OS ANTIDEPRESSIVOS VICIAM?

Texto de Fernando Vieira Filho¹

 

Sempre sou questionado sobre a possibilidade de os medicamentos antidepressivos induzirem dependência física ou vício. No entanto, o que ocorre com os antidepressivos é uma noção frequentemente mal interpretada pelo público em geral, confundindo a tolerância orgânica com a "dependência".

 

Os antidepressivos, devido ao seu uso prolongado, tendem a gerar, ao longo do tempo, uma adaptação fisiológica ao composto químico. Isso significa que uma dose maior é necessária para alcançar o mesmo efeito. Consequentemente, quando o tratamento da depressão é concluído, os médicos frequentemente recomendam um processo gradual de desmame ou redução da dose.

 

Lamentavelmente, muitos pacientes não seguem essa recomendação médica. Eles interrompem abruptamente o uso do medicamento, e em um curto ou médio prazo, os sintomas depressivos retornam de maneira avassaladora, em uma espécie de "tsunami" emocional. Isso é conhecido como efeito rebote ou depressão de rebote, e muitas vezes é mais intenso do que o quadro depressivo original.

 

Essa situação leva a um recomeço do tratamento, frequentemente com uma abordagem mais intensiva da medicação. No entanto, os pacientes podem erroneamente acreditar que se tornaram dependentes do antidepressivo, esquecendo-se de que sua própria impaciência e desobediência às recomendações médicas foram fatores contribuintes.

 

Os antidepressivos modernos são ferramentas extremamente valiosas e seguras no tratamento de diversos transtornos mentais, incluindo depressão, Transtorno Afetivo Bipolar, ansiedade, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno de Pânico, Anorexia, Bulimia, entre outros.

 

É importante ressaltar que a dependência química é mais relacionada a substâncias como as anfetaminas (estimulantes) e os sedativos da família dos benzodiazepínicos, como Clonazepam (Rivotril), Diazepam, Alprazolam, e similares. Diferentemente dos antidepressivos, que são identificados com a tarja vermelha nas embalagens, todos os medicamentos mencionados anteriormente ostentam a tarja preta.

 

O essencial é que o uso de antidepressivos seja prescrito por um médico, preferencialmente um psiquiatra. Como expressou o renomado psiquiatra Dr. Elias Barbosa (1934-2011), os antidepressivos atuam como uma "muleta abençoada", trazendo estabilidade aos sintomas, permitindo ao paciente se engajar em uma psicoterapia que aborda as raízes emocionais subjacentes à depressão.

 

¹Fernando Vieira Filho - Psicoterapeuta/clínico, palestrante e escritor.

Autor do livro CURE SUAS MÁGOAS E SEJA FELIZ! – 2ª Ed. - Barany Editora - 2012. E coautor do livro DIETA DOS SÍMBOLOS – 6ª Ed. - Melhoramentos - 2004.

É autor dos E-Books:

PSICOFÁRMACOS - Uso e aplicações de forma simples e eficaz.

PSICOPATOLOGIA - Apresentada de forma simples e objetiva - Incluindo psicopatologias infantis.

SISTEMA DE TERAPIA FLORAL do Doutor Edward Bach (Portuguese Edition) – Amazon – 2013. E-book.

 

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