A Medicina é a ciência das verdades transitórias. Por Meraldo Zisman
A profissão médica sempre foi misteriosa e, sujeita a variadas interpretações. É a mais criticada e, em simultâneo, a mais solicitada, pois quando é chegada uma doença, todos passamos a nos lembrar que a vida é breve. Ser paciente qualquer um pode vir a ser, em algum momento da vida, e necessitar da palavra e acompanhamento do médico. A posição que ocupa a Medicina, se arte ou ciência, dentre os demais campos do conhecimento humano, não é bem definida. Há uma função social na Medicina que não se encaixa em nenhuma área. Primum non nocere (é um termo latino da bioética que significa “antes de tudo, não prejudicar”) continua tão válido agora quanto foi há milênios.
Diante das modernas ‘práxis’ curativas fica a pergunta: É a Medicina uma ciência?
Não saberia responder. Já há muito tempo especula-se se a Medicina é ciência positiva ou ciência aplicada. Desde o século XVII, a ciência moderna somente acredita na experimentação controlada, demonstrada e reproduzível. O ideal da certeza se transforma na medida de todo conhecimento. As incertezas porem permanecem, dada a nossa condição humana. Não se pode saber com precisão o que acontecerá no futuro, mormente nesta época apelidada de pós-moderna. A Medicina como ciência não existe, existe sim um discurso científico utilizado pela Medicina. Apesar disso, nada impede que classifiquemos e normalizemos procedimentos diagnósticos ou terapêuticos, vacinas e o uso de máscaras. A medicina, por mais que nos adiantemos, é uma soma de saberes o que me faz lembrar um WhatsApp recebido recentemente de um paciente, que mostra a cena de uma senhora idosa que, ao consultar um médico, pergunta:
“Quando o senhor acredita que esta pandemia vai acabar?” O doutor responde, retirando o estetoscópio para melhor ouvi-la: “Não sei, sou médico, não sou político”.
Na prática, a Medicina depende hoje das conclusões de uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado. Pobre País…