Temos uma tendência as queixas. Nada está perfeito, queremos mudar as coisas, nos aborrecemos por tudo,qualquer bobagem nos altera.
Mas,essa tendência destrutiva não melhora em nada a nossa vida.A maioria das coisas desagradáveis que nos acontece foram criadas por nós;somos o timoneiro do nosso destino.
Sabemos que,se moramos há anos numa casa e não cuidamos da sua manutenção,um dia,ela vai se deteriorar;então,quando reclamamos da parede rachada,de esgotos que entopem e de goteiras,somos os culpados.
Se não cuidamos da saúde como devíamos,se passamos noites em claro, na farra,se nos expomos á inclemência do tempo,desagasalhados,e,no ocaso da vida,estamos cheios de achaques e artroses,culpa nossa.
Quem vive de excessos sabe que pagará o preço um dia.
Por outro lado,se trabalhamos demais,se damos mais importância ao dinheiro que à família,se vivemos nessa corrida de ratos,sabemos que podemos perder as rédeas com nossos filhos,que,às vezes só nos vêm nos fins de semana e,relutamos nas escolhas:passar um dia chato com as crianças no zoológico ou um joguinho divertido com os amigos,regado a cervejinhas estupidamente geladas?
Eu mereço uma folga!Você se convence.
Quando uma contrariedade acontece você não tem fibra nem coragem para enfrentá-la;vive exausto,cansado de lutar com pequenos “acidentes de percurso” diários:o carro que não pega,os engarrafamentos,as enchentes,as queixas ou exigências da mulher,o boletim do filho...
Você fica indignado e se queixa;não compreende que esse estado de espírito em que você entra,por vontade própria, lhe deixa mais vulnerável do que as próprias contrariedades.
Aprender a dizer não de vez em quando é bastante benéfico;faz bem à saúde.
Mas,existe um remédio ainda melhor,o diálogo e a transparência.Sua família precisa conhecer o tamanho do seu bolso;aquilo que pode e o que não pode;neste mundo consumista,criamos necessidades e sofremos quando perdemos o prumo das nossas contas e os cartões disparam e as dívidas se avolumam;fazer um orçamento doméstico com participação da família ajuda um bocado.
Coisas que estão fora do nosso alcance como tempo e engarrafamentos deverão ser levados com bom humor;a gente não tem controle sobre eles,e,como diziam os antigos,”o que não tem remédio,remediado está”.
No carro,num dia de trânsito terrível,ler o jornal,ouvir música ou ver um bom DVD,ou até mesmo refazer a agenda,melhora nosso humor.
Minha saúde não está boa?Faz parte.Quando a gente quer envelhecer(e todos querem)sabe que essas ciosas fazem parte do longo percurso da vida,esta viagem sem nexo nem porto seguro que fazemos ao nascer;como toda viagem,pegamos boas estradas ,mas,também,lamas,buracos e chuva forte,além de animais na pista.
Mas,porque tenho que passar por isso? dizemos. Afirmação insensata!Passamos por isso porque faz parte da vida.
Digamos que Deus lhe permitisse escolher viver numa redoma ou num quartel; viver é lutar!
A vida é combate que abate os fracos e levanta os fortes,canta Y-juca-pirama, na    bela poesia de Gonçalves Dias.
É por isso que aqueles intrépidos,que se arriscam,que não têm medo de gritar e que mudam conceitos e fazem o mundo girar constituem a elite da tropa, ganham troféus e seguidores e fazem jus à admiração de todos.São os pastores.
Os outros,que se satisfazem com tarefas leves,que se amiúdam,esses são apenas ovelhas,mocinhos delicados,que passam pela vida,mas,não vivem,de verdade.
 
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 08/04/2010
Reeditado em 01/06/2011
Código do texto: T2184474
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