SOB O TAPETE DA LUA...A ESPERA DUM NOVO SOL!

NÃO PRETENDO ESCREVER POESIA.

O meu presente texto pode até parecer aquela instigação das chamadas pessoas portadoras de "espírito de porco".

Quando eu era criança minha mãe costumava dizer que eu era um pouco desse tal espírito...talvez ela tivesse razão.

É certo também que em época de gripe suína é melhor nem brincar com essas coisas, porém, o meu assunto de hoje passa pela saúde, e por alguns outros pensamentos a mais a ela relacionados.

Ontem a noite a tela hegemônica nos mostrou um belíssimo trabalho feito pelas equipes de saúde da Marinha Brasileira que bravamente partem para o atendimento às comunidades carentes e longínquas da Amazônia.

Aqui deixo antecipadamente minhas congratulações pelo heroísmo das tão dedicadas equipes.

A maioria das cenas impressionou pela dedicação dos profissionais,pelo carinho, e de fato, como ali foi proferido, um trabalho que agrega muito a quem dele faz parte, inclusive ampliando a visão político-social de Brasil, bem como aguçando o exercício da humanização nas práticas em saúde, tão negligenciado nos dias de hoje.

Porém confesso que ali meu pensamento voou para não tão longe, e eu me detive ao próximo entorno daqui mesmo, região Sudeste , mais precisamente São Paulo, uma das maiores megalópoles do mundo.

As cenas que vimos ali na Amazônia, quando comparadas ao que muito se declara nos discursos dos líderes de ultimamente, quanto à inserção dos brasileiros em melhores índices de qualidade de vida ou à nossa elevação do IDH (indíce de desenvolvimento humano), parece não se coaptar ao que nos foi mostrado naquela reportagem televisiva, infelizmente.

Algo está em desacordo entre o que se fala e o que se vê.

Se de um lado é enternecedor a batalha para se levar saúde aos menos favorecidos, do outro lado assusta a quantidade progressivamente crescente dos mesmos, pessoas que duramente tangenciam a linha da miséria... indigna, se me permitem um pleonasmo para eu ser mais contundente.

Aqui falo em miséria material sem todavia entrar na grande problemática da enorme carência intelectual, assustadora entre nós, no Brasil como um todo.

Exagero? Podem ter certeza que não.Falo com conhecimento de "campo".

E o que mais me assusta: não precisei sequer viajar até a Amazônia para reconhecer as mesmas dificuldades aqui mesmo, em São Paulo, CAPITAL, e não apenas no seu entorno denominado de "Grande São Paulo", e para lhes informar que nos bairros paulistanos bem próximos, de classe média, se agregam inúmeros e alarmantes bolsões de miséria e desinformação, inacreditáveis, e que igualmente dificultam imensamente a atividade das equipes de saúde, com o agravante de que estas, quase sempre são insuficientes para a imensa demanda da carência do tudo que se apresenta nos dias de hoje...por todos os lados.

Cumpre lembrar que sem o mínimo de educação e condições sociais, qualquer trabalho de campo em saúde fica imensamente prejudicado, inclusive na preventiva, foco principal da saúde pública, uma vez que as pessoas têm dificuldades de assimilarem até o mínimo de informações e cuidados básicos necessários para não se tornarem vítimas até das doenças consideradas mais "banais".

Porém a exemplo do que nos foi mostrado lá, por aqui, há quem sequer distinga um desenho do sol, dum outro da lua, símbolos mostrados na reportagem para que os profissionais elucidassem aos pacientes

os horários das suas respectivas medicações.

Leitura, inclusive por aqui, para muitos é um luxo acima do intangível.

Em suma, a reportagem de ontem, se de um lado nos encantou, doutro lado denunciou...e muito nos assustou.

Levantou o tapete das crônicas boas intenções das vontades políticas, sob o qual repousam as mazelas do imenso déficit do tudo que ainda está por ser feito. E com impostos nunca antes arrecadados nesse pais! Algo a se pensar...

Época de eleições, em que todos deveríamos ter esperança.

Esperança... de sol ou de lua?

Do mesmo jeito que um médico, ali, artisticamente desenhou o "astro-rei" para que o seu paciente soubesse a dose do remédio "do dia", deixo aqui a minha lua desenhada, uma vez que em Sampa ela já brilha alta, na esperança do próximo remédio "da noite", ou seja, a torcer para que o "sol do amanhã" se eleve com seus fulgurantes raios e MILAGROSAMENTE ilumine a nossa perene escuridão.

A dos sentidos...