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GAY ANÃO, NEGRO E TRAVESTI: ATOR DE FILME PORNÔ!
Um travesti sofre preconceito?
Um travesti negro sofre preconceito?
Agora somem: travesti, negro e anão. Mais parece um uma história surrealista de humor negro, se compreendermos que apenas o fato de ser travesti já é suficiente para provocar todo tipo de discriminação e sofrimento. Ninguém ignora que no Brasil fica difícil, nestes casos, saber qual o lugar que não discrimina, nem humilha e até não mata travestis e homossexuais de modo geral. O que nos entristece, é o fato de que o PRECONCEITO rompe com toda a recomendação cristã acerca do amor ao próximo e do “não julgueis para não serdes julgados”. Afinal, o terceiro milênio que dele já desfrutamos (?) se arvora a ser a era do conhecimento. Diante disto, perguntamos: como é que uma civilização tão preconceituosa se atreve a ser incluída em tão alta significação? Poderemos raciocinar: Por que incomoda tanto não ser igual nas questões da sexualidade? Por que nestas questões específicas os homens (machos) sempre são os que mais “enfiam a faca na melancia”? Seria mais prático compreender que quanto mais travestis houvesse, melhor para os apreciadores do sexo oposto, mas não tem sido assim que acontece. Também não são todos os "machos" que assim agem, pois muitos já se garantem faz tempo. As conclusões podem ser de cada um e cada qual que exercite suas projeções de homem, cidadão ou macho. Quem se achar incapaz, não custa nada investir em si mesmo e pagar um bom psicanalista. No nosso modesto entendimento homem é homem, macho é cachorro, gato, etc. Mulher é mulher, fêmea é cachorra, gata, etc.
O texto que segue foi recebido via e-mail de um amigo. Pela singularidade plural, estou compartilhando com todos, independente de julgamentos de valor. O citado texto merece atenção, pois trata de um processo de superação de um ANÃO GAY que resolve ganhar a vida honestamente como transformista. Ele Foi muito homem para superar sua Santíssima Trindade: TRAVESTI, NEGRO E ANÃO. Onde? Na terra de cabra macho, de Lampião e Maria Bonita, cuja bandeira ostenta um arco-íris como que abrigando todos os diferentes, num estado plural, libertário.
“A Trava Anão 2”
Um título pornô caiu em minhas mãos: “A Trava Anão 2”. Com seios de silicone, mão na cintura, bastante maquiada e já exibindo o órgão masculino, que certamente surpreende por seus 1,40m, Ruby Navarro, de 24 anos, era capa da película distribuída pela Ícaro Studios. E esse já era o seu terceiro filme.
Dois anos atrás, ninguém diria que ela seria travesti, muito menos que trabalharia no mercado do sexo. Era um anão tímido, bem quieto, que tentava se manter como cabeleireiro e se arriscava nos shows de drag queen em Pernambuco. Seu sonho mais íntimo era ser famoso. O tamanho ínfimo, contudo, impossibilitava-o de encontrar grandes oportunidades nos palcos e salões de beleza.
Até que inesperadamente recebeu a primeira proposta para estrelar um pornô. “Morri de rir”, declarou ela, que na época não tinha silicone, nem era travesti. Depois, pensou na guinada que sua vida poderia dar e resolveu arriscar. Foi como um estouro e uma grande mudança. Após o primeiro filme - como transformista - e da grande repercussão, outro convite surgiu – desta vez para protagonizar como homem. No terceiro, A Trava Anão 2, Ruby já decidiu entrar de vez para o mundo pornô e ser definitivamente trans.
Ela confessa que a vontade de ser transgênero nunca foi algo latente em sua vida. Tanto que concluiu os estudos como menino e não conseguia se imaginar com aparência feminina no espelho. Talvez fruto do preconceito pelo próprio tamanho. Porém Ruby sabia que algo faltava para ser feliz. “Antes, nunca quis ser travesti porque imaginava que seria ridícula, que teria vergonha. Mas sempre admirei a feminilidade das minhas amigas trans, como a Natasha Dumond, Hilda Brasil. Como homem, sabia que faltava algo”, enfatiza.
Setes meses depois de ter colocado próteses de silicone nos seios – e sofrer muito preconceito no Brasil, inclusive com agressões e comunidades maldosas no Orkut – a atriz pornô aterrissou na Espanha. E, por motivos óbvios, acabou sendo deportada por duas vezes. “Na terceira consegui e, juro, nunca sofri preconceito dos espanhóis.“A Espanha é um país respeitoso, ao contrário do Brasil”, diz ela, demonstrando certas marcas por nossas terras.
Sim, é o tal preconceito. Se uma travesti, uma negra ou uma anã sofrem preconceito isoladamente, image englobar essas três características em uma pessoa só? Ruby, porém, sabe como ninguém driblá-lo. “Se vejo alguém tirando sarro de mim, dou risada junto com todos os preconceituosos e ainda falo a frase: Antes de me criticar, tente me superar”.
Sobre ser anã, ela diz que o fato de ter 1,40m não é mais um problema. “Nada é difícil e complicado. Sempre faço tudo do meu jeito”. Sobre a profissão do sexo, a travesti afirma que “só é puta quem quer”. Sobre o futuro, pensa em abrir uma loja. Já sobre o passado e tudo o que viveu nesses dois anos... “Agora você me pegou de surpresa. Talvez eu não enfrentasse tudo outra vez não. São muitas barreiras, preconceitos, inimizades, inveja desde a minha transformação”.
E é caminhando como uma pequena jóia rara, respeitando a família, sendo educada, aprendendo várias línguas e procurando outras oportunidades, que Ruby Navarro vive, dribla e respira como trans na Espanha. Por lá, pelo menos ela realizou o sonho de ser famosa.
Escrito por Neto às 12:57:45
Como se pode perceber, tamanho é documento. A originalidade do documento, neste caso, é o que faz a diferença. A sociedade de consumo consome emoções a granel. Se essa emoção vier fora dos padrões de normalidade consentida, parece despertar maior interesse.
Um traveco é um traveco em qualquer lugar do mundo. Mas se ele/ela for "ANÃO" negra, tiver os "documentos" grandes como parece ser, morar longe, com história de superação, então é sucesso na certa. Às avessas? Pode ser. Mas no mundo de feras, como diz Augusto dos Anjos, sente-se a "vontade inevitável de também ser fera"... Porque senão a vida perde para a morte e sobreviver é preciso. Isto mostra que pode haver sentido na frase "os homens nascem para o que são". Só que uns sabem disto logo no nascimento - "estava escrito nas estrelas". Outros, só vão saber depois: não estava escrito nas estrelas, mas no "fiofó"...
CARLOS SENA - Recife-PE.