O "O QUE HÁ DE MAIS MODERNO" DA SABEDORIA
À minha irmã, fonte inspiradora deste texto.
É deveras impressionante como as pessoas se sentem superiores às outras por poucas diferenças. Seja por um mero diploma que te classifica em graduado, pós-graduado, doutor ou Pós DOC (como resolveram batizar o tal diploma, agora); seja por um emprego que lhe traga posições hierárquicas animal; seja por um acessório de marca que lhe cobra, por baixo, mil reais numa peça; seja por um apartamento no andar mais alto do que o seu vizinho; seja por uma tarde prazerosa no seu iate, saboreando um prosecco italiano; ou seja por uma conta bancária que lhe traga condições de comprar carros de luxo conversíveis, Jipes de 170 mil pilas ou Ferraris que, só não trabalham por você por lhe faltarem ainda a sabedoria humana.
Ah, sim...a sabedoria humana. Era mesmo sobre isso que eu pretendia escrever. Onde fica esta iguaria escondida por trás de tantos rótulos medalhísticos sociais? Será mesmo que estas pessoas possuem um pouco dela? E se acreditam que a possuem, ainda se colocam tão superiores?
No mínimo, para mim, paradoxal.
Não estou aqui generalizando, lógico, até porque possuo amigos muito próximos com toda essa parafernália de rótulos, que me provam a cada dia a sua ilustre sabedoria. Mas questiono sempre, o que há na mente destas outras pessoas que não a fazem, e acreditam que o outro não possui semelhança o suficiente para ser tratado da mesma forma como eles.
Quando falo em tratar estou generalizando, sim, e em todos os sentidos possíveis. Porque em todos os ambientes que frequentamos, no nosso dia-a-dia nos deparamos com pessoas de todas as mais variadas aquisições monetárias (já excluindo, inclusive, o termo Classe Social do meu dicionário, pois, na minha opinião, não temos a supremacia de atribuir classificação a quem quer que seja). E percebemos os entreolhares, as conversas e as atitudes deste mix de seres humanos. Há sempre vários comparando um acessório com o do outro; exibindo o seu carro do ano; exigindo de forma arrogante que alguém lhe preste um serviço imediatamente, sem precisar esperar como os outros (em baladas isso é rotineiro); destratando e humilhando pessoas a que, por motivos diversos, não conseguiram atender às suas expectativas.
Mas então, novamente falando da minha perspectiva, irei defender o sábio. Para este, o ego fala um pouco mais moderado, fica um pouco mais ciente do poder do seu superego em filtrar todos os nossos desejos instintivos de ser superiores a um outro semelhante. E vive da forma mais simplória possível. Com suas mansões, seus iates e prosecco italiano, seus carrões, suas marcas e acreditando que, o futuro se DESPERTENCE e Tendo a convicção de ser tratar todos ao seu redor, da mesma forma. Pelos mais variados motivos, que poderia encher esta página agora, mas só vou citar dois. O mais verdadeiro dos jargões de que já presenciei nesses meus poucos 33 anos: De que o mundo dá voltas como uma roda gigante, hoje você está na cadeirinha de cima observando a paisagem do alto, mas amanhã...pode não estar. E para finalizar, a herança deixada pelos religiosos de que toda a humanidade tem o conhecimento: os bens são apenas matéria, irão embora junto conosco nesta nossa passagem pela terra, e o fim da vida de cada um de nós, será o mesmo (claro... uns com luxo e outros sem) enterrado sobre o mesmo solo e desintegrado pelas mesmas larvas.
E até onde sei a sabedoria de ter tido humildade não vai junto com as larvas.