ESPAÇO NOVO SER
A IDEIA É SUPERAÇÃO
No dia 23 de maio de 2010 voltei a visitar meus amigos do ESPAÇO NOVO SER (http://www.novoser.org.br), que incentiva, dentre outras atividades correlatas, o projeto Praia para Todos. Eles “se inauguraram” na praia de Ramos, na zona Norte do Rio de Janeiro, que não é bem uma praia, e, sim, um piscinão de água do mar tratada e filtrada constantemente por máquinas. A praia propriamente dita está a metros de distância, imprópria para banho há anos e isto se deve à poluição constante da baía de Guanabara.
A maior parte população do bairro e adjacências tem baixa renda, apesar de que neste “piscinão” muitos eventos artísticos ocorrem - grandiosos até... A coisa da poluição ficou tão absurda que os governos preferem gastar uma nota preta para manter o lazer das pessoas do que realmente fazer o que é necessário: descontaminar a baía de Guanabara – o que não vejo como, do jeito que anda nossa civilização. Será trabalho para muitas gerações e, talvez, até lá nem exista mais mar... Acho até que nem exista mais população nenhuma...
Se eu tive um momento de emoção com o Projeto Praia para Todos, que incentiva o deficiente físico a participar da natureza e se integrar socialmente, isto aconteceu neste dia. Aqui é a abertura da rampa que leva as pessoas deficientes à areia, numa inauguração simples, muito simples, porém, a meu ver, aquelas pessoas estavam extremamente emocionadas também.
Aqui é a abertura da rampa com a chegada do pessoal. Nem todos ao redor do evento se davam conta do evento que acontecia.
]
TODOS SÃO BEM-VINDOS
O Espaço Novo Ser encerrará sua presença no piscinão no próximo domingo, dia 30 de maio de 2010, quando haverá uma apresentação muito bacana deste grupo. Todos da sociedade devem ir, inclusive as pessoas com qualquer deficiência que se interessar em participar e usufruir do que lhes é oferecido.
MARCIA GARCÊS
Marcia foi fotografada por mim no dia 16 de maio de 2010, em Ipanema, e ela nem sabia, quando foi divulgada para "outras tribos" através de meu site e em outras páginas paralelas. Sem imaginar, a cena dela indo para o mar e a sua imagem na cadeira flutuante tocou muita gente.
Quando a vi no dia 23 no piscinão de Ramos resolvi me aproximar e conversar. Acabei conseguindo uma nova amiga e conhecendo uma história de vida que deixaria muita gente com vergonha de sentir depressão por qualquer coisa.
Ela tem esclerodermia e atualmente sente uma dificuldade nova no lado direito do corpo, mas foi outra coisa que me tocou muito: ela disse que jamais em sua vida reclamou com Deus pelo que passa.
Marcia lançará um livro em breve, contando sua história, e eu descobri uma vontade que ela ainda não conseguiu nem de perto realizar: ser modelo. Ela gostaria de um book e de ser modelo fotográfico. Ela tem beleza física para isso, além de ser extremamente carismática.
Vou divulgar seu livro, entretanto eu não tenho máquina para fotografar uma modelo, muito menos de lançá-la na midia, mas tenho amigos... Um desses é Luiz Gonçalves Martins, que apareceu por lá e nos fotografou num papo muito profundo, apesar de estarmos em meio a uma verdadeira festa. Ele editou um vídeo com fotos de sua autoria em homenagem a ela, que vale a pena assistir:
http://www.youtube.com/watch?v=NGYkyFMW-ZM
Seu eu fosse alguém influente, ela já estaria num estúdio sendo fotografada e lançada por aí. Fica a proposta pra quem ler e se interessar.
IDEIAS E IDEAIS
Aqui vemos o cantor Dicró, super engraçado e simpático. Ele nos fez rir com suas músicas. Também na foto, Fábio Fernandes (sentado à esquerda), um dos organizadores do Espaço Novo Ser. Ao seu lado está o biólogo ambientalista Ricardo Gonzalez Rocha Souza, que é vice-presidente desta ONG.
Ricardo adora o mar. Após um acidente que o deixou paraplégico, passou a ter dificuldade de acesso à praia e restringia-se a passear no calçadão. Foi ele quem idealizou a Praia para Todos.
O senhor que está em pé ao centro é o secretário estadual de transporte do Rio, Julio Lopes.
Este projeto da praia adaptada tem se instalado por períodos curtos em algumas praias da cidade, porém a equipe da Novo Ser luta para que exista um posto desta natureza em cada praia.
Vamos torcer para que a prefeitura do Rio determine esses espaços e apoie efetivamente essa empreitada.
PISCININHA NO PISCINÃO
Esta é uma piscina que a equipe oferece para as crianças com problemas físicos. O projeto da Praia Para Todos não visa apenas o banho de piscina assistido ou banho de mar nas cadeiras flutuantes. Nas tendas trabalham vários profissionais, tais como fisioterapeutas e professores de educação física, além de voluntários. Eles preparam este público para o vôlei sentado, jogo de peteca e frescobol, surf, mergulho adaptados etc.
O esquema é bem organizado, compondo-se de rampa de acesso à praia, que tem piso tátil para os cegos, sinalização sonora para os surdos e se empenham para que haja estacionamento reservado para os deficientes.
Vejo dois problemas aí:
- Como chegar à praia? Paralelamente a este projeto deve haver transporte suficiente e adequado para essas pessoas. Tem que haver infraestrutura para arrebanhá-las para a praia.
O outro obstáculo para a maioria é o mar em si. Na cidade do Rio de Janeiro poucas vezes o mar está pra peixe, ou seja, o mar tem ondas e correnteza. Praias calmas, só mesmo: a praia da Urca (que é bonitinha, mas anda muito contaminadinha); a praia Vermelha, que não tem acesso nenhum para deficientes e teria que ser construída uma rampa em zigue-zague; o piscinão de Ramos... Existe um em Niterói também, mas não conheço...
Existe muito preconceito em relação ao Piscinão, pois é tido como área de perigo e de bandido. O que eu vi foi segurança do que em outras praias do Rio de Janeiro. Soube que tudo é filmado e a vigilância é grande. Um baita posto dos bombeiros está bem ao lado do piscinão, que tem a função não só de salvamento, mas de proteção em geral.
O povo de lá é muito legal, gente! Há bares; as pessoas são educadas; tudo é muito tranquilo. Há pessoas que saem da zona Sul pra curtir o piscinão, sabiam?
Acho que seria excelente posto para o Novo Ser, e de utilidade pública, uma vez que é perfeito o acesso para os deficientes que moram na zona Norte e Baixada Fluminense.
COMO IGUAIS
Aproveitei para passear ao longo de todo o piscinão e fotografar junto com Luiz Martins. Encontrei uma moça que levava uma senhora para passear numa cadeira de rodas. Vi que eram moradoras do local e sugeri que conhecessem a tenda deste grupo, que estava montada metros adiante.
A senhora me pareceu desinteressada e a moça mais ainda. Fui embora e esqueci delas. Um tempo depois, ao voltarmos para o evento, achei bonitas umas cadeiras de roda e me concentrei para fotografá-las. Percebi que saíram na imagem a moça e a senhora. Elas estavam indo em direção aos coordenadores, curiosas. Ouvi de longe um deles, cadeirante, quase gritando para ela: “A senhora quer ir à praia?!”.
Elas estavam envergonhadas e não sabiam bem o que queriam. Talvez não se sentissem à vontade para se unir aos outros, tão ou mais limitados que aquela senhorinha.
Não sei no que deu, mas quem sabe se elas vão estar lá no próximo domingo, quando o projeto vai se despedir?...
AQUI PENSANDO
Eu estou aqui pensando em pessoas que não são bonitas. Penso em pessoas "feias" fisicamente e que precisam de seu espaço. Não penso no deficiente que pode ter toda uma infraestrutura para ser habilitar. Eu penso no deficiente pobre, aquele que, mesmo sendo cidadão e tendo seus direitos adquiridos pela Constituição, está à margem do mundo.
Eu queria realmente uma praia pra todos, com pessoas que não se complexassem com suas imperfeições, com os defeitos físicos ou suas doenças; que não se constrangessem pela exposição pública, justamente por falta de aceitação. Eu queria ver essas pessoas livres e curtindo a natureza, não só cadeirantes ou cegas, mas aquelas que possuem outras restrições físicas. Eu queria ver os idosos aproveitando a vida, o resto de vida que possuem. Eu queria ver crianças doentes serem abraçadas por todos os setores da sociedade.
A sociedade só vê duas coisas: satisfação e sonho. A vida é isso, né? Mas satisfação e sonho são diferentes na vida de cada um. Temos várias realidades no mundo e nós precisamos saber que o ser “humano”, independentemente da capa que Deus lhe deu, é um ser único, um ser com valores e deve ser aceito, não com compaixão, mas com respeito, como um igual.
Vejam também a matéria de Luiz Gonçalves Martins no Jornal Impacto On Line, em "Destaques": "Praia para Todos (Projeto Novo Ser)" - http://www.impactonline.com.br
Leila Marinho Lage
Imagens da autora
Rio, 26 de maio de 2010
Clube da Dona Menô
http://www.clubedadonameno.com
A IDEIA É SUPERAÇÃO
No dia 23 de maio de 2010 voltei a visitar meus amigos do ESPAÇO NOVO SER (http://www.novoser.org.br), que incentiva, dentre outras atividades correlatas, o projeto Praia para Todos. Eles “se inauguraram” na praia de Ramos, na zona Norte do Rio de Janeiro, que não é bem uma praia, e, sim, um piscinão de água do mar tratada e filtrada constantemente por máquinas. A praia propriamente dita está a metros de distância, imprópria para banho há anos e isto se deve à poluição constante da baía de Guanabara.
A maior parte população do bairro e adjacências tem baixa renda, apesar de que neste “piscinão” muitos eventos artísticos ocorrem - grandiosos até... A coisa da poluição ficou tão absurda que os governos preferem gastar uma nota preta para manter o lazer das pessoas do que realmente fazer o que é necessário: descontaminar a baía de Guanabara – o que não vejo como, do jeito que anda nossa civilização. Será trabalho para muitas gerações e, talvez, até lá nem exista mais mar... Acho até que nem exista mais população nenhuma...
Se eu tive um momento de emoção com o Projeto Praia para Todos, que incentiva o deficiente físico a participar da natureza e se integrar socialmente, isto aconteceu neste dia. Aqui é a abertura da rampa que leva as pessoas deficientes à areia, numa inauguração simples, muito simples, porém, a meu ver, aquelas pessoas estavam extremamente emocionadas também.
Aqui é a abertura da rampa com a chegada do pessoal. Nem todos ao redor do evento se davam conta do evento que acontecia.
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TODOS SÃO BEM-VINDOS
O Espaço Novo Ser encerrará sua presença no piscinão no próximo domingo, dia 30 de maio de 2010, quando haverá uma apresentação muito bacana deste grupo. Todos da sociedade devem ir, inclusive as pessoas com qualquer deficiência que se interessar em participar e usufruir do que lhes é oferecido.
MARCIA GARCÊS
Marcia foi fotografada por mim no dia 16 de maio de 2010, em Ipanema, e ela nem sabia, quando foi divulgada para "outras tribos" através de meu site e em outras páginas paralelas. Sem imaginar, a cena dela indo para o mar e a sua imagem na cadeira flutuante tocou muita gente.
Quando a vi no dia 23 no piscinão de Ramos resolvi me aproximar e conversar. Acabei conseguindo uma nova amiga e conhecendo uma história de vida que deixaria muita gente com vergonha de sentir depressão por qualquer coisa.
Ela tem esclerodermia e atualmente sente uma dificuldade nova no lado direito do corpo, mas foi outra coisa que me tocou muito: ela disse que jamais em sua vida reclamou com Deus pelo que passa.
Marcia lançará um livro em breve, contando sua história, e eu descobri uma vontade que ela ainda não conseguiu nem de perto realizar: ser modelo. Ela gostaria de um book e de ser modelo fotográfico. Ela tem beleza física para isso, além de ser extremamente carismática.
Vou divulgar seu livro, entretanto eu não tenho máquina para fotografar uma modelo, muito menos de lançá-la na midia, mas tenho amigos... Um desses é Luiz Gonçalves Martins, que apareceu por lá e nos fotografou num papo muito profundo, apesar de estarmos em meio a uma verdadeira festa. Ele editou um vídeo com fotos de sua autoria em homenagem a ela, que vale a pena assistir:
http://www.youtube.com/watch?v=NGYkyFMW-ZM
Seu eu fosse alguém influente, ela já estaria num estúdio sendo fotografada e lançada por aí. Fica a proposta pra quem ler e se interessar.
IDEIAS E IDEAIS
Aqui vemos o cantor Dicró, super engraçado e simpático. Ele nos fez rir com suas músicas. Também na foto, Fábio Fernandes (sentado à esquerda), um dos organizadores do Espaço Novo Ser. Ao seu lado está o biólogo ambientalista Ricardo Gonzalez Rocha Souza, que é vice-presidente desta ONG.
Ricardo adora o mar. Após um acidente que o deixou paraplégico, passou a ter dificuldade de acesso à praia e restringia-se a passear no calçadão. Foi ele quem idealizou a Praia para Todos.
O senhor que está em pé ao centro é o secretário estadual de transporte do Rio, Julio Lopes.
Este projeto da praia adaptada tem se instalado por períodos curtos em algumas praias da cidade, porém a equipe da Novo Ser luta para que exista um posto desta natureza em cada praia.
Vamos torcer para que a prefeitura do Rio determine esses espaços e apoie efetivamente essa empreitada.
PISCININHA NO PISCINÃO
Esta é uma piscina que a equipe oferece para as crianças com problemas físicos. O projeto da Praia Para Todos não visa apenas o banho de piscina assistido ou banho de mar nas cadeiras flutuantes. Nas tendas trabalham vários profissionais, tais como fisioterapeutas e professores de educação física, além de voluntários. Eles preparam este público para o vôlei sentado, jogo de peteca e frescobol, surf, mergulho adaptados etc.
O esquema é bem organizado, compondo-se de rampa de acesso à praia, que tem piso tátil para os cegos, sinalização sonora para os surdos e se empenham para que haja estacionamento reservado para os deficientes.
Vejo dois problemas aí:
- Como chegar à praia? Paralelamente a este projeto deve haver transporte suficiente e adequado para essas pessoas. Tem que haver infraestrutura para arrebanhá-las para a praia.
O outro obstáculo para a maioria é o mar em si. Na cidade do Rio de Janeiro poucas vezes o mar está pra peixe, ou seja, o mar tem ondas e correnteza. Praias calmas, só mesmo: a praia da Urca (que é bonitinha, mas anda muito contaminadinha); a praia Vermelha, que não tem acesso nenhum para deficientes e teria que ser construída uma rampa em zigue-zague; o piscinão de Ramos... Existe um em Niterói também, mas não conheço...
Existe muito preconceito em relação ao Piscinão, pois é tido como área de perigo e de bandido. O que eu vi foi segurança do que em outras praias do Rio de Janeiro. Soube que tudo é filmado e a vigilância é grande. Um baita posto dos bombeiros está bem ao lado do piscinão, que tem a função não só de salvamento, mas de proteção em geral.
O povo de lá é muito legal, gente! Há bares; as pessoas são educadas; tudo é muito tranquilo. Há pessoas que saem da zona Sul pra curtir o piscinão, sabiam?
Acho que seria excelente posto para o Novo Ser, e de utilidade pública, uma vez que é perfeito o acesso para os deficientes que moram na zona Norte e Baixada Fluminense.
COMO IGUAIS
Aproveitei para passear ao longo de todo o piscinão e fotografar junto com Luiz Martins. Encontrei uma moça que levava uma senhora para passear numa cadeira de rodas. Vi que eram moradoras do local e sugeri que conhecessem a tenda deste grupo, que estava montada metros adiante.
A senhora me pareceu desinteressada e a moça mais ainda. Fui embora e esqueci delas. Um tempo depois, ao voltarmos para o evento, achei bonitas umas cadeiras de roda e me concentrei para fotografá-las. Percebi que saíram na imagem a moça e a senhora. Elas estavam indo em direção aos coordenadores, curiosas. Ouvi de longe um deles, cadeirante, quase gritando para ela: “A senhora quer ir à praia?!”.
Elas estavam envergonhadas e não sabiam bem o que queriam. Talvez não se sentissem à vontade para se unir aos outros, tão ou mais limitados que aquela senhorinha.
Não sei no que deu, mas quem sabe se elas vão estar lá no próximo domingo, quando o projeto vai se despedir?...
AQUI PENSANDO
Eu estou aqui pensando em pessoas que não são bonitas. Penso em pessoas "feias" fisicamente e que precisam de seu espaço. Não penso no deficiente que pode ter toda uma infraestrutura para ser habilitar. Eu penso no deficiente pobre, aquele que, mesmo sendo cidadão e tendo seus direitos adquiridos pela Constituição, está à margem do mundo.
Eu queria realmente uma praia pra todos, com pessoas que não se complexassem com suas imperfeições, com os defeitos físicos ou suas doenças; que não se constrangessem pela exposição pública, justamente por falta de aceitação. Eu queria ver essas pessoas livres e curtindo a natureza, não só cadeirantes ou cegas, mas aquelas que possuem outras restrições físicas. Eu queria ver os idosos aproveitando a vida, o resto de vida que possuem. Eu queria ver crianças doentes serem abraçadas por todos os setores da sociedade.
A sociedade só vê duas coisas: satisfação e sonho. A vida é isso, né? Mas satisfação e sonho são diferentes na vida de cada um. Temos várias realidades no mundo e nós precisamos saber que o ser “humano”, independentemente da capa que Deus lhe deu, é um ser único, um ser com valores e deve ser aceito, não com compaixão, mas com respeito, como um igual.
Vejam também a matéria de Luiz Gonçalves Martins no Jornal Impacto On Line, em "Destaques": "Praia para Todos (Projeto Novo Ser)" - http://www.impactonline.com.br
Leila Marinho Lage
Imagens da autora
Rio, 26 de maio de 2010
Clube da Dona Menô
http://www.clubedadonameno.com