Seres humanos, não ratos
É espantosa a notícia sobre o país africano que deseja que o homossexualismo seja punido com prisão ou mesmo pena de morte. Mais chocante é a justificativa dada pelo político de Uganda: para se combater a Aids, deve-se combater o homossexualismo. Temos a impressão que ele ainda é da época em que se acreditava que a Aids era doença só de homossexual. Será esse homem tão ignorante que não sabe que essa síndrome é fruto de comportamentos arriscados como fazer sexo sem proteção ou compartilhar seringas ao se usar drogas injetáveis e não de uma preferência sexual?
Essa postura intolerável nos lembra a peste bubônica, transmitida pela pulga dos ratos. É como se a Aids fosse a peste negra e os gays os ratos, que devessem ser eliminados para evitar a propagação da doença. Mas eles não são ratos, são seres humanos, com direitos, deveres, sentimentos e merecedores de ser felizes como qualquer outra pessoa. Se eles estão ou não moralmente errados em ser como são, não compete a nós julgá-los. E, pensando bem, o fato de alguém gostar de outro do mesmo sexo faz mal a quem?
Está mais do que provado que Aids se combate com informação e medidas preventivas para evitar o contágio, não querendo eliminar alguém por ser diferente. Em nosso mundo, nada de bom conseguiremos se formos intolerantes e preconceituosos, perseguindo alguém. Se começarmos a querer eliminar seres humanos por acharmos que são indesejáveis, no que nós nos transformaremos? Em verdadeiros monstros, que se julgam acima do bem e do mal, com direito a decidir quem merece ou não viver e ser tratado como um cidadão digno de viver uma vida plena.
Talvez o político não tenha estudado História. Senão, ele lembraria do Holocausto, uma verdadeira vergonha na história da humanidade. Quem, tendo um mínimo de consciência e compaixão, não sente horror ao pensar que milhões de pessoas sofreram perseguição apenas por ser? Por ser judeus, comunistas, ciganos e homossexuais.
Lembremos do Holocausto, cujos horrores ainda nos chocam antes de querermos perseguir e humilhar alguma pessoa por não ser como pensamos que deve ser.
O preconceito nunca contribuiu na formação de sociedades mais justas e respeitadoras dos direitos humanos. Por isso, é necessário educação e discernimento crítico, além de coragem em expor nossas opiniões contra injustiças e absurdos .