VENDE-SE (PARA) PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Salve Manoel Carlos! Salve a novela Viver a Vida! Salve a Luciana!
Poucas vezes a tônica de um segmento (ou movimento) ficou tão popularizada quanto desta, que no horário nobre arrebata corações e mentes emocionadas, vendo o primeiro banho, ou o primeiro passeio de ônibus ou a primeira transa de uma tetraplégica. E a pergunta que não quer calar – será que é assim mesmo?
Ora! A arte (e a ficção) imita a vida. Não precisa ser igual, mas tem que permitir que o telespectador calcule a possibilidade de ser. Pessoalmente acho que está muito bem feito: roteiro, enredo, cenário e representação. Mas aí eu pergunto – precisa ser perfeito?
Nós, pessoas com deficiência, vivemos essa realidade há muito tempo. Houve tempos bem piores. Agora as coisas estão mais fáceis: transporte coletivo adaptado, calçadas que deveriam ser (ou estão) acessíveis, mercado de trabalho esperando os notórios seres que não são normais (como se alguém fosse), escolas incluindo pessoas com deficiência (PcDs), homens brigando e “apanhando” por tentar fazer valer o nosso direito.
A política tem uma bandeira de luta pronta – organizada através de conselhos de direitos, entidades de serviços (de e para PcDs), órgãos executivos federais, estaduais e municipais. E a economia conta com um público consumidor com necessidades específicas que dão segurança de venda a qualquer tecnologia que os favoreça - além de todo o consumo de vestuário, alimentação e toda gama de produtos que dão condições de sobrevivência a qualquer ser humano. Ou seja, está “baratíssimo” dar condições de acessibilidade.
Quem tem visão de futuro e sabe conciliar ambição capitalista com responsabilidade social está pronto para ganhar mais dinheiro, pois em 2050, as PcDs e os idosos (que podem ter a mobilidade reduzida) corresponderão à cerca de 45% da população. Hoje, somados, somos 27%; 12% idosos.
Portanto, sem apelar para sensibilidade, educação, humanidade ou legislação, faça como os fabricantes de automóveis que associaram vantagens do câmbio automático e marketing, vendendo carros e mais carros. Para quem? Para todos. Inclusive para pessoas com deficiência que querem e podem trabalhar e consumir.