Doença mental na infância
Hoje vou contar a primeira parte da história de uma mocinha.
Mas esta história nao é tão simples assim, pois a jovem era refém de um distúrbio psicológico desde os 7 anos de idade, denominado TOC.
As pessoas ainda hoje não entendem bem o que é o Distúrbio Obsessivo Compulsivo.
Acham que é a doença do Roberto Carlos, que não veste preto e só usa azul. Ou relacionam com manias de conferir o gás, fechar e abrir portas e gavetas, lavar muitas vezes as mãos ou ficar alinhando os objetos
Mas não é isso. Pode se manifestar de forma mais leve, quando adquirida mais tarde ou ser algo devastador. A forma gravíssima é geralmente adquirida na infância.
Com ela, a doença se manifestou de forma precoce ( aos 7 anos) e inesperada, após um rompimento familiar brusco, que resultou no afastamento definitivo e eterno dos netos dos avós( pais da esposa), com os quais havia uma forte ligação.
O rompimento levou o pai a perder o emprego de diretor da próspera empresa do sogro.
A partir de então, o sustento da família foi garantido pelo avô paterno ( com muitos senões pois não era uma situação aceita e confortável ) e o pai da menina passou a trabalhar com a criação e treinamento de cavalos de corrida, com ganhos instáveis e sempre abaixo das necessidades familiares básicas
Foi quando o TOC chegou e encontrou um terreno apropriado e se manifestou de forma muito exacerbada, se apropriando de todos os pensamentos e ações da menina.
Colocou literalmente tudo de pernas para o ar.
Imagens indesejadas e intrusivas de assuntos “tabu” para ela, que no caso eram ligados ao sexo, morte de familiares e religião, foram sempre os assuntos maçantemente abordados.
O que a levava a pensamentos repetitivos obrigando-a a fazer coisas que realmente não queria fazer e que tinha consciência de que não faziam sentido
Acho que o estrago maior foi a doença ter começado muito cedo, na infância, atingindo ..duramente o desenvolvimento emocional e
se manifestado de forma tão pungente, no
tempo em que ninguém fazia idéia do que
isto significava.
E mesmo pertencendo a uma família de
muitos conceituados médicos, ninguém
compreendia ou conseguia ajudar.
Pouco se sabia e menos ainda sobre os
recursos de tratamento dos distúrbios
psíquicos nos anos 60.
Naquela época, ou se era normal ou se era
louco ou histérico.
Termos como depressao, transtorno bipolar,
Borderline, ansiedade, entre outros, nem
existiam.
Tratamentos eram poucos e se baseavam em
eletrochoques e alguns medicamentos que
deixavam o indivíduo prostrado. Ou tinha
que ser internada no hospício, o que ainda
não era o caso
Voltando à infância da menina, o TOC a
dominou completamente, sem que o
organismo esboçasse qualquer defesa,
transformando-a em refém da doença e em
uma menina muito nervosa, sempre à flor da
pele, pois a prioridade de todo o seu ser era
servir ao seu senhor, o TOC.
Pensamentos e gestos repetidos, ações
incompreensíveis e sem controle tornaram
aquela criança esquisita, cheia de manias,
que dava um passo para a frente e dois para
trás o tempo todo e repetia palavras
estranhas e sem sentido quase sem parar.
E tudo isso sempre somado ao sentimento de
culpa, angústia, medo pois achava que
cometia pecados imperdoáveis e sacrilégios.
Achava mesmo que se encontrava
exorcizada e seria até excomungada da
Igreja, caso revelasse seus pensamentos às freiras e professoras e até aos pais.
E a doença a dominou completamente, sem que o
organismo esboçasse qualquer defesa,
transformando-a em refém e em
uma menina muito nervosa, sempre à flor da
pele, pois a prioridade de todo o seu ser era
servir ao seu senhor, o TOC.
Pensamentos e gestos repetidos, ações
incompreensíveis e sem controle tornaram
aquela criança esquisita, cheia de manias,
que dava um passo para a frente e dois para
trás o tempo todo e repetia palavras
estranhas e sem sentido quase sem parar.
E tudo isso sempre somado ao sentimento de
culpa, angústia, medo pois achava que
cometia pecados imperdoáveis e sacrilégios.
Achava mesmo que se encontrava
exorcizada e seria até excomungada da
igreja, caso revelasse seus pensamentos às
pessoas.
Apesar de ter continuado a ser cercada de
muito amor e atenção pelos pai durante a
infância, tudo isso somou-se ao lamentavel
fato de que vivia em um lar onde a violência
física e verbal extrapolava todos os limites.
As relações do pai com a mãe e
posteriormente, do pai com ela, eram uma
mistura explosiva de manifestações de amor
e violência.
A mãe era dotada de uma beleza
extraordinária e o pai se remoía em
insegurança e ciúmes.
Acreditava que exercendo um papel
autoritário, dominaria a esposa atraves do
medo
A beleza da filha desabrochou na
adolescência, não chegando nem perto da
beleza da mãe, mas ainda assim era admirada por muitos rapazes.
Mas a personalidade da filha era diferente,
oposta a da mãe e semelhante à do pai..
filha não era submissa e enfrentava o
progenitor.
Isso se acentuou especialmente aos 15 anos,
com a chegada do primeiro namorado,
quando se apaixonou e acreditou que seria
feliz como nos contos de fadas
Mas o rapaz logo a esnobou e o que era uma
paixonite da parte dela, virou uma obsessão.
Isto a levou a travar uma guerra com o pai,
que não suportava assistir a filha ser
esnobada e ainda assim correr atrás do ex
namorado.
O rapaz assumiu sua homossexualidade
perante à sociedade após uns 3 anos, mas
as sementes dessa rejeição já tinham sido
plantadas na jovem.
As escolhas masculinas que fez a seguir
passaram a seguir o mesmo padrão. Evidente
que não convinham para ela (Com uma
excessão).
Sempre rapazes inadequados, inclinados à
vicios, socialmente desajustados e
perturbados
Provavelmente essas escolhas que se
repetiram diversas vezes, eram formas (no
subconsciente) de atingir o pai.
E havia outra questão. Repelia os bons
rapazes que se aproximavam. E
oportunidades não faltaram
Isso criava uma tensão maior com o pai que
culminou algumas vezes em episódios de
grande violência, até mesmo quando já tinha
atingido a maioridade.
Isso criava uma tensão maior com o pai que
culminou algumas vezes em episódios de
grande violência, até mesmo quando já tinha
atingido a maioridade.
E nem a morte precoce do pai a libertou
dessa busca infinita por maus companheiros.
Chegou a se envolver profundamente com
um rapaz que se tornou um perigoso
criminoso.
Dizem que a paixão pode destruir uma
pessoa e foi mesmo o caso dela .
Talvez fosse mais uma característica da
própria doenca( TOC) que transformava tudo
em obsessão e que levava a pessoa doente a
procurar relações perturbadoras
Notava-se entretanto, que não era o
romantismo que prevalecia nos
relacionamentos em que se envolvia.
O que preponderava nas relações
conturbadas era uma espécie de instinto
protetor extremo.
Ela acreditava que seu papel era ser o
escudo que protegeria o companheiro das
injustiças com que a sociedade o caluniava.
E o mais incrível é que mesmo diante de
provas irrefutáveis e com infinitas
possibilidades, ela não abandonava o barco.
Mas em uma ocasião, e pela primeira vez,
rapaz acuado por todos os lados , revelou a
ela a sua verdadeira índole.
A moça escapou com vida por muito pouco e
viu a morte de perto.
Esse episódio de violência e medo extremo a
fez fugir e se afastar definitivamente e nunca
mais chegar perto até a morte precoce do
rapaz
E nem a morte precoce do pai a libertou
dessa busca infinita por maus companheiros.