Drogadas e Prostituídas
Falando tecnicamente, prostituir-se significa trocar conscientemente favores sexuais sem nenhum interesse sentimental, afetivo ou prazer. Prostituição é em suma a troca de relação sexual por dinheiro; é um favorecimento sexual profissional que nem sempre envolve o dinheiro, mas um valor material que pode ser uma informação, bens materiais e até a conveniência de segurança pessoal.
O conceito de prostituição pode variar de acordo com a sociedade em que está sendo aplicada; circunstâncias também podem mudar e do ponto de vista da ética, algumas pessoas também nutrem significados bastante distintos. Algumas sociedades desaprovam o ato de prostituir por causa dos sintomas de saúde, vícios, tráficos, adultério e pelo grave impacto que algumas destas relações podem causar no âmago de famílias, podendo o cliente ser ou não ser casado.
Alguns historiadores e criadores de mitos escreveram e deixaram sólida a rotulação de que a prostituição é uma profissão e esta é a mais antiga do mundo, mas tais teses não encontram qualquer fundamentação histórica ou antropológica, uma vez que os ofícios mais antigos já relatados estão agrupados no campo da agricultura, pecuária e caça e raramente podemos encontrar fatos relevantes de histórias envolvendo a prostituição.
O que sabemos de verdade é que na antiguidade as garotas mais jovens eram submetidas a prática da introdução ao sexo por meios muito parecidos ao que hoje chamamos de prostituição; estas garotas que viviam em sociedades já desenvolvidas, quando atingiam a puberdade eram negociadas entre amigos de seus familiares que recebiam uma espécie de certificado de que aquela moça já podia constituir família. Este tipo de prática sempre foi muito comum em lugares onde o sexo era encarado como uma brincadeira em que os participantes não enxergavam as mulheres como elas são nos dias atuais, exemplo claro das mesopotâmicas, egípcias e gregas que se tornavam sacerdotisas, sagradas; elas recebiam honrarias e presentes caros em troca de favores sexuais!
Na região de Israel a prática da prostituição era severamente coibida dentro da cultura judaica; mulheres que insistiam em trocar o sexo por dinheiro ou favores poderiam até ser mortas; muito embora se observe na história uma espécie de tolerância por parte dos religiosos judaicos, como no Livro de Josué quando narra à conquista de Jericó, mas por via de regra, quem se ousa a descumprir as regras, geralmente sofre muito!
A moral cristã tentou banir a prostituta do meio social; sobretudo na Idade Média com o largo avenço das doenças sexualmente transmissíveis a igreja tratou de determinar a caça às mulheres que se vendiam; o clero só não enxergou o alarde dos casamentos arranjados que por si somente já poderiam também ser considerados como moedas similares; este ato paradoxal fez com que as prostitutas não só tivessem seus ofícios regulamentados como também fossem aceitas como mulheres normais pela cúria!
A revolução industrial no século 19 e com a chegada do Século 20 os postos de trabalhos para as mulheres foram crescendo o papel da prostituta deixou, mais uma vez, de ser aceito e passou a se manter na clandestinidade; até a ONU tentou uma intervenção para frear o crescimento dos núcleos de prostitutas, mas nada deu certo; cada vez mais as mulheres de todos os tipos, raças, credos e cores se lançam neste mercado perigoso e hostil, vendendo seus dotes sexuais para quem dispuser da quantia cobrada.
No início a situação destas mulheres que vendem seus corpos, no sentido figurado, era como a até pouco tempo; haviam locais específicos onde se vendia bebidas alcoólicas e mulheres transitavam livremente entre os senhores da época; quem os agradasse eram obrigadas a servi-los do melhor modo desejado por eles; ao final havia o pagamento a quem as protegessem e estava finalizado o negócio.
Com o passar dos anos chegaram também às formas mais criativas e inusitadas para se explorar o sexo pago através de prostitutas; casas de luxo, geralmente pertencentes a damas endinheiradas, eram finamente decoradas e nelas havia o convite de homens ricos, que mantinham um relacionamento com alguma das moças que moravam nestas mansões; até hoje este tipo de prática ainda existe, mas agora há muitas outras formas de se chegar a uma delas.
Os tradicionais bordéis, que são locais onde as mulheres se despem na vitrine de um palco musicado, continuam sendo a grande sensação dos homens de todos os tipos; é nestas casas disfarçadas de boates que se podem encontrar jovens e velhas prostitutas a espera de alguém que se encante com seus corpos. Senta-se numa mesa e o dono da casa espera que haja muito consumo; depois é só negociar o preço com a garota e informar se deseja utilizar os serviços num quarto reservado ou num motel.
Paralelo as atividades já manjadas por todos; as mulheres desenvolveram novos negócios no ramo do sexo e para suprir os homens requintados freqüentadores das antigas casas, elas passaram a anunciar seus serviços em jornais de grande circulação, revistas especializadas e o mais comum hoje em dia, as páginas da internet. O sujeito acessa os dados da garota (ou do rapaz) e fica sabendo de detalhes picantes sobre a vida delas, se ela possui local para receber seus clientes ou se atende em domicílio; também há descobertas intrigantes, como alguns anúncios femininos em que elas declaram que aceitam fazer sexo com várias pessoas; tudo dependendo, é claro, do valor pago e da gorjeta ao final do serviço.
Na era digital os sites de anúncios de mulheres disponíveis ao sexo viraram grandes e lucrativos negócios; quem institui estes sites afirmam que não são contraventores e que não exploram o sexo; eles se afirmam portais de anúncios, onde qualquer pessoa pode anunciar desde que paguem pela confecção e manutenção de cada manifesto e isso não é barato; sites bem elaborados e com bons temas podem custar a cada prostituta R$ 2.000,00 pela arte e cerca de R$ 300,00 por mês de manutenção. As páginas mais acessadas costumam ter mais de 100 garotas e as mais inovadoras contam também com muitos anúncios de rapazes.
Está tão comum ver estes anúncios na internet que ninguém mais se escandaliza quando uma destas garotas mostra suas fotos com a cara limpa; no corpo de cada anúncio, geralmente os dizeres são praticamente os mesmos; começa com o telefone celular de quem pretende oferecer os serviços, depois uma breve descrição de como é seu corpo, onde atende, quais os horários de atendimento, valor do serviço, se aceita cartão de crédito ou cheque e finalmente quem eles aceitam por companhia na hora em que estão trabalhando. Mulheres mais liberais e homens mais profissionais costumam aceitar outras pessoas, inclusive do mesmo sexo!
Numa página famosa brasileira eu destaquei um destes anúncios de uma loira que nas fotos se revela muito bonita de corpo e rosto e que se chama de Adrielly; seu anúncio começa informando que ela tem 22 anos, 1,65m, 50 kg e calça sapato 35; depois Adrielly informa que possui alto nível cultural, se afirma estudante universitária, bilíngüe, sem vícios, atende casais, duplas, mulheres e homens; ela também diz que negocia caso alguém queira seus serviços sem preservativo; informa seu telefone e diz que o preço por cada duas horas para estar com ela é R$ 400,00 e que possui transporte próprio. Apenas para satisfazer a curiosidade, Adrielly trabalha em Porto Alegre!
O mais curioso é que no anúncio citado a garota loira de Porto Alegre diz que faz sexo vaginal, anal (com combinação de preço) e que adora fazer e receber carícias orais também mediante negociação; informa que suas fantasias são a podolatria, striptease, banho de língua, roupa erótica, troca de papéis, beijo na boca e muita massagem corporal sem a utilização das mãos. Encerra dizendo ser do signo de Libra, que adora comida mineira e japonesa, curte MPB e que na cama ela gosta de dominar, provocar, realizar fantasias alheias e gemer; ela também diz que aceita cartão de crédito nas bandeiras American Express e Visa e que parcela o valor dos serviços em três vezes sem juros; enfim, esta suposta gaúcha é um supermercado sexual!
Como se pode observar, as mulheres modernas que utilizam do sexo como negócio dão um banho de criatividade quando o tema é aparecer; elas fazem tudo àquilo que grandes corporações planejam para venderem seus produtos e não deve tradar muito para aparecer alguma que apresente certificado de isenção da AIDS e até selo de ISO 9000!
A concorrência e a liberalidade estão enormes; o grande foco de garotas que vendem seus serviços sexuais nos dias atuais está nas faculdades; nunca se viu tanta gente utilizando da prostituição como meio de sobrevivência; alguns dizem que isso se dá porque as mulheres modernas não se modernizaram na técnica de fazer amor, portanto, as novas namoradas ainda deixam o campo aberto para suas colegas mais liberais e estas, por sua vez, não querem namorar e sim tirar proveito daquilo que todo homem deseja, cobrando-lhes caro e se especializando num ofício que pelo visto não terminará em tão pouco tempo!
Eu não acredito em contágio e sim em acúmen; as novas garotas estão percebendo que podem tirar mais proveito de seus corpos e que isso já não é tão escandaloso quanto há décadas atrás; elas observam que cada vez mais outras mulheres entram neste negócio lucrativo e como o mercado ainda não valoriza a mão de obra e a inteligência feminina nos ofícios diplomados, então elas buscam o filão de ouro que carregam em si próprias!
Neste ramo há todo tipo de história contada, desde as mais medonhas onde estas pessoas são maltratadas e até mortas por sádicos inúteis ao convívio social a até as que conseguem realizar seus mais batalhados desejos; há as que ganham apenas para comerem e continuam devendo na praça, da mesma forma que há as que conseguem comprar carros, casas e juntar dinheiro para, ou permanecer nesta mesma vida ou sair para uma vida nova. Como se pode ver, não há nada de diferente com outras profissões mais comuns...
A Constituição Federal não pune a prática da prostituição, mas cita no Código Penal (art. 228, 229 e 230) e Estatuto da Criança e Adolescente (art. 244), que tentam combater a exploração sexual, que é a prática do abuso onde uma pessoa obtém lucro através da prostituição de outra pessoa, seja em troca de favores sexuais, incentivo, turismo sexual ou proxenetismo. Figuras como cafetões, cafetinas ou ainda as “madrinhas” tão comuns nos Estados do Nordeste são alvos de investigações policiais. Eles muitas vezes praticam uma espécie de escravidão contra prostitutas em troca de casa, comida e proteção e as pessoas exploradas são sempre obrigadas a acreditar que estão devendo mais do que podem produzir, para estarem sempre “nas mãos” destes déspotas.
O legislador brasileiro sempre atingiu que o meretrício não é um problema penal, mas um problema social; entretanto, o abuso da atividade da prostituta é punido pelo Código Penal Brasileiro. Assim, o cidadão que mantém local destinado a encontros para fins libidinosos, que tira proveito de prostituição alheia ou que impede que a prostituta abandone as suas atividades estará incidindo nas penas previstas para o lenocínio. São exemplos desses crimes o rufianismo, a casa de prostituição e o induzimento à prostituição. As penas podem variar de um até dez anos de reclusão, mas raramente são aplicadas e é por isso que neste caso, o cão ladra muito, mas não morde ninguém!
Em Copacabana tem e faz parte; em Paris tem e é caro; na Floresta Amazônica tem e é perigoso; na África tem e é muito perigoso; em Cuba tem e é turístico, portanto, em cada canto do globo sempre haverá uma prostituta pronta para servir seus clientes com seus amores, seus carinhos e seus cachês e aqui no Brasil o Ministério do Trabalho reconhece como profissão; portanto, quando você cruzar com uma prostituta, ao invés de criticá-la ou maltratá-la, lembre-se que isso é crime e que pode também haver uma pertinho de você, quiçá em sua própria casa, afinal de contas, prostituta não tem cara, pode ser qualquer pessoa e todas são iguais a nós, são seres humanos!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
Meu site: www.irregular.com.br