Vegetarianismo - Como mudar seu estilo de vida

TRECHO DO MEU LIVRO "VEGETARIANISMO - UMA MODA OU UMA EMERGÊNCIA? (TÍTULO PROVISÓRIO)

Uma característica muito forte no ser humano é o hábito de criticar. Não existem duas pessoas iguais, portanto uma ideia, para ser compartilhada, precisa encontrar apoio. Somos felizes quando encontramos um ombro para chorar nossas desilusões. Não queremos ser pessoas isoladas, queremos ser apoiados ou pelo menos compreendidos no nosso ponto de vista, o que nem sempre acontece. Se somos o resultado dos nossos antepassados, então somos vegetarianos por natureza. Se tomarmos por referência o Australopithecus Anamensis que é nosso antepassado mais antigo, vamos encontrar um povo que desconhecia o que era alimentação com carne. Eles comiam basicamente frutas, folhas e sementes. Viviam harmoniosamente, pegavam animais bem pequenos, muito fáceis de serem agarrados. Eram de índole pacífica; viveram há cerca de 2 milhões de anos. A hipótese de o ser humano ter sido caçador já foi descartada por grande parte da antropologia. Nosso ancestral precisou lutar para escapar de predadores mais fortes do que ele e foi isso que desenvolveu sua força e inteligência. A habilidade intelectual, a linguagem foram produtos do ambiente hostil em que se vivia. O que contava eram a esperteza, a agilidade e a força, logicamente.

Não foi a carne vermelha que fez com que o cérebro se desenvolvesse. Esse crescimento cerebral veio muito antes. Prova disso é que, sendo a carne hoje muito mais consumida do que nos primórdios da raça humana isso não fez com que nosso cérebro continuasse aumentando de tamanho. Nosso antepassado mais recente é o Homo Neanderthalensis (127.000 – 30.000 anos). Eles dominaram o fogo, desenvolveram armas e passaram a caçar em grupos. Dessa forma conseguiam abater animais enormes como mamutes e não tão grandes como veados.

Aqui, pode ser encontrada a verdadeira prova dos malefícios causados por um consumo excessivo de carnes ou alimentos à base de carne. O Neanderthal viveu a era glacial e todo o alimento provinha da caça. A razão disso é que não havia vegetação, então não podiam consumir plantas, nada que provinha do solo; isto pode ter causado a sua extinção. Foi só quando o homem se tornou sedentário que passou a comer a carne de maneira regular. Isto porque passaram a domesticar os animais que vinham rondar suas plantações. Eram porcos selvagens, aves, pequenos felinos, cabras. Isto se tornou fonte de alimento para eles. Então, se você está preocupado ao não utilizar a carne como alimento, imaginando que a falta dela pode prejudicar a sua saúde, saiba que o contrário é que procede.

Originariamente somos vegetarianos, vindo a carne muito depois. E esse ‘muito depois’ é bem significativo, o que nos dá uma perspectiva bem clara da desnecessidade da carne. É como se você, numa vida de 90 anos, só começasse a utilizar a carne como alimento aos 81. Com algumas exceções, acontece o oposto em nossos dias; ou seja, têm-se uma dieta carnívora ao longo de muitos anos e, só então optamos por ‘experimentar’ o regime sem carne para ver o que acontece. Estamos na contramão da nossa natureza de humanos. Deixamo-nos levar por modismos, acostumamo-nos com uma forma de alimentação fomentada pela propaganda que mascara a verdadeira natureza do produto, levando-nos a crer que estamos ingerindo poções mágicas de nutrientes que provêm do fundo das fábricas. Preocupados em zelar por nossa saúde, perdemos um tempo precioso examinando rótulos que podem conter venenos proibidos por nossos médicos. Por que então não dar um basta e este desperdício de tempo e de energia e começar a mudar o estilo de vida?

Se 80% do que está nas gôndolas dos supermercados são itens industrializados disfarçados de alimentos, por que não reverter esta situação em nosso benefício ao invés de continuarmos a nos intoxicar?

Há pessoas, e são muitas, que não conseguem fazer uma única refeição sem uma garrafa ou um copo de refrigerante ao seu lado. E por que isto acontece? Asseguro que não é tanto pelo refrigerante em si, mas por causa da moda e da propaganda. Se existem tantas frutas a nossa disposição e se sabemos que são tão importantes, além de deliciosas, por que não fazemos uso delas no lugar de algo que é pura química? É porque fomos acostumados desse jeito; não há outra explicação. O que mais vemos no mundo são pessoas com sobrepeso ou obesas que poderiam, de uma hora para outra alterar o seu estilo de vida; e como elas ganhariam com isso!

Nunca tínhamos refrigerantes em nossa mesa de refeições. Talvez eu possa estar exagerando um pouco ao dizer ‘nunca’. Mas quero enfatizar a importância da educação familiar, especialmente no que tange à alimentação. Podemos fazer isso com o refrigerante, com os alimentos gordurosos, com o açúcar e, claro, com a carne também. É só entendermos que somos criaturas de hábitos. Não importa quando ou de que forma eles foram adquiridos, mas estão em nós por alguma influência externa. E isto não se restringe à comida; acontece também com as doenças. O que vem a ser doença genética; por que está em nossos genes? Pelo fato de que nossos antepassados faziam as coisas de certa maneira e foram passando isso de geração em geração até chegar a você e a mim. É isto que significa hereditariedade: um elemento causal que vem perpetuando-se ao longo de gerações e que pode ser quebrado por uma mudança de hábito, porque somos criatura de hábitos. Aí entram uma série de fatores ligados a comportamentos. O que fazemos repetidamente algumas vezes se torna um habito cada vez mais fácil de manter, bastando para isso que se quebre a casca inicial da dificuldade. Isto se consegue pela persistência e pela fé. Consegue-se, acreditando-se que vai conseguir, como em tudo na vida. O pensamento é a mola mestre. O ponto de partida precisa ser dado. A manutenção da ação requer um período mínimo de continuidade. Superada essa barreira inicial, o resto é rotina sustentada pela perseverança.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 28/04/2023
Reeditado em 05/05/2023
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