmo, à subjetividade.

O motivo que levou a mãe cozinheira a queimar a mão, pode ter sido um problema com contas a pagar. Ou com os sintomas de uma doença grave da filha. Ela, ontem, viu várias manchas escuras no corpo da moça quando entrou no quarto da adolescente que estava a dormir, e pôde observar que ela poderia estar soro positiva. A atenção dividida entre a fritura e a imagem fixa do rosto preocupado e tristonho da filha, a conduziu ao sobressalto, causa da horrível queimadura na mão destra. Neste evento, afirmar que dois mais dois são cinco, em sentido figurado, é muito mais apropriado que usar a ciência exata da matemática propriamente dita.

A perturbação emocional da mãe, gerou o conflito, a sensação mórbida preponderou em sua mente. A apreensão insistente do pensamento dominante da mulher preocupada com o estado doentio da jovem filha, provocou a ação de descontentamento e de culpa, que gerou a mancha vermelha e as bolhas da queimadura.

Ora, num país em que as pessoas são continuamente assaltadas, dentro e fora de casa, pelas contas telefônicas absurdas, pelos juros bancários estratosféricos, onde as pessoas têm medo de abrir o envelope com as contas de água e de luz, aonde, todos os dias, os escândalos políticos se multiplicam nos jornais, a insegurança ostensiva leva vantagem sobre as forças policiais que deveriam proteger a população, e estão em plena coaptação com os objetivos sociais do crime organizado, não há matemático no mundo que possa provar que dois mais dois, em sentido figurado, não são cinco.

Para Julien Freund o problema da teoria de Weber situa-se em dois diferentes níveis: 1°, estabelecer, via compreensão, o tipo ideal, racional e evidente de atividade social, compatível com a representação racional que facilite a observação científica; 2°, fornecer ao método compreensivo a maior validade objetiva possível.

Como este método pode funcionar a contento, se a racionalidade vier a excluir os fatores subjetivos subjacentes aos eventos de natureza particular ou coletiva? Weber considera a inumerável complexidade dos conceitos elaborados pela mente do homem. Cada conceito isolado, seleciona alguns dos aspectos da multiplicidade do real. Cada definição exclui outras. Ao considerar relevante apenas as aparências, para estudo, nos exemplos mencionados, ele busca a consistência lógica que carece da profundidade e da multiplicidade subjetiva, que não é observável nos eventos da realidade suposta, aparente.

Para Weber, o modelo de observação ideal é unilateral em seus vários pontos de vista. Ele inclui a adesão de fenômenos isolados e discretos, até a seleção da menor quantidade possível deles, e a ordenação dos mesmos, de modo a formar um quadro de análise homogêneo.

Weber enfatiza que a seleção não se conclui na escolha do problema. Supostamente o pesquisador sai em campo, a entrevistar mulheres, na busca de um padrão de conduta delas que possa ajudar na compreensão do fenômeno observado em certa ocasião.

O pesquisador vai descobrir que as mulheres entrevistadas não têm somente um motivo condutor (leitmotiv), mas uma série deles, que se mesclam entre si, de tal modo, que elas se surpreendem perplexas quando tateiam a obscuridade subjetiva em busca de uma interpretação plausível.

A metodologia weberiana indica o seguinte procedimento: O pesquisador ao estudar os motivos que levam as mulheres casadas a trabalhar fora de casa, e/ou a ficar, a cuidar dos filhos. Segundo Weber, uma escolha implica num critério de valor. Ao estudar a atitude da mulher, nada impediria que identificasse os motivos que conduzem as mulheres de menos, a as de mais de 25 anos, a pintar as unhas e os lábios, nos fins de semana de maneira mais ostensiva, e a fazerem programas de risco visando ganhar dinheiro para suas despesas pessoais comercializando o corpo num "psych motel".

O pesquisador deve, então, partir dos pontos de vista escolhidos para estabelecer, com exatidão, um ou muitos tipos de motivos que conduzem as mulheres casadas a trabalhar fora de casa e as moças com menos de 25 anos a se prostituírem cada vez em quantidade maior. Um motivo alegórico seria o econômico: a mulher decide trabalhar fora porque o salário do marido é insuficiente. A moça apela para a prostituição porque não pode conciliar, de maneira harmoniosa, as milhares de motivações da propaganda que a fazem viver numa vibração constante por ter, possuir mercadorias e bens de consumo móveis e imóveis, que a conduzem ávida e mecanicamente, à obtenção de dinheiro através da mais antiga das profissões.

Outros motivos semelhantes poderiam ser evidenciados. Weber admite que uma dimensão qualquer da ação humana, sugere a construção de vários modelos, sem que nunca se esgote a complexidade múltipla das motivações variegadas da realidade. Nenhum dos tipos em pauta deve ser considerado mais do que um instrumento limitado e provisório de investigação ou estudo.

Para Weber os tipos sociológicos existem no plano das idéias. Enquanto autor deste estudo, sugiro sua existência também e inclusive, no plano da realidade, a partir da qual um ideal de conduta é sugerido. Sem o modelo da realidade, nenhum plano de conduta poderia ser observado ou sugerido.

No plano do real, é raro que uma mulher decida-se a trabalhar excluindo os motivos meramente econômicos de realização pessoal e familiar. Segundo Freund, "o verdadeiro papel do tipo ideal é ser um fator de inteligibilidade". Para Weber os ideais não se constituem mais que hipóteses de interpretações que podem ou não ser confirmadas ou desmentidas pela pesquisa estatística ou pela atribuição causal.

Weber afirma que o estabelecimento da relação causal, exterior, nada tem a ver com a Sociologia, uma vez que esta se caracteriza pela participação com as conexões significativas no exercício do fazer cotidiano próprio das ações humanas. O critério weberiano indica que o contato entre as pessoas pode não se constituir em ação social. Ele cita dois ciclistas que se chocam acidentalmente. Ambos não previram ou notaram a ação do outro. O encontro é vazio de motivação social, como uma pedra que se desloca de seu nicho, numa serra, e cai sobre outra de modo imprevisto, ocasional.

Coerente com este método de investigação, Weber cria uma tipologia geral da ação social: (1), a ação racional com relação a fins. (2) a ação racional com relação a valores. (3) a ação afetiva e, (4) a ação tradicional.

A finalidade deste trabalho não é discernir com profundidade e abrangência os conceitos sociológicos básicos da teoria de pesquisa de Weber. Este é um trabalho apenas de resumo. Ao fazer jus a este escopo, produzo a síntese da noção de oportunidade em Weber, seus quatro tipos fundamentais da atividade social persistente: (1), a atividade societária. (2), a atividade por compreensão. (3), a atividade institucional e (4), a atividade de agrupamento.

A primeira equivale às associações voluntárias (partidos políticos, sindicatos, clubes recreativos). A segunda inclui as relações ocasionais, tipo uma pessoa que socorre outra que está em apuros, assim como outras relações, desta vez duráveis, que fazem parte da integração de uma comunidade nacional ou racial.

A terceira se constitui nas organizações políticas entre Estado e sociedade, assim como as familiares, nas quais o indivíduo participa independente da vontade: nascimentos, casamentos, aniversários, votar (por conveniência), rituais religiosos, e outras. A quarta atividade são as relações entre docentes e discentes, um guia ou líder espiritual e seus adeptos, as associações entre líderes carismáticos e seus sectários.

Quando Weber escreveu "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" sua intenção foi, presumo, a de fazer uma réplica ao "dogmatismo escolástico do marxismo", que reduz todos os conhecimentos ao "fundamentalismo" econômico. Ateve-se ao Calvinismo enquanto fator cultural que desvenda o impulso vulgarmente forte do espírito capitalista (Cromagnon), no hemisfério ocidental.

O calvinismo posicionou-se em oposição ao moralismo puritano que desconfiava dos efeitos deletérios do dinheiro, quando, ao mesmo tempo, empenhavam-se, seus fiéis, numa vida de trabalho e de poupança que os fazia enriquecer progressivamente. Segundo Guy Rocher havia "a organização racional da vida, do trabalho e de todos os empreendimentos".

Weber afirmou a distinção entre ciências da natureza e as ciências do homem, evidenciando as vantagens que estas últimas exercem sobre as primeiras. As ciências humanas compreendem os fenômenos a partir de seu "interior": O historiador, o sociólogo, o psicólogo, o economista, interpretam os fatos e fenômenos posicionando-os mentalmente no lugar dos sujeitos, de seus sentimentos, ou atribuindo sua representação dos fatos.

O físico não interroga sobre o que sente uma pedra que rola, ou tomba. Se é que ela sente realmente alguma coisa. Já o historiador deve tentar ser o general vencido para conhecer-lhe os sentimentos e acompanhá-lo na queda(?). A interrogação é do autor deste resumo.

A concepção do filósofo e psicólogo Karl Jaspers, tornou Weber o sociólogo da compreensão da realidade histórica e social a partir do interior, mediante o penetrar no cerne da ação humana. Weber não despreza a explicação causal, ele mesmo afirmou que a Sociologia "é uma ciência que busca uma compreensão interpretativa da ação social para, a partir dela, chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos". Compreende-se, desta forma, a aplicação do método racional para analisar a ação social.

As diferentes perspectivas que separam Durkheim e Weber, para o estudioso da Sociologia, são complementares aos invés de excluírem-se. A sociologia, hoje, é tanto compreensão quanto explicação: é tanto subjetiva (o pesquisador compreende o fenômeno de dentro do fato social), quanto objetiva (o pesquisador observa o fenômeno de seu exterior, o fato examinado minuciosamente como se fosse uma coisa.)

O sociólogo estuda a ação social sob o ângulo de seus fundamentos sociais. Desta forma se afirma a continuidade da Psicologia e da Sociologia no estudo da realidade global. Essa realidade solicita a contribuição de perspectivas diversas e ao mesmo tempo interdependentes, complementares.

O filósofo alemão Leo Strauss, amigo de Max Weber cresceu como um judeu ortodoxo. Estudou nas universidades de Marburgo e Hamburgo, com doutorado em Friburgo, onde Husserl era professor e o jovem Heidegger seu assistente. Em seus diálogos (Strauss/Weber), sobre a distinção do juízo de valor, embora muito novo, dominava o discurso moral do meio acadêmico, e necessitava de uma base filosófica mais intensa, no sentido de afirmar-se enquanto uma categoria fundamental da mente.

Strauss reconheceu a seriedade e a nobreza da mente de Weber, ainda que tenha provado ser ele um pensador derivativo, que se posicionava, mais ou menos, entre as conquistas da ciência moderna e Nietzsche: era inábil para solucionar a tensão entre esses dois pólos. Strauss abriu um mundo de reflexão no sentido da palavra "value" e teve o mérito de substitui-la por palavras simples, como bom e mau, indicando o caminho de uma reflexão mais profunda sobre o que é a preocupação mais imediata de todos os homens pensantes de uma geração. O diálogo entre esses pensadores tornou-se uma fonte de necessidade e de fruição intelectual nos meios docente e discente das universidades européias.

Raymond Aron afirmou a estatura equivalente entre Edmund Husserl e Max Weber, o empenho de ambos em analisar a política germânica da época, difundiu a idéia dos enormes riscos da política moderna, e forneceu as indicações de salvação da razão e da liberdade, diante do panorama histórico de naufrágio provocado pelas novas tiranias.

Esses teóricos (Aron, Husserl, Weber) permitiram aos intelectuais observar o mundo sem reducionismos excessivos. Weber contribuiu com a forma de considerar os homens, em ação, como possivelmente autodeterminantes, e irredutíveis aos determinismos utilizados. Argumentou em prol da dignidade e da possibilidade da ciência contra o pano de fundo de um crescente irracionalismo (hoje preponderante), de natureza filosófica.

Os filósofos mais modernos decidiram que os princípios que nortearam a filosofia da moral e da felicidade se cuidassem sozinhos. Já não existia a preocupação com o aperfeiçoamento moral do homem, com a busca da felicidade. O foco se afirmou na vulnerabilidade do homem e no sofrimento deste. A política se tornou uma obsessão pelo ter e pelos cuidados excessivos com a aparência exterior do corpo. A alma foi para longe.

Ainda agora se desconhece aonde encontrá-la. Esse princípio de unificação das características essenciais à vida, das manifestações mais diferenciadas da razão e da sensibilidade, do pensamento superior que se define em relação à vaidade do corpo, as questões sobre a imortalidade da consciência, sumiram todas.

A comunicação, o comando e o controle da sociedade estão em mãos das pessoas e grupos interessadas em disseminar o narcotráfico, a lavagem de dinheiro, o empobrecimento da cultura, a massificação pelo nivelamento por baixo, a globalização (canibalização) das mentalidades, a mediocridade generalizada, o favorecimento dos interesses econômicos e políticos de poucos, o sucateamento da arca que serve de ponte entre os homens e o crescimento da espiritualidade: a mente.

O historicismo, o romantismo e o idealismo (fundamentos do Iluminismo), na moderna filosofia política, são castelos construídos por Quixotes na areia de uma cultura da vulgaridade. As altas expectativas de eficácia do capitalismo Cromagnon, são possíveis apenas a partir das baixas expectativas da cultura literária, e de outras. Não há mais filósofos. A sociedade quer acabar, literalmente, com os escritores. As pessoas não querem mais libertarem-se das sombras da Caverna de Platão (a sociedade civil). O trivial ordinário é o que é importante. As verdadeiras alturas nunca tiveram voz nem vez na sociedade civil (na Caverna de Platão).

A filosofia é a liberdade dos grilhões que nos prendem à Caverna. Nunca foi maior o desafio à filosofia política como agora. Historicismo, relativismo cultural, positivismo, se amasiaram nas velhas idéias sobre o bem, e a forma de conhecê-lo deve estar errada. A filosofia política tradicional era um sonho, não possuía "insight" histórico, e muito menos a percepção da arbitrariedade dos juízos de valor. Weberianos. É isso aí.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 08/07/2010
Reeditado em 05/03/2012
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