MULHERES APAIXONADAS
Nair Lúcia de Britto
Giulia Gam não sabe, mas sempre tive uma admiração especial por essa atriz. Sua doçura, amabilidade e um talento extraordinário.
A rede Globo teve a feliz idéia de reapresentar a novela “Mulheres Apaixonadas”, uma obra-prima do dramaturgo Manoel Carlos, que consagrou Giulia Gam como uma grande atriz.
A novela ressurge num momento crucial para muitas mulheres. Nem as idosas escapam de tanta maldade. Giulia interpreta Heloisa, uma mulher que sofre um transtorno psicológico por amar demais. É tão apaixonada pelo marido que não enxerga mais nada a sua volta. O medo de perdê-lo causa-lhe um ciúme doentio que foge à compreensão do parceiro, o qual é indiferente ao sofrimento dela. Nada faz para ajudá-la. Só quer se livrar-se daquele relacionamento desgastante.
Lembro-me de uma reportagem do jornalista Roberto Cabrini, junto a um presídio feminino. Um número elevado de mulheres estavam presas por amarem demais homens que acabavam por envolvê-las em seus crimes.
Recentemente Monique Medeiros foi novamente presa sob a acusação de ser cúmplice na tragédia que aconteceu com seu filho. Nas redes sociais a chamam de psicopata, o que repudio. Seu comportamento se enquadra no da personagem de Heloísa. Decorre de uma intensa carência afetiva e requer orientação e tratamento. Pelo homem amado se colocam em risco, abandonam os próprios interesses e se excedem na vaidade.
A novela sugere atenção para as mulheres vítimas desse transtorno. A condenação dessas prisioneiras deve ser reavaliada para que não se cometam injustiças. No caso de Monique houve um agravante que a prejudicou ainda mais. Ela foi dopada com medicamentos. Não foi a única a única ser enganada; milhares de brasileiros também foram.
O amor não vem do corpo físico, vem do espírito. Quem ama não machuca, não mata, não subestima. Quem ama só quer fazer o ser amado feliz.