Deus e a Ciência em tempos de Aquecimento Global
Parece que nem o mais idiota dos homens duvida de que o Aquecimento Global é um fato consumado e a julgar pelo nível da situação, as coisas só tendem a piorar. Não há nem ameaça de que serão tomadas algumas providências, até porque a maioria das pessoas não sabe e os administradores não querem saber que providências deverão ser tomadas. Na prática está todo mundo esperando um milagre de Deus ou uma ação genial da Ciência.
Os que esperam o milagre divino estão rezando muito e os que esperam a mágica científica estão torcendo bastante, porém ninguém está efetivamente fazendo absolutamente nada. Todo mundo fala sobre o assunto, mas ninguém move uma palha para tentar resolvê-lo. Assim, salvo engano maior, devo dizer que o fim está próximo. Entretanto, de qualquer forma vou discutir um pouco mais sobre o assunto.
Historicamente, temos a mania de achar que a Ciência e a Tecnologia vão resolver tudo e que algum cientista vai inventar um “aparelhinho mágico” que irá desaquecer o planeta, porque sempre foi assim. Na hora exata sempre acontece alguma coisa que acerta tudo. Isto é, até aqui, Deus ajudou e/ou a Ciência sempre deu um jeito em tudo. Porém, dessa feita são os próprios cientistas que estão dizendo que não sabem o que fazer e que a coisa parece não ter solução, haja vista que já ultrapassamos o limite do possível.
Aqueles que só apelam para Deus na hora do perigo e que, por isso mesmo, estão esperando um milagre divino, já não têm mais dúvidas de que esse é apenas mais um castigo de Deus para assustar ao homem pelas mazelas da humanidade. Deste modo, eles estão cientes de que não há com o que se preocupar, porque Deus não deixará nenhum mal cair sobre o homem e sobre o planeta Terra. Enquanto isso, o Aquecimento Global continua em ritmo veloz e suas conseqüências são cada vez mais evidentes e mais desastrosas.
De qualquer forma, acaba de sair o terceiro relatório do IPCC, onde os cientistas afirmam que, apesar de não haver mais retorno, pois já ultrapassamos o limite do admissível e o processo está em franco andamento, porém, ainda é possível minimizar os seus efeitos. Entretanto, a conta a ser paga certamente será “muito cara” e, a princípio ninguém vai querer pagar. Assim, o tempo passa e nós ficamos na mesma situação, temos um problema que não podemos resolver, mas que podemos minimizar, porém como isso custa caro, nós não fazemos nada e a situação só tende a piorar.
Desta forma, vamos empurrando com a barriga até onde Deus quiser. Que bom que até aqui Deus esteve do nosso lado e segurou as pontas, mas até quando isso vai ser possível?
É preciso que se pare de especular entorno do quanto vai custar e de quem vai pagar, pois todos já estão pagando muito mais caro do que deveriam efetivamente pagar se alguém já tivesse se manifestado em prol da vida e do planeta. Não adianta discutir os custos, é preciso que sejam resolvidos os problemas. Os países ricos, que até aqui usaram e abusaram do direito de poluir e degradar, que até aqui utilizaram os recursos naturais indiscriminadamente, que até aqui foram os que mais produziram danos ambientais e que até aqui são os maiores culpados pelo atual estado de coisas, devem ser responsabilizados e devem efetivamente pagar pelos custos da tentativa de recuperação do planeta.
Não há como pensar diferente, sendo assim, não há o que discutir. As Entidades Internacionais Organizadas, particularmente a ONU, têm que exigir que os países ricos assumam a responsabilidade pelos acontecimentos e comecem a grande empreitada de tentar minimizar os danos causados ao planeta. Eles poderão perder alguma coisa, economicamente, mas continuarão sendo países ricos. Entretanto, se nada for feito, eles não só deixarão de ser ricos, como, da mesma maneira que os pobres, eles deixarão de existir. Será que é tão difícil entender esta questão? Temos apenas duas alternativas: ou tentamos salvar o planeta custe o que custar, graças ao pagamento de quem pode pagar ou morremos todos, independente da condição econômica que tenhamos.
Os ricos e os pobres têm que se unir em torno da primeira alternativa, porque esta, além de ser única alternativa economicamente viável é também a única que poderá garantir a continuidade da espécie humana e do planeta. Os pobres se quiserem viver, têm que pressionar os ricos para que cumpram sua obrigação e os ricos, se quiserem viver, têm que pagar todas as contas que forem necessárias.
Em quanto isso, Deus, que segundo Einstein, não joga dados, está só observando o total acumulado das apostas e deixando que nós, pobres mortais, joguemos os dados por nossa conta. Não tenho dúvidas de que a Natureza não está contra o homem, porém, por outro lado, tenho certeza de que ela está do lado de Deus. Enquanto isso, a maioria dos homens de Poder continua rezando de braços cruzados ou com as mãos fechadas dentro dos bolsos só para ver o que acontece.
Lamento informar, mas quem continuar apostando na Mágica da Ciência vai perder e quem continuar esperando a Boa Vontade de Deus também, porque a Ciência já jogou a toalha e Deus, pelo menos dessa vez, parece que não está querendo tomar nenhum Partido. Aguardemos os próximos acontecimentos, se ainda houver tempo...
Luiz Eduardo Corrêa Lima