TRABALHE, SEUS RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS. 2 parte!

 

Todo mundo está fazendo o melhor que pode. Existe um conceito muito importante na psicanálise, que é: o conceito mecanismo de defesa. O mecanismo de defesa, é uma operação psicológica; um processo psicológico que utilizamos, na maioria das vezes, de maneira inconsciente, para nos proteger e, para protegermos o nosso eu da experiência, da angústia, da ansiedade; entretanto, a experiência da angústia e da ansiedade sempre aparece em nós, quando o nosso eu se encontra numa situação de ameaça ou de perigo, por exemplo: você  sabe a percepção que você tem do seu eu, você se sabe como é ser uma pessoa extremamente honesta; você gosta de se perceber dessa forma, e, é assim, que você quer se enxergar. Mas aí, de repente, você não é o santo que pensa ser. De repente, você se percebe tendo desejos ou, até, fazendo determinadas coisas, que não são exatamente honestas, do ponto de vista ético e moral. Ora, esse desejo de fazer algo desonesto, até mesmo esse comportamento desonesto, entra em contradição com a imagem que você formou de si. Vai de encontro a essa percepção de uma pessoa boa e honesta; e, essa contradição, por sua vez, esse conflito, levará você necessariamente a experimentar uma angústia avassaladora dentro de si, e você passa a experimentar a ansiedade. Você começa a se dar conta de que você não é esse santo que tanto imaginou; de que você, não é tão perfeito como tem se apresentado para as pessoas. Você percebe que tem contradições dentro de você e sentirá ameaçado por você mesmo; por essa parte de você mesmo, que tem desejos desonestos, ou até tem comportamentos desonestos. Homens tidos como santos, como Santo Agostinho e Lutero, viveram essa dicotomia. E, aí, para se proteger dessa angústia; para se proteger dessa ansiedade, você pode lançar mão de um mecanismo de defesa. Por, exemplo: recalcar, reprimir, esse desejo desonesto ou, a memória do comportamento desonesto que você teve. Você pode simplesmente deletar isso da sua consciência e continuar vivendo a sua vida como se aquilo nunca tivesse acontecido. A Maioria de nós, já fez isso! Outro mecanismo de defesa que você pode utilizar, é a projeção. Você, ao invés de reconhecer que tem desejos desonestos, ou agiu de maneira desonesta, começa a projetar isso em outra pessoa. Você passa a acreditar que, na verdade, são as outras pessoas que são desonestas; mas, você não! Você é perfeito! A gente vê muito isso, em pessoas religiosas. A pessoa lança mão de uma formação reativa, exagera o comportamento, que é exatamente o oposto daquele que está presente nela e que faz com que ela se sinta ameaçada; então, ela percebe nela mesma, um desejo desonesto. Isso leva ela a se sentir ameaçada, porque ela não quer se perceber, nem ser vista, daquela forma; então, para compensar suas más qualidades e defeitos, para se defender deles, a pessoa começa a se tornar outra; cria um estereótipo de honesta, de educada, mais santa; de legalista! E, não mais consegue avaliar dentro dos contextos, aquilo que pode, e que não pode ser feito. Ela se torna uma pessoa moralista! Estou falando aqui de alguns dos mecanismos de defesas que existem, para mostrar, que todos nós, fazemos uso desses mecanismos. Todos nós estamos buscando proteger a nossa autoimagem; todos nós, estamos buscando proteger o nosso ego de determinados desejos e inclinações que consideramos perigosos e ameaçadores para nós mesmos. Todos nós estamos fazendo isso, agora! Ou seja, todos estamos fazendo o melhor que podemos para lidar com todas essas questões que acontecem dentro de nós. Às vezes, nós não nos defendemos necessariamente de desejos que entra em contradição com a nossa imagem. Às vezes, nós nos defendemos de determinadas memórias traumáticas vindas de situações que passamos a vivenciar. Há pessoas que podem se tornar, por exemplo, extremamente submissas ao controle dos outros, buscando fazer tudo aquilo que os outros querem, porque inconscientemente, elas acreditam, que se elas tiverem esse comportamento camaleônico, esse conceito de adaptar-se ao desejo do outro, o tempo inteiro, estarão protegidas de vivenciarem uma experiência tão aterrorizante quanto a experiência que elas vivenciaram na infância. Uma pessoa como essa pode ter lidado com um pai muito agressivo, que não lhe permitia se manifestar; se expressar de maneira espontânea; então, ela acaba utilizando essa postura camaleônica, de que vou me adaptar a tudo que os outros querem; vou agradar todo mundo. Vou fazer tudo que o outro deseja; não vou dizer não, há nenhuma demanda do outro. Ou, de repente, a pessoa pode utilizar isso como defesa. Se eu fizer algo diferente daquilo que de fato ele deseja, sofrerei algum tipo de punição. Ela pensa que, novamente, vai sofrer algum tipo de ataque, porque foi isso que aconteceu quando ela era criança. Então, nós estamos sempre fazendo o melhor que nós podemos. Quando você entende isso, quando você entende que está todo mundo se defendendo, no final das contas, você se tornará uma pessoa mais tolerante e mais compreensiva. Aqui podemos dizer que essas três lições podem ser resumidas na primeira. Entendendo, que todos esses processos acontecem conosco; e que por fatores inconscientes; e, que as nossas relações podem estar sendo contaminadas no processo de transferências. Estamos o tempo todo fazendo uso de mecanismos de defesa. Quando a gente entende tudo isso, nos tornamos mais misericordiosos; mais compreensivos; mais tolerantes, um com o outro. Tenho certeza que relações marcadas por mais tolerância, mais compreensão e por mais empatia, são relações mais saudáveis.