A questão da pedofilia
A QUESTÃO DA PEDOFILIA
O caso é que, em nosso tempo, o surgimento de casos de pedofilia abriu um debate recente sobre fatos velhos. Nada é novo no que se refere a essa problemática. Digo isto porque pedofilia é um desvio sexual (pedos, criança + filéo, gostar) que sempre existiu. Alexandre Magno, da Macedônia († 323 a.C.) festejado como um grande guerreiro e o maior conquistador de toda a história era homossexual e pedófilo: ele gostava de garotos, os efebos. Essas distorções, que já foram chamadas no passado de tara, desde a Grécia antiga eram conhecidas como pedofilia, pederastia e efebofilia.
Esse debate é fomentado pela grande mídia mundial, que setoriza suas denúncias, visando mais faturar e obter picos de audiência do que efetivamente moralizar. O fato é que a nossa sociedade moderna, por erotizada e permissiva, abriga em seu seio uma ponderável gama de comportamentos fora dos padrões éticos desejáveis. Há que se somar às denúncias e algum componente ideológico, com motivações que apontam apenas para alguns segmentos, ignorando outros. Embora existam esses deslizes em vários segmentos da sociedade, parece que a mídia só os enxerga na Igreja Católica.
Hoje, perto dos meus setenta anos, vi assédio sexual a adolescentes e jovens, praticamente em todos os segmentos da sociedade e – sobretudo – no seio das famílias. É ali onde o problema é maior.
Alguns grupos ficaram chocados com afirmações do tipo que o pedófilo, em sua maioria é homossexual, pois se trata de homens assediando meninos. É daí que saiu, do grego, a palavra “pederasta” (pedos, criança + erástes, amante). Pederasta e pedófilo nessas circunstâncias tornam-se sinônimos. Como a generalização é perigosa e injusta, que não se diga que todo o homossexual é pedófilo, mas a maioria dos pedófilos (homens abusando de meninos) pode ser aí enquadrada. Não concordo com quem afirma que o celibato de alguns é motivo para a pedofilia. Muitos desses desvios são praticados por pessoas casadas, de moral teoricamente “acima de qualquer suspeita” e que na prática se revela um desastre.
Mesmo assim, entendo que cada segmento deve assumir uma postura crítica, enérgica e disciplinadora sobre seus pares envolvidos nessas mazelas. O erro da sociedade é agir corporativamente, encobrir e fingir que está tudo bem. Acoberta o criminoso e esconde o problema.
Como dever de cidadania e de ética social temos que nos atrever à denúncia, dizer o que pensamos, assumindo com coragem o enfrentamento deste problema, que afeta o que de mais puro e rico a sociedade humana tem, que são as crianças e os adolescentes.
Professor, Escritor e Doutor em Teologia Moral