DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLONS

Depois do caso do divertículo intestinal do quase presidente Tancredo Neves, esse achado gastrenterológico ficou muito popular.

A DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLONS, nome pomposo dos divertículos do intestino grosso, é um dos diagnósticos mais comuns em gastrenterologia.

É interessante dizer que cólon é sinônimo exato de intestino grosso e que divertículo pode aparecer em qualquer parte do tubo digestivo.

Com a idade podem aparecer pequenas formações saculares na parede do intestino grosso. São chamadas de divertículos. O fato de se ter divertículo, o que não constitui uma doença, é chamado de DIVERTICULOSE. A infecção do divertículo é que chamamos de DIVERTICULITE.

Os divertículos aparecem por duas causas. (1) Aumento da pressão dentro do intestino, fato que se observa na constipação intestinal (prisão de ventre). (2) Fragilidade da parede do intestino, mais comum nos idosos.

Como na maioria dos casos a diverticulose é assintomática sua descoberta é sempre casual. Ou por um exame feito para outra doença ou em um check-up, geralmente na tomografia computadorizada do abdome.

Uma vez descoberta sua presença, o único cuidado que se deve ter é manter uma perfeita função intestinal. Caso haja tendência à constipação, aumentar o resíduo dos alimentos (uso de farelo de trigo é barato e ajuda bem) e não deixar de ingerir líquidos em boa quantidade.

Acredita-se que 50 por cento das pessoas acima de 70 anos tenham divertículos no intestino. É importante frisar também que apenas 3 por cento entram em crise aguda. Diverticulite aguda não é sinônimo de cirurgia. Muitos casos são resolvidos clinicamente.

Os sintomas mais comuns que podem surgir no início da doença são: dores no abdome, diarreias e mudança do ritmo intestinal. Sangue nas fezes.

A presença de sangue vermelho nas fezes é um sinal alerta. Doenças graves como câncer podem ser reconhecidas por esta descoberta. Diverticulite também pode dar sangue nas fezes, significando maior gravidade. Quantidade menor de sangue pode ser invisível a olho nu, daí a importância da chamada pesquisa de “sangue oculto” nas fezes. Exame que, por ser de extrema facilidade, deve nos ajudar não nas só complicações de doenças intestinais, como também no rastreio de doenças graves do tubo digestivo, importantíssimo na prevenção. Nunca se esquecer que a ingestão de carne ou mesmo vegetais verdes, pela clorofila, podem falsear resultados. Impõe-se, pois, restringi-los três a cinco dias antes do exame.

Surgindo esses sintomas, o diagnóstico da doença diverticular dos cólons é feito por radiografia (clister opaco ou radiografia do intestino após uso oral de contraste), colonoscopia, tomografia computadorizada e colonoscopia virtual. Esses exames se diferenciam pelo tipo de contraste usado para tornar visível o intestino grosso. Na radiografia, o contraste usado é o sulfato de bário, na tomografia é uma solução iodada via venosa e na colonoscopia virtual, simplesmente o ar.

O tratamento visa regularizar o trânsito intestinal. Não pode haver nem diarreia nem constipação, nem tampouco alternância de diarreia com constipação. Antiespasmódicos e analgésicos para quadros dolorosos. Antibióticos específicos indicados por antibiograma das fezes. Hidratação adequada. Soro caseiro vem bem – em um litro de água, uma colher das de sopa de açúcar e uma colher das de chá de sal de cozinha.

Uma orientação alimentar tem também o seu lugar. Abaixo uma relação dos alimentos mais nocivos que devem ser evitados durante o tratamento:

Leite integral. Pode o sem lactose.

Feijão. Grão de bico. Lentilha. Canjica.

Frutas cítricas e seus sucos – limão, laranja, maracujá, abacaxi, caju, acerola, kiwi, maçã ácida. São as mais comuns

Molhos fortes – mostarda, ketchup, molho à campanha, pimenta e outros. Álcool destilado.

NB. – A ingestão de mini caroços como os de goiaba ou sementes de tomate não trazem problemas para agravar os sintomas.

Há também um interessante procedimento proposto pelo inglês Truelove que procura fazer uma esterilização mensal programada do intestino com medicação própria para isso, com a finalidade de prevenir e evitar infecções.

Como os divertículos não desaparecem, devemos ter sempre atenção com eles. Há que se fazer visitas regulares ao médico e mantê-lo sempre informado sobre qualquer novidade abdominal.

A radiografia do abdome após uso oral de contraste também é um recurso simples e barato para acompanhar o paciente.

A evolução para câncer é desprezível e não deve ser usada pelo médico como ameaça.

Geraldo Siffert Junior
Enviado por Geraldo Siffert Junior em 18/09/2024
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