A Fome, um Grande Flagelo
Neste ano segundo a ONU, um bilhão de pessoas passará fome no mundo. Além disso, milhões de crianças morrem por ano, em razão da fome e da desnutrição. E a miséria não está somente no exterior, aqui no Brasil (do Bolsa Família), o quarto maior produtor de alimentos do mundo, e o grande líder em diversos produtos de exportação, que possui a maior área agricultável do planeta, com terras férteis. No entanto, o país vive uma grande contradição, onde abundância e a pobreza convivem lado a lado. Destarte existem mansões e casebres, os latifúndios e os Sem Terras, o luxo e a miserabilidade.
Nota-se que no ranking mundial da fome, o país ocupa o 9º lugar, com mais de 14 milhões de pessoas consumindo alimentos insuficientes. É paradoxal, pois somos uma das maiorias economia do mundo, e vergonhosamente, os números que nos são apresentados e a mostra clara que a fome, e a sede sempre foram barganha de votos. E como é sabido, não há liberdade na fome, não há paz neste flagelo, não há justiça neste sistema de acumulação de rendas, não há cidadania quando os direitos fundamentais do cidadão não são efetivados.
Algumas ações positivas foram apresentadas no decorrer dos anos, um grande exemplo encontra-se em 1948, quando os governantes de diversas nações proclamaram a Declaração Universal do Homem e do Cidadão, que em seu artigo 25º apregoa que todo o homem tem direito a um padrão de vida digno, para si e para sua família. Foi na ocasião um grande passo e um marco importante para a história dos direitos sociais.
Porém, como é lícito afirmar, somente leis, sem vontade política dos governantes, sem a pressão popular, não chega a serem efetivadas, ficando adormecido nos anais da história.
O Brasil convive com a grande acumulação do capital nas mãos de uma pequena minoria, enquanto isso cresce a desigualdade social, e com ela a violência da exclusão. Por sua vez, a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 1º; aponta-nos a cidadania, a dignidade da pessoa humana.
No entanto, já se passaram mais de duas décadas da promulgação de nossa Carta Política; porém, os brasileiros ainda convivem com a violência da fome, e o mau atendimento na saúde pública, sem moradias e sem emprego. Além disso, os objetivos da Magna Carta, nos incisos do artigo 3º, nos apresentam: a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais. Mas a Constituição cidadã, sem a participação de toda a sociedade organizada, não será efetivada.
Nota-se que não é o desejo da elite dominante diminuir o lucro, pois, historicamente, esta burguesia vive adormecida nos berços esplêndidos do alto lucro.
O governo não pode fazer do Bolsa-Família apenas um programa de assistencialismo eleitoral, mas utilizá-lo como objetivo maior da inclusão cidadã, em que a população possa em curto espaço de tempo deixar esta dependência e construir sua cidadania plena. O País precisa de um grande investimento na Educação, com a valorização de seus professores, de políticas de distribuição justa de renda, fomentar o desenvolvimento industrial com a geração de empregos, realizar a reforma agrária nos grandes latifúndios improdutivos, e incentivar os produtores que trabalham com afinco em suas propriedades, gerando riqueza desta pátria. E com sapiência, o grande pesquisador pernambucano, e autoridade sobre o tema fome, Josué de Castro nos apresenta que: “Fome e guerra não obedecem a qualquer lei natural, são criações humanas.”
Valdenir Gonçalves