Como Conciliar o Futuro do Planeta com o Homem do Futuro?

“Se eu tivesse o efetivo poder de prever o futuro, me preservaria no presente e gradativamente tentaria voltar ao passado, porque tenho muito medo das coisas que os novos tempos poderão trazer para o planeta e para o homem. A Humanidade precisa acordar para a realidade a sua volta e atentar para o fato de que as perspectivas futuras são assustadoras”.

A partir dessas afirmativas iniciais, quero começar a desenvolver o meu breve relato neste ensaio sobre a existência humana nesse planeta único e maravilhoso chamado Terra. Existência que, em termos geológicos, é extremamente recente e que, infelizmente, anda bastante comprometida por conta de uma sucessão erros que nossa espécie tem cometido em relação a sua própria manutenção e continuidade no planeta.

Não sou capaz de adivinhar nada, mas tenho muito medo e creio que, a julgar pelos acontecimentos que temos observado ultimamente, os tempos vindouros não deverão ser bons tempos para a grande maioria de nós, humanos. Desta maneira, prefiro, em certo sentido, me voltar para o passado no intuito de tentar entender o que poderíamos ter feito, mas que até aqui não fizemos, para tentar mudar o flagelo que, ao que parece, está perigosamente se aproximando, qual seja, a extinção sumária e precoce de nossa espécie.

Somos uma espécie curiosa e inteligente, a qual de tanto vasculhar sobre as demais coisas naturais do planeta e do universo, em dado momento da nossa história evolutiva, começamos a trocar os pés pelas mãos e desencadeamos a fazer bobagens que culminaram, na atualidade, com uma infinidade de problemas ambientais. Agora, ao que parece, estamos numa encruzilhada e não podemos errar mais, porque a partir daqui existe grande possibilidade chegarmos num beco sem saída e sem retorno. Nós não temos muito tempo para perder. É preciso que se faça alguma coisa urgente, no sentido de restaurar determinadas coisas que ainda são possíveis ou o fim será inevitável e nossa espécie se extinguirá compulsoriamente, depois de uma curtíssima passagem planetária.

O IPCC (Painel Intergovernamental Sobre a Mudança do Clima), criado em 1988 pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) tem nos informado em seus relatórios, a posição de cerca de 2500 cientistas do mundo sobre a questão do Aquecimento Global. Os relatórios do IPCC foram apresentados ao mundo em 2007 e ainda que de forma modesta e conservadora, haja vista que situação é bem mais séria do que foi efetivamente informado, sobre a condição em que o planeta e nós nos encontramos no que se refere ao Aquecimento Global e suas consequências drásticas e da difícil possibilidade de reversão do quadro atual.

Logo após a apresentação do Primeiro Relatório (fevereiro de 2007) houve um grande alarde. Depois do segundo, o barulho já foi menor e no terceiro quase ninguém falou nada. Voltamos a mesmice e ninguém fala mais no assunto, como se estivesse tudo normal ou como se nada pudesse acontecer. De qualquer forma, sempre é bom lembrar que muito antes dos 3 relatórios do IPCC, muitos cientistas já chamavam a atenção para os riscos que eminentes das nossas ações planetárias inconsequentes. Mas, ao que parece, ninguém nunca esteve preocupado com essa questão.

Nós nunca quisemos ouvir os cientistas e vários de nós continuamos não querendo acreditar no que diz o IPCC. Preferimos aceitar as meias verdades e os subterfúgios provenientes dos setores econômicos ao invés de aceitarmos o conhecimento científico. Assim, nos iludimos nas balelas e nos engodos que nos foram apresentados, aqui e ali, por alguns humanos que pensam ser mais espertos do que os outros e que conseguem enganar um grande contingente de pessoas no mundo todo.

A situação, embora triste e calamitosa, passa a ser até cômica, quando esses “humanos anômalos”, talvez fosse melhor chamá-los de “anti-humanos”, procuram inventar situações absurdas para querer convencer aos outros que não existem problemas e que se até houvessem eles seriam resolvidos facilmente, porque temos o domínio tecnológico sobre as coisas planetárias. É pena que a maioria de nós, inclusive a Mídia, esteja tão envolvida e preocupada com o próprio umbigo ou com questões menos importantes e que por isso não possa fazer julgamento pleno sobre o verdadeiro grau dessa situação caótica e acaba sendo ludibriada por esses “anti-humanos”.

Já superamos a capacidade limite do planeta e ainda não os demos conta desse fato. Continuamos reproduzindo novos humanos absurdamente, utilizando recursos naturais descontroladamente, degradando e poluindo o planeta sem nenhum critério porque só nos interessamos pelos valores econômicos. O planeta passou a ser um tipo de brinquedinho e a maioria dos humanos são as marionetes que ilustram e que atuam na encenação da brincadeira, manobrados por outros “humanos anômalos”, que só pensam em dinheiro.

O pior é que isso tudo se passa com o apoio generalizado da grande maioria dos governos, os quais também agem como co-autores do teatro de mentira organizado pelos “humanos anômalos”, os quais, embora poderosos, são verdadeiros idiotas a serviço do interesse exclusivamente econômico e que estão dando tiros no próprio pé. É lamentável que os governos que os homens elegem para melhorar a vida das diferentes comunidades humanas, também têm trabalhado bastante na contramão do interesse da humanidade.

Várias perguntas decorrem dessa questão. Como sair dessa situação vexatória de poucos dominando muitos? Como mudar o quadro em favor da maioria? Como começar a minimizar a desgraça e fazer crescer a esperança de que as coisas, ainda que difíceis, podem e devem melhorar efetivamente? Como fazer os Governos e a Mídia passarem para o nosso lado? Quando vamos começar a trabalhar e partir para resolver os problemas, se é que ainda existe essa possibilidade?

Temos necessariamente que buscar no passado todas as respostas para tentarmos galgar o futuro, porque os erros não são nada atuais. Ao contrário, os erros são muito antigos e vieram se acumulando ao longo do tempo e o passivo ambiental histórico é muito grande.

De maneira Geral, os estudiosos têm atribuído o erro principal à Revolução Industrial, mas, na verdade, começamos a errar muito antes, quando esquecemos (deixamos de lado) a nossa condição natural primária e resolvemos assumir uma postura social absoluta como espécie “Dona do Planeta”. Em dado momento da história passamos a entender que o planeta está aí apenas para servir aos nossos interesses e o resto que de dane. Entretanto, nunca nos preocupamos exatamente em saber quais deveriam ser os interesses de toda coletividade, porque os grupos corporativos sempre trabalharam em prol de si mesmo. Desta forma o individualismo e o egoísmo não só suplantaram, como quase exterminaram o coletivismo e o altruísmo.

Deste modo, agindo no interesse de minorias corporativas, resolvemos assumir a nossa missão e assim edificamos e desenvolvemos cidades, desmatamos e extinguimos espécies, mudamos cursos de rios e aterramos mares, derrubamos montanhas e cobrimos depressões, além de inúmeras outras coisas. Fizemos tudo isso, em nome daquilo que erroneamente resolvemos denominar de “progresso”. Achávamos mesmo que éramos detentores de todo o Poder e que tínhamos o planeta em nossas mãos.

Com o tempo, a Lei de Ação e Reação (III Lei de Newton) que diz: “a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e direção em sentido contrário”, começou a se apresentar e as ações da natureza em respostas às ações humanas foram ficando cada vez mais frequentes e contundentes. O homem, de repente começou a perder a luta e a natureza gradativamente foi assumindo as rédeas do jogo novamente. Foi então que a humanidade finalmente pode observar que o planeta já tinha um dono, que era muito mais forte do que o homem podia pensar e que assim a espécie humana não poderia ser “dona do planeta”. Entretanto, essa constatação não serviu para redimir o homem, que continua fazendo as coisas erradas até hoje.

Por conta disso, a situação está de tal maneira, que a natureza está dando uma “verdadeira goleada” e nós não sabemos se deveremos ou se poderemos conseguir virar a partida, ou pelo menos, se minimizaremos o resultado catastrófico. Ao que parece, já perdemos a partida, mas não podemos, se quer, desistir ou mesmo “jogar a toalha”. Temos que continuar jogando, apesar da derrota certa. Ora, se isso é verdade, porque não aproveitamos para começar a fazer coisas direito? Diz o ditado que: “nunca é tarde para começar”.

Se fizermos a lição de casa corretamente, nosso futuro poderá ter a cara do passado, mas ainda assim será um futuro. Caso contrário, se continuarmos com a orientação do presente, onde o individualismo, o aumento populacional e o consumismo exacerbado dominam as ações humanas, o futuro simplesmente não existirá ou, se até existir, será terrível e bem pior do que possa ter sido qualquer fase do passado.

Cumpre exclusivamente a nós, a escolha entre o nada e o talvez. Espero que mostremos mais uma vez que somos uma espécie inteligente e assim, aparemos as nossas arestas, corrijamos os nossos erros e vivamos doravante num único país chamado Terra. Esqueçamos de uma vez por todas o corporativismo sectário, os interesses pessoais e escolhamos o caminho correto e único que poderá garantir a sobrevivência da espécie humana. Para tanto precisamos tratar imediatamente de quatro questões: o controle populacional humano, a recuperação ambiental do planeta, a implementação efetiva do cooperativismo entre todos os homens e o respeito aos ambientes naturais e às demais espécies vivas.