A Construção dialógica do conhecimento na tópica Metanalítica Tridimensional
Segundo Yuri Mc Murray, o conhecimento é uma atividade da consciência individual, que se relaciona com a realidade por meio de quatro instâncias: intuição, razão, sentimento e emoção. Essas instâncias são modos de operação da consciência, que se combinam e se sobrepõe dialogicamente em diferentes graus.
A intuição é a instância mais elevada e mais profunda do conhecimento, pois permite captar a essência das coisas (o noúmeno) de forma direta e imediata, dando sentido ao conteúdo fragmentário da razão ou dos sentidos. A intuição é uma visão interior, uma porta para a porção metafísica (o Ser, ou Verbo) do objeto conhecido, é portanto a fonte dos estados de iluminação, do insight, que transcende as categorias lógicas e as formas sensíveis. Quando volta-se para si a intuição é a fonte do sentido da vida e da vocação pessoal. A condensação imagética do conteúdo metafísico, em relação com a razão superior é a causa do Símbolo e do Arquétipo. O idioma nativo da intuição devido ao caráter bruto de sua recepção é o delírio e a sua expressão mediada é a profecia. Intuição e consciência pertencem ao domínio da dimensão noética, embora se mantenham em mútua interação com as outras duas dimensões.
A razão inferior é a instância que organiza e sistematiza o conhecimento intuitivo. Mediada pela razão superior, utilizando conceitos, lógica e linguagem, a razão inferior (instrumental) é uma ferramenta poderosa para analisar e compreender a realidade, mas também tem limites e pode se tornar um obstáculo para o conhecimento se não for subordinada à porção superior do homem. A razão pode ser dividida em duas modalidades: a razão superior e a razão inferior. A razão superior é aquela que se orienta pela intuição e busca expressar o sentido das coisas em termos universais e objetivos. A razão inferior é aquela que se afasta da intuição e se baseia nas impressões sensíveis e nas opiniões subjetivas, funcionando entre outras coisas, como uma régua de medir. Razão superior e inferior pertencem ao domínio da Psique. Cabe lembrar que entre a razão superior e a inferior está o mental puro, a psique integra o percebido pelas instâncias superiores (noéticas) e inferiores (somáticas) e os sintetiza.
O sentimento é a instância que expressa a afetividade e a valorização do conhecimento, relacionando-o com as emoções e os desejos inferiores. O sentimento é uma reação da consciência diante do que ela conhece, por intuição, razão e impressão sensível. O sentimento pode ser positivo ou negativo, dependendo da consonância ou dissonância entre o conhecimento e a nuclearidade do indivíduo (essência). O sentimento também pode ser dividido em duas modalidades: o sentimento superior e o sentimento inferior. O sentimento superior é aquele que se harmoniza com a intuição e busca realizar o sentido da vida na prática. O sentimento inferior é aquele que se contrapõe à intuição e busca satisfazer os impulsos egoístas e imediatistas.
A emoção é a instância que reflete o estado psicofisiológico do indivíduo, influenciando e sendo influenciada pelo conhecimento. A emoção é uma resposta orgânica aos estímulos externos ou internos, que pode alterar o humor, a atenção, a memória e o raciocínio do indivíduo. A emoção pode ser positiva ou negativa, dependendo da intensidade e da qualidade dos estímulos. A emoção também pode ser dividida em duas modalidades: a emoção superior e a emoção inferior. A emoção superior é aquela que se integra com a intuição e favorece o equilíbrio e a saúde do indivíduo. A emoção inferior é aquela que se desliga da intuição e provoca o desequilíbrio e a doença do indivíduo.
O processo do conhecimento inteiro envolve todas essas instâncias em uma dinâmica complexa e variável, que depende das circunstâncias, das disposições e das escolhas do indivíduo. Não há uma ordem fixa ou linear entre elas, mas sim uma interação dialógica, recíproca e interdependente. Cada instância pode influenciar e ser influenciada pelas outras, podendo haver conflitos ou harmonias, distorções ou esclarecimentos, bloqueios ou avanços. O ideal é que haja uma integração e uma subordinação das instâncias inferiores às superiores, de modo que a intuição seja o guia e o critério do conhecimento, a razão seja o instrumento e o veículo do conhecimento, o sentimento seja a motivação e a aplicação do conhecimento, e a emoção seja a expressão e a repercussão do conhecimento.
A descrição do processo do conhecimento em Yuri Mc Murray guarda muitas semelhanças mas também diferenças com o que ensina o professor Olavo de Carvalho, aproxima e vincula a consciência ao conceito de Arquétipo, fundindo a noção de Olavo de Carvalho com a de Carl Jung. Também afirma que o mental puro é a razão propriamente dita, sintética, aproximando a noção de Olavo ao Dualismo. O sentimento em Mc Murray a depender de como se aborda, pode ser entendido como uma interação entre mente e emoção, o que também aproxima a noção de Olavo de Carvalho a de David Hume.