Idosos e Fake news. Por Meraldo Zisman
(Humanizar o Médico)
A humanização do médico é fundamental para uma prática médica eficiente e eficaz, que valorize não apenas a tecnologia, mas também a relação interpessoal com o paciente. O paciente deve ser visto como uma pessoa única e não apenas como um número ou estatística.
Nos primórdios da Medicina Ocidental estava sempre presente um forte aspecto humanístico. No entanto, ao longo do tempo, ocorreu a desumanização dos médicos, não em razão do progresso médico-tecnológico, mas sim pela interferência das empresas de saúde (de toda e qualquer modalidade) e pela diminuição do papel do Estado.
Como resultado, os profissionais de saúde tornaram-se praticantes comerciais, que vendem tecnologia e pouco mais (com algumas exceções). Eles aprendem o que deve ser feito e ganham pouco mais que o suficiente para sobreviver – ou se tornam empresários, passando a ganhar muito dinheiro.
Por outro lado, o médico deve ser sempre capaz de se comunicar de forma clara e empática com o paciente, ouvindo suas preocupações e expectativas, na procura de estabelecer uma relação de confiança. É também importante que o médico respeite a autonomia do paciente, envolvendo-o nas decisões sobre seu tratamento e respeitando suas escolhas.
O cuidado com a humanização do médico também envolve a sua formação, que deve abordar não apenas os aspectos técnicos da profissão, mas também a ética e os valores humanos. É importante que a formação médica inclua disciplinas que desenvolvam a habilidade de comunicação, a empatia e a compaixão.
É fundamental levar em conta que a humanização do médico também passa pelo reconhecimento do seu papel social e pela manutenção de sua dignidade profissional. É preciso valorizar o trabalho do médico e garantir-lhe condições adequadas de trabalho, remuneração justa e segurança profissional. Dessa forma, será possível promover uma prática médica humanizada, que valorize o paciente como um ser humano integral.
Há um paradoxo em relação ao lucro na Medicina. Enquanto os empresários buscam o lucro monetário e defendem o interesse de seus acionistas, os médicos avaliam seu ‘lucro’ pessoal e seu sucesso pelo número de vidas salvas ou sofrimentos aliviados. No entanto, pressionados pelo mercado e pela busca de um sucesso socioprofissional, muitos médicos abandonam a humanização, base de sua profissão, o que ocorre especialmente em países como o nosso, onde a tecnologia não é tão avançada e a propaganda de mercado controla, na maior parte do tempo, a linguagem da medicina, visando somente ao lucro pelo lucro, Isso, apesar de termos agora, segundo dizem as estatísticas oficiais, mais de 30 milhões de brasileiros passando fome (palavra mudada agora para segurança alimentar pelo neologismo do ‘politicamente correto’).
A Medicina é, por natureza, uma prática humana, mas a maneira como ela é praticada atualmente é desumana. Embora seja grato pelos avanços da medicina que me permitem escrever estas linhas, pois que sem eles não estaria vivo para contar estas histórias, é necessário que haja ética na aplicação dessas inovações. As doenças não devem ser consideradas isoladamente, mas sim em relação à pessoa afetada pela enfermidade, considerando todo o ambiente em que vive, as leis universais que o regem e sua individualidade.
Para o médico, é importante não olhar apenas para o órgão ou organismo afetado pela doença, mas também para a pessoa em si e seus aspectos pessoais. Mais do que ser um biólogo ou naturalista, o médico deve ser um humanista. É importante continuar sendo um especialista em diagnóstico, mas nunca esquecendo que, por trás do computador, há uma pessoa sofrendo.