“Assim como um dia bem aproveitado proporciona um sono reparador, uma vida bem vivida  proporcionará , sem dúvida,uma boa morte.”
Todos nós sabemos que, como dizia o versinho da minha infância, a morte é feia,dela ninguém escapa,nem o rei,nem o bispo ,nem o papa.
O certo é que ninguém sai dela vivo.
Sempre considerei a maneira cristã de enfrentar a morte terrivelmente traumática, extremamente singular e contraditória para pessoas que crêem na vida eterna.
Os lamentos, as dores,os rituais cruéis do enterro  cristão,nunca foram entendidos por mim.
As pessoas cobrem-se de preto (pelo menos, era assim quando eu era criança),choram desesperadas,ficam  uma noite inteira velando e reverenciando um corpo morto ,coberto de velas , flores e lágrimas,numa homenagem que,sinceramente,para mim não faz sentido.
Reverenciar uma matéria em vias de decomposição?
O espírito que animava aquela vida já partiu para os paramos  celestes como acreditam os religiosos ou simplesmente voltou a se incorporar na energia do Universo, como eu creio.
A lembrança, a eterna lembrança nunca desaparecerá da mente das pessoas que amaram e conviveram com aquele que partiu, cujos genes,feições e crenças permanecerão eternamente na geração futura,cria sua.
Seus feitos serão cantados e recordados, seja pelos seus parentes ou por toda a humanidade.
Sempre encarei a vida como um ciclo; as pessoas nascem,crescem,procriam e morrem. Cumpriram sua finalidade na lei da evolução. Fizeram sua parte.
Uns se mudam cedo demais, como botões de rosas que nunca desabrocharam; outros,cumprem perfeitamente o ciclo evolutivo e quando chega o dia da partida,se tiveram uma vida produtiva e feliz,esta grande viagem não deverá  pesar no seu espírito.Cedo descobriram que o bom não é simplesmente viver,é viver bem.
Por isso , o homem sábio viverá o tempo necessário,não o quanto puder.O que importa é a qualidade da vida não sua duração,dizia Sêneca.
Sou favorável à eutanásia para doentes terminais. Antes morrer que sofrer, acabar aos poucos,sentir a vida se afastando gota a gota,apodrecendo em vida,apenas para obedecer a princípios religiosos que,muitas vezes,não são os seus.
Por outro lado, sou contra o suicídio que considero uma fraqueza; embora sejamos donos da nossa vida e do nosso corpo, devemos compreender que as situações mudam e que o desespero de hoje pode conduzir à vitória do amanhã.
Acho que não devemos temer a morte e, sim,estarmos  preparados  para a sua chegada.
Assim como uma longa vida não a torna uma vida melhor, a morte se torna uma morte pior se for mais demorada.
Muitas pessoas desmoronam diante da morte de uma pessoa querida, incluindo a terrível dor sem nome que é a morte de um filho.
Acho que,passado o impacto que nos atordoa,devemos agradecer o fato de 
que o tivemos entre nós e não arrancarmos os cabelos porque o perdemos.
A dor costuma ser ingrata. Desconhecemos o benefício daquela presença entre nós e não compreendemos que não éramos donos daquela pessoa, portanto não poderíamos retê-la para sempre.
Eu acredito que as pessoas que amamos permanecem conosco no sacrário do nosso coração.
O prazer daquela presença permanecerá conosco enquanto vivermos.
Pensemos na brevidade da vida. Todos os homens se dirigem desde que nasceram , para o mesmo lugar,os que foram antes apenas nos precederam.
Se pensarmos assim, obedecendo às leis naturais,creio que sofreremos menos.
A vida é breve e é vã: vamos aproveitá-la,enquanto pudermos.
 
 
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 20/04/2010
Código do texto: T2208037
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