Pensando sobre a concepção de prevenção das deficiências.
Quando falamos em prevenção das deficiências não nos referimos somente a alguns cuidados que devem ser tomados antes, durante e depois do nascimento, mas apontamos também a importância de tratarmos a questão no plano macro e no plano micro.
O plano macro nos remete a relevância de políticas sociais que articuladas a políticas econômicas promovam a erradicação da pobreza e da miséria, possibilitando o acesso a condições mínimas de vida (uma vez que no Brasil uma grande parte da população não tem o acesso a condições básicas de garantia à vida), remete também à políticas de segurança no trabalho (uma vez que os acidentes de trabalho são responsáveis por ocasionar não só amputação, ou doenças graves que podem trazer alguma deficiência como até mesmo levar á morte), apontamos também a importância de uma política nacional de consciência no trânsito (que seja mais eficiente e abrangente), além de políticas voltadas para a prevenção de preconceitos contra pessoas com deficiência (uma vez que o preconceito, a discriminação e a exclusão podem levar a sérias complicações que acabam por contribuir para a intensificação de deficiências).
A prevenção não pode ser entendida apenas como medidas que envolvem os cuidados dos pais antes, durante e depois do nascimento do bebê, porque mais do que meramente biológicas, as deficiências são produtos da sociedade e como tal estão relacionadas a questões políticas e econômicas.
Porém não devemos descartar alguns cuidados que devem ser tomados antes da gestação como: vacinação contra a rubéola; evitar o uso de drogas, álcool e fumo, procurar um serviço de aconselhamento genético, realizar alguns exames como hemograma, sífilis, tipagem sanguínea, entre outros, ter uma alimentação saudável e balanceada, etc.
No nascimento da criança salientamos a importância do aleitamento materno e a necessidade do parto ser feito em um hospital, com a presença de um obstreta e de um pediatra.
Após o nascimento da criança devem ser tomados os seguintes cuidados: exame do “pezinho”, visita ao pediatra ( no décimo dia de vida da criança e depois mensalmente durante o primeiro ano de vida, nos anos seguintes, a visita deve ser feita pelo menos quatro vezes ao ano), vacinação contra tuberculose (vacina BCG); paralisia infantil (Sabin); difteria, tétano, coqueluche (Tríplice); sarampo, rubéola e caxumba. A prevenção contra acidentes também ajuda a prevenir deficiências, por isso as crianças devem ser mantidas longe de produtos de limpeza, fogo, remédios e objetos cortantes.
Salientamos ainda que a prevenção contra as deficiências jamais deve ser entendida como prevenção contra a pessoa com deficiência (isso aliás implicaria nos preconceitos). As pessoas com deficiência são dignas de respeito porque são seres humanos e como tais dignas do direito de viverem com qualidade de vida tendo satisfeitas tanto suas necessidades básicas quanto especiais.
Sendo assim, apontamos a necessidade de políticas de prevenção contra os preconceitos sociais referentes não só às pessoas com deficiência, mas também os referentes a todo e qualquer segmento discriminado, tais como: os negros, homossexuais, a mulher, entre outros.
Trabalhar na prevenção dos preconceitos, porém implica em um esforço que exige medidas de toda a sociedade e particularmente do Estado. Neste sentido, o Serviço Social tem papel primordial nos processos de prevenção às deficiências e também nos processos de eliminação dos preconceitos.
Cabe aos assistentes sociais, em conjunto com outros profissionais do social, propor, planejar e executar medidas que caminhem na direção não só da prevenção de situações privativas de capacidades como: a miséria e a pobreza, por exemplo, que são produtoras e reprodutoras de deficiências; mas também trabalhar na perspectiva da eliminação de todo e qualquer preconceito. Sendo assim, cabe aos profissionais do serviço social propor ações que promovam a conscientização das pessoas frente à problemática enfrentada pelos segmentos marginalizados buscando assim, uma sociedade justa e igualitária que prime pela cidadania e não pela desigualdade.