CAMINHAR É PRECISO
Caminhar é preciso
A sociedade caminha em busca de paz. Os números da violência assustam. Os muros são erguidos, e as belezas das casas se perdem entre estes. E sobre os muros cercas elétricas, acima destas câmeras de seguranças. O homem da atualidade vive assustado e enjaulado. Alguns meios de comunicação vivem do sangue que jorra pelas suas páginas. Segundo a UNESCO nos últimos 20 anos, o número de brasileiros que perderam a vida aumentou 237%%. Mais de 50 mil pessoas perdem a vida por ano em nosso país por armas. Aqui se mata mais que as guerras em andamento no planeta. A grande vítima tem sido o nosso jovem e adolescente.
Não basta só caminhar pela paz, é preciso participar ativamente na cobrança de uma maior distribuição de renda. E que todos tenham acesso aos preceitos constitucionais básicos. Pois enquanto tivermos a brutal desigualdade social, a sociedade não conhecerá a paz.
Por sua vez, a elite clama por construção de prisões, mas antes da construção destas é preciso edificar cidadania para o povo, pois como é sabido, o pobre já é prisioneiro da exclusão social. Faz-se necessário, acordar da ficção. Há muitos shows pirotécnicos para maquiar a realidade que está descendo dos morros. Além da violência por armas temos também, a violência no trânsito que é avassaladora. O trânsito é um grande flagelo. As cidades não estão preparadas para receber tantos automóveis. Além disso, a vida apressada do cotidiano, o péssimo transporte público, a falta de preparo para dirigir, se soma a falta de consciência de quem está no volante.
Observa-se que nossas estradas são bombas que a todo o momento são detonadas. Assim, quase 40 mil pessoas perdem a vida todo ano no trânsito brasileiro. Segundo o IPEA, 22 bilhões são gastos anualmente pela violência desta tragédia. É preciso replanejar as cidades, onde o ser humano seja a prioridade e não as máquinas. E quebrar as estatísticas supracitadas somente será possível, quando todos acreditarem que os problemas não são apenas dos governos, mesmo por que na democracia quem elegem os dirigentes é o povo. A mudança é possível, e, com certeza, todas as ações da sociedade civil, são positivas para edificar uma realidade com mais justiça. É preciso exigir que a efetivação dos direitos sociais expressos em nossa Constituição saia do papel. Caso contrário, enquanto tivermos crianças em nossos sinaleiros, desempregos, fome, falta de moradia, de saúde e uma alta concentração de renda nas mãos de uma minoria, a elite terá que se fechar em seus muros e se isolar. Parabéns a todos que, apesar do tempo, ainda encontram espaço para se indignar. Que conseguem acolher aqueles que precisam. Como nos apontou Mahatma Gandhi: “de modo suave, você pode sacudir o mundo”.
Valdenir Gonçalves