300 mil: tempo de sobreviver

Não é leve escrever sobre essas coisas, mas temos de o fazer para mostrar a realidade e alertar as pessoas sobre os riscos presentes a fim de que elas tomem cuidado, muito cuidado. É o certo e o útil a ser feito, principalmente na semana em que o país supera as três mil mortes diárias e, portanto, onde o que importa é não se contaminar para assegurar a sobrevivência no horizonte das vacinas.

Em 1º de março eram 165 vítimas fatais de coronavírus notificadas na Região Carbonífera; hoje, até esse horário, já são 254. Assim, em apenas 26 dias, foram registrados 89 óbitos na região, ou seja, 35%, mais de um terço de todas as mortes aqui computadas em 12 meses de pandemia, o que corresponde a 3.4 mortes diárias no período. Nas cidades, as situações mais graves neste mês são: - em números absolutos, Charqueadas (25 óbitos, quase um por dia), Triunfo (21), São Jerônimo (17) e Butiá (12); - em números proporcionais dos casos verificados em março na cidade em relação aos de toda a pandemia, Minas do Leão (63% - 7 de 11 -, quase dois terços), Charqueadas (48% de um total de 52, praticamente a metade), Triunfo (39% de um total de 54, mais de um terço), São Jerônimo (32% de um total de 52, quase um terço), Butiá (28% de um total de 42, mais de um quarto) e Barão do Triunfo (25%, 1 de 4, um quarto). Nas demais cidades: General Câmara (19% - 3 de 16) e Arroio dos Ratos (13% - 3 de 23).

E por que focamos a avaliação da pandemia no número de óbitos? Em primeiro lugar, obviamente, porque esse é o grande problema da pandemia, as mortes que ela causa. O que pode ser pior que isso? Nada! Em segundo, visto que estamos num país referência como uma das piores políticas de enfrentamento à pandemia no planeta - 81 países proibiram a entrada de brasileiros -, onde não se rastreia casos, pouco se testa e com números absurdos a indicar um descontrole total do espalhamento do coronavírus na sociedade, gerando colapso hospitalar e funerário, esse mórbido indicador é o único que permite uma melhor aproximação ao quadro real da pandemia por aqui. Até o número de recuperados é trágico: quanto maior ele for, é sinal de que tivemos muitos casos e, portanto, muitas mortes, pois a taxa de letalidade real da doença, que é o que concretamente define quantos viverão ou morrerão, permanece a mesma.

Estudos epidemiológicos constaram que a subnotificação de mortes no Brasil, em 2020, ficou na casa dos 40% (1). Assim, essas 300 mil mortes notificadas essa semana já são, aproximadamente, em casos reais presumidos, umas 400 mil. Dos casos de contágio, então, nem se fala: essas estatísticas oficiais são pura ficção formal, dada a gigantesca subnotificação. Trabalhando com uma taxa de letalidade real média de 1% da Covid-19 (2), devemos ter no momento algo em torno de 40 milhões de brasileiros contaminados pelo coronavírus numa população superior a 210 milhões de habitantes.

Qual o paliativo protetivo? O isolamento social, a máscara, o distanciamento social e os protocolos de higienização. Qual a real e verdadeira esperança de salvação? As vacinas. Com o aceleramento da vacinação sobre os grupos de risco, sobretudo idosos acima dos 60 anos - faixa etária onde se verifica a imensa maioria dos óbitos -, a expectativa é de que os números fatais baixem abruptamente, como ocorreu em Israel e Estados Unidos, por exemplo. No caso específico do Brasil, temos a considerar ainda um aumento de casos graves em jovens, possivelmente devido a nova variante do coronavírus surgida na cidade de Manaus. O grande alento é que as vacinas em uso dão conta de tal variante.

Assim, para assegurar a sobrevivência, fiquem em casa, aguardando a vacina. Só saiam por necessidade, observando rigidamente o uso da máscara, o distanciamento social e os protocolos de higienização.

Um bom final de semana para todos. Cuidem-se e fiquem com Deus.


(1) - "A Beira do Colapso". Átila Iamarino. Live You Tube de 02 de março de 2021, aos 54min50seg do vídeo.
(2) - "É Colapso". Átila Iamarino. Live You Tube de 16 de março de 2021, a 1h7min30seg do vídeo.