Esperança - Sociedade mais justa
CNJ - História de superação e sucesso na Bahia
Publicado em 1 de Julho de 2010 às 11h38
O coordenador de Projetos da Organização não Governamental Incubadoras de Empreendimentos (IEE) para Egressos, Ronaldo Monteiro, foi convidado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) para contar sua história como ex-egresso do sistema carcerário. O depoimento aconteceu durante a assinatura de Acordos de Cooperação Técnicas, realizados nesta terça-feira (29/06), no TJBA, entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e outras entidades públicas e privadas referentes ao Programa Começar de Novo.
Ex-sequestrador, ex-detento, ex-aluno que virou professor de informática, Monteiro tomou o caminho oposto daqueles que entram na prisão. Enquanto cumpria pena, frequentou a Escola de Informática e Cidadania do (CDI), foi capacitado e tornou-se educador. Ainda preso criou uma oficina de reciclagem de papel, em benefício dos internos e seus familiares. Além disso, ajudou a criar o projeto Uma Chance, para implantar oficinas permanentes no presídio.
Logo depois de ser solto, foi trabalhar com o empresário que ele mesmo sequestrou. “Ele me deu a chance de recomeçar, é muito difícil um ato desses no dias de hoje, mas não impossível. Ele me deu todo o apoio moral que eu precisava”, conta. Depois disso, ele fundou o Centro de Integração Social e Cultural (CIsc), localizado em São Gonçalo (região metropolitana do Rio) para levar informática e outros conhecimentos a públicos da periferia.
Com o patrocínio da Petrobras desde janeiro de 2006, ele e outros detentos laçaram o IEE, organização não-governamental que promove a plena integração social de homens e mulheres que passaram pelo sistema prisional do estado do Rio de Janeiro por meio da prática do empreendedorismo. A incubadora tem como objetivo aprimorar a capacidade gerencial de empreendedores dos setores de comércio, serviços e indústria, contribuindo, por meio do fortalecimento de seus próprios negócios, para sua reintegração social.
“São histórias assim que nos faz acreditar que é possível a transformação dos presos. Precisamos dar maiores incentivos a outros projetos como esse e fazer parcerias com os que já existem. “O homem pode mudar quando se tem um governo comprometido com a sociedade, com pessoas comprometidas e que se ajudam”, revela a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), desembargadora Telma Britto. Ela também sugere que cada pessoa ou grupo contribua de alguma forma com os presos e egressos.
O projeto visa, ainda, criar oportunidades para outros egressos, multiplicando o número de beneficiados e revertendo, assim, a realidade de discriminação e conseqüente desemprego por eles enfrentado e em breve poderá estar em todos os estados.
“É importante despertar a pessoa, fazer com que ela enxergue seu potencial”, diz Monteiro. Até hoje, já foram formados aproximadamente 500 empreendedores. Mesmo com o negócio já na ativa, o empreendedor recebe orientação regularmente e é convidado para cursos e palestras da ONG sobre temas administrativos e jurídicos, revela monteiro.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça