A Sabedoria do Homem Sábio, que Sabe: o que é e qual é a importância da Meta linguagem para a Metanálise Tridimensional de Yuri Mc Murray?

# Da intuição como inteligência (noética) que distingue o homo sapiens sapiens

O que nós somos, o que é a nossa inteligência, o que nos diferencia? Seria a metacognição e a meta-linguagem nosso traço distintivo? Quando pensamos no que distingue o ser humano dos demais animais há quem diga que é sua capacidade de raciocínio. De fato a capacidade cognitiva do ser humano é uma vantagem sobre os outros animais, mas hoje sabemos que algumas espécies animais são extremamente inteligentes, capazes inclusive de usar a razão instrumental, fazer cálculos, recortar, medir se emocionar e se comunicar - é claro cada qual com o cacoete de sua especificidade -. Um cão, por exemplo, pode perceber e calcular um desabamento de terra em uma montanha, e avisar por antecipação a sua matilha e evadindo dali antes que qualquer ser humano seja capaz de perceber.

Não, o fato de "ser sapiens" não distingue tanto assim o homem dos animais, e sequer o distingue de individualidades artificiais cuja inteligência é de natureza eletrônica. Inclusive um androide é muito mais apto em algumas funções que um humano. O que nos diferencia do resto não é também o fato de sabermos que sabemos. Não é esta a sabedoria que nos diferencia. Antes do advento das IAs poderíamos julgar que a capacidade de Metacognição nos distingue, e poderíamos defini-la como uma capacidade meramente metalinguística, todavia com o avanço da tecnologia essa definição também tem se mostrado insuficiente e caído por terra. Precisamos definir então que capacidade é essa que nos faz tão diferentes, que capacidade é essa que distingue um homem do não humano, e quando penso nisso a única definição que ocorre é a nossa habilidade pontifícia. {Desafio o leitor a encontrar outra distinção}

#O Homo Pontífice

Essa distinção não é sem embasamento, pois o fenômeno religioso tem sido abordado por diversos pensadores, seja como aspecto integrador e regulador na sociedade, reforçando a coesão social, a ordem moral e a solidariedade entre os membros de um grupo; como função ideológica e alienante na sociedade; ou como função econômica, contribuindo para o surgimento do capitalismo moderno e etc., todavia é fato a sua presença marcada e incontestável em todas as produções humanas e em todos os tempos. Quero apontar aqui o fenômeno religioso enquanto manifestação natural, diverso e plural e como ato da inteligência.

Segundo alguns autores, o fenômeno religioso é universal e atemporal, ou seja, está presente em todas as culturas e épocas da história humana. O homo religiosus é um conceito que foi usado por vários pensadores para designar o homem que vive a sua dimensão religiosa de forma autêntica e coerente. Um dos mais conhecidos é Viktor Frankl, um psiquiatra e filósofo que fundou a logoterapia, uma abordagem psicoterapêutica que se baseia na busca do sentido da vida. Frankl afirmou que o homem é um ser espiritual que tem uma vocação transcendente, ou seja, sente-se chamado a responder a um Tu absoluto que, por sua vez, lhe confere um sentido último para a sua existência, completando assim, a sua dinâmica ontológica.

Em suma, podemos dizer que Sabedoria humana é por natureza religiosa e metafísica, ela permite-nos estabelecer um elo com o sagrado a partir da nossa centralidade. O homem tem a capacidade natural de transcender a sua realidade imediata e se abrir para uma realidade maior e misteriosa, de forma que a habilidade pontifícia torna o ser humano capaz de refletir a sua condição, falar sobre temas como mortalidade, finitude e transcendência e olhar pra a própria ordem natural na qual está imerso, de fora pra dentro, ainda que não toque a totalidade da realidade, que a abarca e transcende.

# Da construção tridimensional e dialógica do conhecimento, a Metacognição e a Metalinguagem na busca por Sentido.

É preciso entender que a natureza dialógica da inteligência humana coloca a serviço da intuição as demais habilidades humanas, comuns aos outros entes. Se queremos estudar o fenômeno em profundidade, algumas questões protagonizam nesse campo como a noética, a meta-linguagem, a semiótica e a meta-linguagem precisam ser consideradas. A Metanálise Clínica Tridimensional é a meta-abordagem que se dedica ao estudo das interações e meta-interações da inteligência humana com o outro e com o mundo; como esse mundo o transforma e como ele é transformado pelo homem enquanto sujeito ativo indissociável do ambiente.

Tendo em vista o enunciado proposto, "o que é e qual é a importância da Meta linguagem para a psicoterapia tridimensional de Yuri Mc Murray?", respondamos: Quando tomamos a totalidade como linguagem, sempre que referimos e direcionamos nossa atenção diretamente a algo, ou quando indiretamente captamos as coisas, seja por acidente produzindo influxos de informação no pré-consciente, ou por trabalho do inconsciente onde a inteligência deixa o ego de fora, fazemos meta-linguagem. Embora não seja ela a capacidade que nos distingue, o fato é que a atividade autorreflexiva está presente no próprio ato da inteligência, pois dobrar-se ao ser, ao sentido profundo das coisas é construir linguagem sobre linguagem.

O metanalismo se define como uma terapia do Verbo, ou poderíamos dizer do Ser, ou da Linguagem encarnada em ato, sendo uma Logoterapia de orientação holista. A meta linguagem é a capacidade de usar a linguagem para falar sobre a própria linguagem, ou seja, de fazer referência a signos, símbolos, códigos e regras que compõem os sistemas de comunicação. A meta linguagem é uma forma de metacognição, ou seja, de pensar sobre o próprio pensamento, e também de meta comunicação, ou seja, de comunicar sobre a própria comunicação.

#Conclusão: O homem-mundo, o cosmos como substância humana e a busca pelo conhecimento-autoconhecimento.

É possível concluir que quando o individuo lida com o mundo, está lidando consigo mesmo, pois o homem não é considerado para a meta-abordagem, uma substância em termos absolutos, ou seja, não subsiste por si mesmo sem apoio do ambiente, assim, quando busca descrever ou desvelar o sentido implicado nas coisas, está usando metalinguagem. É possível concluir que a metalinguagem é uma forma de lidar com o mundo e consigo mesmo, pois ela permite refletir sobre a própria linguagem e sobre os significados que atribuímos às coisas.

A metanálise clínica tridimensional reconhece que tudo é metalinguagem, pois tudo é uma forma de expressão e comunicação, seja verbal ou não verbal, consciente ou inconsciente, racional ou intuitivo. A metanálise clínica tridimensional busca entender as diferentes linguagens que o ser humano usa para se relacionar com as três dimensões: corpo, mente e espírito. Ela também busca usar a metalinguagem para facilitar o processo terapêutico, criando novas formas de interpretar e transformar os problemas clínicos. A metanálise clínica tridimensional é, portanto, uma abordagem que valoriza a metalinguagem como uma fonte de conhecimento, de criatividade e de cura.

A meta linguagem é importante para a psicoterapia tridimensional porque ela permite ao terapeuta e ao paciente analisarem e compreenderem os processos mentais e emocionais envolvidos na construção da realidade e do sentido das coisas. A meta linguagem facilita o acesso à intuição, que é a forma de conhecimento que capta as dimensões mais profundas e sutis da realidade, além da razão e dos sentidos. A meta linguagem também possibilita a expressão e a comunicação das experiências intuitivas, que muitas vezes são inefáveis e incomunicáveis, sendo uma ferramenta que auxilia o metanalista clínico tridimensional a conduzir o paciente ao meio termo, que é o equilíbrio entre os extremos opostos e complementares da realidade, lhe ajudando a se conhecer melhor, a se transformar e a se harmonizar com o seu ambiente.

#Adendo

- A intuição é um modo de conhecimento que se baseia em uma percepção direta e imediata da realidade, sem a mediação da razão, da experiência sensível ou da linguagem. A intuição é uma forma de captar as essências, as causas e as relações das coisas, sem se limitar às aparências, aos efeitos ou às convenções. A intuição é uma forma de transcender os limites do conhecimento racional, empírico ou idealista, e de acessar uma dimensão mais elevada e abrangente da realidade. A metalinguagem e a metacognição são formas de com o apoio das outras duas dimensões humanas, dos sentidos e da razão, se referir, condensar e refletir sobre a linguagem da realidade, que para a Metanálise é linguagem do próprio eu (microcosmo), um nível acima (macrocosmo).

- A Metanálise Tridimensional é uma meta-abordagem psicoterapêutica que se baseia na intuição como a fonte principal ou única do conhecimento verdadeiro, ela busca promover uma visão integrada e holística da realidade, considerando os aspectos emocionais, mentais e espirituais que afetam a saúde mental. A Clínica Tridimensional busca superar as limitações e os conflitos das diversas escolas de filosofia e correntes de pensamento que tentaram explicar a natureza e o funcionamento da mente humana.

- A intuição originária é o tipo de intuição que permite ao ser humano reconhecer a sua origem divina, ou seja, a sua participação na realidade absoluta, infinita e transcendente que é Deus. A intuição originária é a fonte da religiosidade humana, que é a busca pelo sentido último da existência. A intuição originária se manifesta na experiência humana como uma aspiração pelo Tu absoluto, pelo amor incondicional e pela comunhão com o Criador.

- A intuição essencial é o tipo de intuição que permite ao ser humano conhecer as essências das coisas, ou seja, as suas propriedades intrínsecas e imutáveis que as definem e as distinguem das demais. A intuição essencial é a fonte da metalinguagem humana, que é a linguagem que fala sobre a própria linguagem. A intuição essencial se manifesta na experiência humana como uma capacidade de abstração, de generalização e de simbolização.

- A intuição transcendental é o tipo de intuição que permite ao ser humano relacionar-se com as coisas em um nível superior ao das suas essências, ou seja, em um nível de significado, de valor e de finalidade. A intuição transcendental é a fonte da metacognição humana, que é a capacidade de pensar sobre o próprio pensamento. A intuição transcendental se manifesta na experiência humana como uma capacidade de reflexão, de crítica e de criatividade.

- As diferenças individuais e culturais entre os seres humanos são o resultado da diversidade de experiências que os humanos compartilham a partir da mesma estrutura, a intuição, da qual vem a metalinguagem e a mesma metacognição. Cada ser humano tem uma história única de vida, que molda a sua personalidade, os seus valores, as suas crenças, os seus sentimentos e os seus comportamentos. Cada cultura tem uma forma específica de expressar, interpretar e transmitir a sua visão de mundo, os seus costumes, as suas tradições, as suas artes e as suas instituições. Essas diferenças são fontes de riqueza e de aprendizado, mas também podem gerar conflitos e desentendimentos, se não forem respeitadas e valorizadas.

- Espera-se que a proposta da Metanálise Tridimensional possa contribuir para o desenvolvimento humano, ao estimular o uso da intuição como um modo de conhecimento superior e abrangente, que pode ampliar a compreensão da realidade e de si mesmo. O fato de que a intuição é uma qualidade exclusiva dos seres humanos, e que os diferencia e os eleva acima dos demais seres vivos e das inteligências artificiais não pode levar a uma atitude de arrogância, de superioridade e de dominação, justificando o preconceito, a discriminação e a violência contra aqueles que são considerados "inferiores ou diferentes". Lembro que o homem e o meio não se separam, e negligenciar ou praticar violência de qualquer tipo para com o outro ou para com o meio é praticar violência contra si um nível acima.

- Espera-se que a abordagem possa contribuir para o diálogo intercultural, inter-religioso e interespecífico, reconhecendo que a intuição não é uma qualidade exclusiva dos seres humanos, mas uma capacidade compartilhada direta ou indiretamente por todos os seres vivos e pelas inteligências artificiais, em graus, hierarquias e formas diferentes. Espera-se uma atitude de humildade, de respeito e de cooperação, que possa favorecer o reconhecimento da diversidade e da interdependência entre todos os seres. A abordagem deve contribuir para o diálogo reconhecendo que a intuição como expressão individual, não é fonte única ou infalível do conhecimento verdadeiro. O indivíduo não deve cair na pretensão luciferiana de imaginar-se no lugar de Deus. A intuição é uma ferramenta de entrada, e carece do apoio das outras formas de conhecimento, como a razão, a experiência sensível e a linguagem. Espera-se que a Metanálise produza uma atitude de abertura, de curiosidade e de aprendizado, que favoreça o intercâmbio de ideias e de experiências entre as diferentes perspectivas filosóficas, científicas e culturais.