Possíveis fatores para explicar o aparente aumento dos "casos' de autismo nas últimas 4-5 décadas

Vacinas??

Esse ainda não.

1. Endogamia fenotípica

A "endogamia genotípica" é quando indivíduos de uma mesma família biológica: primos ou até irmãos, procriam entre si, geralmente associado a um risco mais alto de gerar descendentes com doenças congênitas ou saúde debilitada, por causa da baixa diversidade genética envolvida. Pois também parece ocorrer um outro tipo de endogamia, mas que se dá quando indivíduos com fenótipos muito parecidos procriam entre si.

Bem, e como que isso se relaciona com o autismo??

Pois você por acaso sabe onde que a incidência desse transtorno complexo tem sido mais alta??

Em regiões onde há uma grande densidade demográfica de cientistas, engenheiros, técnicos da computação, por exemplo, no vale do Silício, que fica no norte da Califórnia...

Então, um aumento nesse tipo de procriação em que pessoas escolhem seus parceiros com base em suas próprias preferências e não com quem a família escolhe, também pode estar contribuindo para aumentar a incidência de autismo.

2. Diminuição da taxa de fecundidade e aumento da idade dos progenitores

Especialmente em países desenvolvidos, casais heterossexuais têm tido menos filhos e mais tarde, atrasando a chegada do primogênito para além dos 30 anos. Essa tendência é maior para os que têm mais escolaridade. Pois o autismo está geneticamente relacionado com alto QI ou maiores capacidades cognitivas e que está associado a uma maior escolaridade. Já, ter filhos mais tarde está relacionado com o aumento da carga de mutação dos progenitores e, portanto, de suscetibilidade de gerar descendentes autistas.

Menos filhos e mais tarde + endogamia fenotípica = aumento proporcional de autistas em relação à população total. Não necessariamente um aumento bruto, mas relativo.

3. Aumento da altura média e também do percentual de 'obesos"

O autismo está relacionado com grande peso e maior capacidade craniana ao nascer, que se relacionam com maior peso e altura em indivíduos adultos.

Então, menos filhos e mais tarde + endogamia fenotípica + aumento da altura e/ou peso da população = aumento da suscetibilidade ou risco (dependendo da gravidade) de ter filhos autistas OU no espectro/ aumento relativo de indivíduos autistas.

4. Fatores ambientais

Tabagismo ou alcoolismo durante a gravidez e poluição atmosférica são alguns fatores ambientais associados ao autismo, mas, em relação ao primeiro, eu tenho minhas dúvidas já que existem pais de autistas que não fumam e nem bebem, e também que a maioria dos filhos de pais que têm esses vícios crônicos muito provavelmente não são autistas. Portanto, podem ser mais correlações do que causalidades ou, então, em certos casos, pode depender da gravidade do vício durante a gravidez, especialmente pelo comportamento da grávida. Também pode acontecer que, vícios crônicos já seriam expressões de uma natureza mais instável ou mutante que aumentaria o risco ou suscetibilidade de geração de descendentes, herdeiros dessa mesma natureza, mais instável, e que o vício ainda poderia aumentar a severidade da carga mutacional transmitida.

5. Aumento de diagnósticos, inclusive os equivocados

Melhorias na identificação clínica de indivíduos autistas e um aumento de diagnósticos equivocados também podem estar contribuindo para o aumento aparente da incidência de autismo. Pense que, antes, o percentual de diagnosticados era extremamente baixo ou nulo, provavelmente porque a maioria dos autistas que recebia um diagnóstico não era de autismo e sim de outra condição. Talvez, a proporção de autistas 'sempre" foi, se não igual, pelo menos não tão dramaticamente maior...

6. Vacina, MAS não exatamente o que você pode estar pensando

Indivíduos que, antes, estariam em maior risco de falecer na infância se fossem acometidos por doenças infecciosas 'típicas" dessa faixa etária, nas últimas 6 ou 7 décadas, têm sido vacinados em grande proporção, resultando numa forte diminuição das taxas de mortalidade infantil. Porém, pode ser que muitos desses indivíduos estariam em maior risco de falecer por doenças infecciosas, justamente por terem nascido com uma maior carga mutacional, geralmente um indício de saúde mais frágil, incluindo aqueles que apresentam mais traços do espectro do autismo, neuroatípicos não-autistas e autistas. Então, a vacinação universal das últimas décadas permitiu que a maioria dessas crianças chegasse à vida adulta, possivelmente aumentando a proporção de indivíduos autistas ou dentro do espectro na população geral. Além disso, alguns (ou muitos?) deles também procriam, passando seus genes que aumentam a suscetibilidade para ter descendentes autistas ou com mais traços.

Não, vacinas não causam autismo, mas... e mesmo assim, é um mal muito menor do que não vacinar.

Como conclusão, especialmente no mundo ocidental, temos uma população jovem (até 40 anos) proporcionalmente menor, por causa de décadas com baixas taxas de fecundidade (muito abaixo do limite mínimo de reposição), mais alta, mais bem alimentada, mas também mais propensa à obesidade e mais mutante, tanto por razões estatísticas quanto por outras razões, tais como as citadas. Todos esses fatores podem estar contribuindo para esse aumento aparente no registro de diagnósticos de autismo.