Alzheimer e a Esquizofrenia moram lá em casa!
Pois é, quem diria que eu haveria de conviver com tão estapafúrdia sociabilidade!
Minha mulher que toda vida se equilibrou no salto alto, agora reclama de uma mera rasteirinha no pé!
Quem foi educada na etiqueta francesa, hoje pasmem, cospe no prato, limpa a boca na toalha da mesa, escolhe a comida como quem encontrou algo nojento. Limpa o nariz na barra do vestido, abdicou dos banhos e escovação dos dentes. Sua roupa caseira é a mesma pra dormir e sair. Qualquer contrariedade se exalta, atira o que lhe aparece a vista, fica agressiva.
Tem fome depois das refeições. O trivial arroz, feijão, ovo frito e batata já não a satisfazem. Os congelados não mais lhe apetecem. Estou cuidador de tripla função, cozinheiro e faxineiro. Até quando meu Deus!
Pergunta dos seus falecidos como se vivessem até hoje! Procura por mim, que estou ao seu lado. É a minha sombra a onde eu for, até no banheiro.
No melhor do aconchego do lar ela me pede para ir pra casa dela. Saímos com o carro, damos uma volta no quarteirão e chegamos em casa. Que alegria e satisfação dela voltar pra casa!
Não sei se fui ingênuo ou romântico em lhe prometer na saúde e na doença, na alegria e na tristeza?