Prevenção - Vacinas 1

INTRODUÇÃO

No artigo “Virose – Prevenção” previu-se artigo exclusivo sobre vacinas. Devido à extensão, este tratará do básico necessário para bom entendimento sobre vacina: conceito; composição; funcionamento; e importância. Num próximo abordar-se-á sobre o desenvolvimento de vacinas.

Essa série de textos já publicados surgiu de necessidade de formar opinião sobre essa pandemia, portanto voltado para o seu algoz, Sars Cov 2 e a COVID 19. Além disso, alguns questionamentos incentivaram-me a pesquisar até responde-las respostas convincentes. Em texto específico serão apresentadas essas perguntas e as respectivas respostas.

Entretanto, antes vamos registrar alguns conceitos já incorporados em textos anteriores, julgados relevantes.

CONCEITOS RELEVANTES

Virose

É termo genérico, que significa doença viral ou infecção causada por alguma espécie de vírus que, nem sempre, pode ser identificado.

Apesar de o termo virose abranger todas as infecções de origem viral e o consequente gigantesco grupo de doenças, desde as mais simples, como resfriados e verrugas de pele, até as mais graves, como AIDS, raiva, hepatite e ebola, na prática, os médicos costumam reservar o diagnóstico virose, para as infecções virais leves, de origem respiratória ou gastrointestinal, que habitualmente são autolimitadas e curam-se espontaneamente, após alguns dias. As viroses graves são conhecidas pelos nomes das doenças.

Carga Viral

É a concentração, número de vírus existentes em determinada quantidade de material (sangue, por exemplo), em um indivíduo infectado. Influencia diretamente o quanto um indivíduo infectado pode contagiar outros. Quanto maior a carga viral, maior a capacidade de contágio. A carga viral está ligada a progressão da doença, cargas virais mais altas implicam maior gravidade das doenças. Pode ser medida por exames quantitativos que determinam quanto de vírus está presente em certa quantidade de material (geralmente, sangue).

Imunidade

É os mecanismos de defesa utilizados pelo organismo, como resposta às substâncias estranhas (antígenos) presentes no corpo e é desencadeada pelo sistema imune, que atua pela ação de células, tecidos e órgãos de defesa.

Antígeno

Qualquer substância que seja reconhecida pelo sistema imune e estimule resposta imunológica. Geralmente, os antígenos são moléculas desconhecidas, que se destacam de células estranhas de bactérias, vírus, outros micro-organismos, parasitas, ou de células cancerígenas. Os antígenos podem ainda existir de forma autônoma, como o pólen, ou moléculas de alimentos, por exemplo.

Imunidade Inata

É a imunidade que os indivíduos já nascem com elas e se mantém em organismos saudáveis.

Imunidade Adquirida

É a que ocorre após contato com agente invasor, por exemplo, vírus e bactérias. É específica contra esse agente. Após o contato, ocorre série de eventos que desencadeiam a ativação de determinadas células, bem como a síntese de proteínas.

Imunidade Adquirida Ativa

É a imunidade adquirida pelo organismo em resposta à própria doença ou à vacinação. Dela deriva “memória” que agiliza o combate pelo sistema imune.

Imunidade Adquirida Passiva

É a imunidade adquirida pelo organismo após o recebimento de anticorpos já prontos para combater determinados antígenos. Esse tipo de imunização pode acontecer pela transferência de anticorpos da mãe para o feto, ou pela administração de anticorpos, via soro, no doente.

Imunidade Adquirida Humoral

É o principal mecanismo de defesa contra microrganismos e é mediada por anticorpos.

Imunidade Adquirida Celular

É outro mecanismo de defesa e não mediada por anticorpos, mas por Linfócitos – T (células do sistema imunológico e também grupo de glóbulos brancos – leucócitos - responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos - antígenos). Promove a destruição de microrganismos presentes nas células infectadas (ou em glóbulo branco especializado - fagócito)

Imunidade de Rebanho

Também conhecida como imunidade coletiva é expressa por percentagem de população que precisa receber as doses de vacina, para que todos os indivíduos fiquem protegidos de o respectivo vírus ou bactéria — mesmo aqueles que não foram imunizados.

Conceito restrito às doenças provocadas por contágios que ocorrem por disseminação entre humanos e evitáveis por vacina. É atributo importante das vacinas contra poliomielite, rotavírus, pneumococo, Haemophilus influenzae tipo B, febre amarela, meningococo, e outras doenças evitáveis por vacinas e transmitidas por contágio de pessoa para pessoa .Não existe imunidade de rebanho para o tétano contraído por bactérias no meio ambiente, não por outras pessoas. Assim, aqueles que não estão imunizados não estão protegidos da doença, mesmo que a maior parte do restante da comunidade esteja vacinada.

Esse percentual, que expressa a imunidade de rebanho, varia bastante de acordo com as características da doença. Para o sarampo (R18) que tem uma taxa de contágio 18, ou seja, uma pessoa com o patógeno pode contaminar outros dezoito indivíduos, a percentagem de pessoas a serem vacinadas, paridade de rebanho, é mais de 90%. Para o caso do SAR COV 2 (COVID 19) cujas estimativas de taxa de reprodução é de cinco (deve ser alterada com a descoberta da nova cepa) implicaria, apesar de grandes variações dos estudos, em 43% (ou 23%, ou 80%) da população a ser vacinada, para se obter a imunidade de rebanho.

Memória Imunológica

É a capacidade de o Sistema Imunológico lembrar as ameaças já combatidas. Sempre que os mesmos agentes infecciosos entram em contato com nosso organismo, a resposta do Sistema Imune é reativada. Mas a eficiência dessa memória varia conforme o antígeno: quando contraímos ou somos vacinados contra sarampo ou catapora, nunca mais o mesmo indivíduo é acometido por essas doenças.

No caso da doença meningocócica, da difteria, do tétano e da coqueluche, tanto as infecções quanto as vacinas que as previnem não geram proteção para toda a vida, seja porque o estímulo do sistema imune não é suficiente, seja porque ter memória imunológica, nesses casos, não basta para manter a proteção no longo prazo.

Janela Imunológica

Quando o organismo humano tem o primeiro contato com o antígeno (Sars Cov 2 no caso da pandemia iniciada em 2020) o sistema imune pode não produzir anticorpos em prazo inferior ao que o agente agressor leva para se instalar e provocar os sintomas. A doença se instala (no caso a COVID 19).

CONCEITO VACINA

As vacinas são substâncias constituídas por agentes patogênicos (vírus ou bactérias), vivos ou mortos, ou seus derivados. Forma simples de prevenção, que se utiliza de defesas naturais do seu corpo para criar resistência a infecções específicas e tornar o sistema imunológico mais forte.

Possui comprovada capacidade para controlar e erradicar doenças provocadas por antígenos, ao treinarem o seu sistema imunológico para criar defesas, da mesma forma como se o organismo fosse exposto ao agente patogênico.

COMPOSIÇÃO DAS VACINAS

De forma muito simples, pois as composições são específicas para cada uma delas, são compostas de espécie de núcleo fundamental da vacina e que depende de seu método de desenvolvimento. Exemplificando para o caso de vírus: o próprio vírus inativado, ou atenuado; ou outro vírus como vetor (adenovírus por exemplo), geneticamente alterado; ou ácido nucleico do vírus (RNA, ou DNA; ou proteínas, ou fragmentos, ou invólucro de proteínas do vírus. Por exemplo, a proteína “spike” do Sar Cov 2).

Compondo com esse núcleo e, também, dependendo do método de desenvolvimento, as vacinas podem conter quantidades muito pequenas de outros produtos químicos ou biológicos, como: água estéril, soro fisiológico. ou fluidos contendo proteína; conservantes e estabilizantes (por exemplo, albumina, fenóis e glicina); potencializadores da resposta imune, chamados “adjuvantes”, que ajudam a melhorar a eficácia e/ou prolongar a proteção da vacina; e, também, podem conter quantidades muito pequenas de material como a proteína do ovo de galinha, empregada para fazer crescer a bactéria ou o vírus do qual será extraído o antígeno. Algumas vacinas apresentam ainda traços de antibiótico na composição, para evitar o crescimento de microrganismos durante a produção e o armazenamento do produto final.

IMPORTÂNCIA DAS VACINAS

A vacinação é forma segura e eficaz de prevenir doenças e salvar vidas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que de 2 a 3 milhões de mortes a cada ano sejam evitadas pela vacinação> Além disso, garante a imunização como um dos investimentos em saúde que oferecem o melhor custo-efetividade para as nações.

Hoje existem vacinas disponíveis para proteger contra, pelo menos, 20 doenças, como difteria, tétano, coqueluche, influenza, sarampo e poliomielite.

Quanto mais pessoas são vacinadas, menor é a circulação de vírus e bactérias entre a população, logo, menos pessoas adoecem.

Existem gráficos de acompanhamento de imunização. Relacionam, para cada doença, percentuais de cobertura ao longo dos anos e a incidência dessas doenças. Esses gráficos demonstram, claramente, o quanto percentuais de cobertura significativos reduzem as incidências com as doenças.

Para ilustrar, os dados de gráfico sobre a poliomielite, que praticamente passou a ter percentuais de cobertura expressivos a partir do lançamento de programa da OMS em 1980.

Em 1975, o índice de incidência dessa doença era representado por, aproximadamente, 3,5 casos da doença por 100.000 habitantes. De 1982 a 1985 os percentuais de cobertura caíram de praticamente 100% de cobertura para aproximadamente 82% e a consequente evolução de 0,15 casos para 0,4 por 100.000 habitantes. De 1990 a 2017, última data do gráfico, as coberturas em torno de 98% e nenhum caso registrado de poliomielite.

Isso significa que as vacinas possibilitam excelente resultado de prevenção e a baixo custo, quando comparadas com outras medidas, o que é importante, principalmente, para os países sem condições adequadas para realizar diagnóstico e tratamento de doenças.

FUNCIONAMENTO

O objetivo das imunizações é estimular o organismo a produzir anticorpos contra determinados germes, principalmente bactérias e vírus, sem que ele precise ter ficado doente. As vacinas apresentam ao sistema imune à bactéria ou ao vírus de forma que haja produção de anticorpos, mas não haja desenvolvimento da doença.

As vacinas atuam por meio do desenvolvimento da chamada “memória imunológica”. A espécie de simulação de introdução do agente patogênico, ou de seus derivados no organismo estimula o sistema imune a produzir anticorpos.

Ao receber a vacina, seu sistema imunológico responde assim:

Reconhece o germe invasor, como o vírus ou a bactéria;

Produz anticorpos. Os anticorpos são proteínas produzidas naturalmente pelo sistema imunológico para combater doenças; e

Lembra a doença e como combatê-la. Se houver exposição ao germe posteriormente à vacina, seu sistema imunológico pode destruí-lo rapidamente.

A vacina é, portanto, forma segura e inteligente de produzir resposta imunológica no corpo, sem causar doenças.

O sistema imunológico dos humanos é projetado para lembrar. Depois de expostos a uma ou mais doses de uma vacina, normalmente se permanece protegido contra uma doença por anos, décadas ou mesmo por toda a vida. É isso que torna as vacinas tão eficazes. Em vez de tratar uma doença depois que ela ocorre, as vacinas nos previnem, em primeiro lugar, de adoecer.

Para evitar algumas doenças provocadas por vírus e também por bactérias, existem as vacinas. As vacinas previnem, não tratam as doenças.

As vacinas induzem o nosso sistema imunitário a produzir anticorpos específicos contra um determinado microrganismo. Assim, no caso de um microrganismo invadir o corpo de uma pessoa previamente vacinada, os anticorpos já existentes em seu organismo impedem que a doença nele se instale.

Por isso se diz que as vacinas são usadas para a prevenção de certas doenças.

Geralmente, vacinas agem apenas contra um único germe. Por exemplo, a vacina contra o sarampo não protege o paciente contra catapora e vice-versa. Já existem vacinas conjuntas, que são na verdade duas ou mais vacinas dadas em única administração, como a vacina tríplice viral, que é composta por três vacinas em uma única injeção: sarampo, rubéola e caxumba. O sistema imune é estimulado simultaneamente contra esses três vírus. Nem toda vacina pode ser dada em conjunto.

FONTES

biologianet.com

educacao.uol.com.br

farmacia.pe.gov.br

familia.sbim.org.br

microbiologybook.org

pt.wikipedia.org; e

saúde.abril.com.br

J Coelho
Enviado por J Coelho em 04/02/2021
Código do texto: T7176148
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