Autismo: O Desafio Familiar

AUTISMO, O DESAFIO FAMILIAR

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Sandra Corrêa Nunes1

Juliana Bolfe2

RESUMO

O autismo ainda é uma síndrome sem causa definida que é extremamente limitante em alguns casos

(severo/baixo funcionamento). Torna-se um grande desafio para as famílias. Na literatura o estudo das

famílias de indivíduos com TEA, são relatados estresse e sobrecarga. No presente estudo construtos

acadêmicos são confrontados com relatos de familiares em três livros. Foram apontadas intervenções

neles citadas, estratégias de enfrentamento na literatura acadêmica e nos livros. Importância do apoio

social, da família ampliada e resiliência para o enfrentamento familiar. Buscou-se responder se a família

está preparada para o desafio ao longo do ciclo vital e se intervenções assertivas para o autista

influenciam na qualidade de vida da família.

Palavras-Chave: autismo, família, resiliência

1- INTRODUÇÃO

O termo autista vem do grego autós, que significa “de si mesmo”. Introduzido na psiquiatria por

Plouller em um estudo sobre pacientes que apresentavam o diagnóstico de demência precoce,

modificado para esquizofrenia (PEREIRA, 2011). A palavra autismo, foi usada incialmente por Leo

KANNER em 1943, quando descreveu o quadro denominando inicialmente distúrbio autístico do

contato afetivo e, no ano seguinte, em KANNER (1944), o termo usado foi autismo infantil precoce.

Segundo SCHMIDT e BOSA (2003) quadro por ele considerado raro, no qual o comprometimento

fundamental era a incapacidade para relacionamentos interpessoais, desde o início da vida. Os autores,

ainda citando KANNER, (1944), concluem, identificou-se diferentes etiologias, graus de severidade e

características específicas ou não usuais. O conceito de autismo foi modificado através do tempo com

base em pesquisas científicas. Atualmente a etiologia do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

1 Sandra Corrêa Nunes – Licenciada em Computação pela UFJF, Juiz de Fora, Minas Gerais.

2

Juliana Simões Bolfe - Doutoranda em Comunicação e Linguagem na UTP, Mestre em Educação pela UTP,

Especialista em Marketing e Desenvolvimento Gerencial pela FAFI de Cornélio Procópio, Licenciada em Letras

Português/Inglês e respectivas Literaturas pela FAFI de Cornélio Procópio; Orientadora e Avaliadora de TCC de

Pós-Graduação pela FAEL;

ainda é desconhecida, acredita-se multifatorial, associada a fatores genéticos e neurológicos, isto é,

anomalia anatômica ou fisiológica do sistema nervoso central, problemas constitucionais inatos e

interação entre múltiplos genes. (GOMES, LIMA, BUENO, et al, 2015 apud BARBOSA e

FERNANDES, 2009). No estudo de KANNER (1944), fizeram parte da pesquisa, 11 autistas e suas

famílias, notou entre as famílias, algumas características comuns, como obsessividade e frieza nas

relações entre casais e pais e filhos (SCHMIDT e BOSA, 2003). O estudo de SAMPAIO e GERALDES,

(2006) sobre famílias, tem avaliação mais contundente da visão familiar, o autismo entre as diversas

formas de deficiência é possivelmente a perturbação mental que maior impacto negativo causa nas

famílias. Aos 75 anos desde o primeiro estudo sobre o autismo, e todas dificuldades observadas nas

famílias na literatura acadêmica, percebe -se que as dificuldades enfrentadas, continuam grandes.

Fundamentando o presente estudo com o foco na família. Família como o primeiro contato social do

indivíduo com TEA, bem como a pertinência do estudo de publicações (livros) de familiares e de pessoas

que convivem com o autista, por tratar -se de domínio público seus relatos, possibilitando sua análise.

Buscou-se a percepção do famíliar do indivíduo com TEA, no que concerne às dificuldades comuns

inerentes às famílias, mesmo tendo os autistas com diferentes graus de comprometimento; como se deu

o enfrentamento do desafio relatados nos livros em questão. Investiga-se a hipótese: Intervenções

adequadas às necessidades do autista, bem como intervenções que vislumbrem o autista como membro

de uma família, com todos os desafios que esta vivencia além do autismo do filho. Foram consultados

Artigos, Estudos, Dissertações e Teses recentes (2005 a 2016), bem como as publicações que nortearam

o estudo sobre o desafio familiar convivendo com um indivíduo com TEA. Estudados os livros: Meu

menino vadio, histórias de um garoto autista e seu pai estranho Luiz Fernando Vianna, 2017; Na

Montanha-Russa, vivendo a maternidade no autismo, Michelle Malab, 2017 e Singularidade: um olhar

sobre o autismo, Gabriela Bandeira, 2016. Por fim responder: A família está preparada para um desafio

para todo ciclo vital?

2- REVISÃO DE LITERATURA

2.1- O AUTISMO

SCHMIDT e BOSA (2003) citam que KANNER (1943) observou, um comprometimento raro e que

fundamentalmente incapacitava o indivíduo para relações interpessoais, e no ano seguinte, em

KANNER (1944), observou algumas características comuns, que denotava frieza nas relações entre

casais e pais e filhos. Neste estudo, os autores ressaltam o questionamento de Kanner sobre uma possível

psicopatologia parental como possível etiologia do autismo, porém colocando a dificuldade em atribuir

todo o quadro exclusivamente às relações parentais precoces, Kanner concluiu que o autismo origina-

se de uma incapacidade inata de estabelecer o contato afetivo habitual e biologicamente previsto com

as pessoas, não excluindo porém, ser importante os aspectos ambientais no desenvolvimento. Em seu

estudo SCHMIDT e BOSA (2007), afirmam que a tendência nos conceitos atuais de autismo é uma

síndrome comportamental, de etiologias múltiplas, que afeta o desenvolvimento infantil (BOSA, 2006;

FACION, 2005; FACION, MARINHO, RABELO, 2002; RUTTER; SCHOPLER, 1992; SALLE,

SUKIENNIK, SALLE, et al., 2002).

2.2 A FAMÍLIA

Em sua Dissertação, FÁVERO, (2005) afirma que alterações importantes são provocadas no

ciclo de vida familiar com o surgimento de uma condição especial, de uma doença crônica em um dos

membros. Estudos anteriores nesse sentido foram enfáticos em afirmar que a sobrecarga, e as

dificuldades vividas por membros próximos e responsáveis (mães, cuidadores) com os cuidados com o

autista sendo fator de risco de estresse (KOEGEL, SCHREIBMAN, LOOS, et al., 1992, in ELLIS,

LUISELLI, AMIRAUALT, et al., 2002). HAMER, MANENTE, CAPELLINI (2014), verificaram que

as dificuldades inerentes ao autismo são fatores de estresse resultando em reações exacerbadas. O

desgaste familiar e o estresse são percebidos devido a condição extremamente incapacitante, crônica,

incurável, com nenhuma ou pequena expectativa de evolução positiva (SAMPAIO E GERALDES,

2006). Observou-se que o TEA exerce forte influência na dinâmica familiar com sobrecarga dos

cuidadores, geralmente da mãe (GOMES, LIMA, BUENO, et al. 2015). Em sua Tese, SEMENSATO

(2013), estudou os indicativos de resiliência parental na comunicação do diagnóstico de TEA, concluiu,

o impacto inicial do diagnóstico foi descrito como uma vivência desnorteadora para os pais.

3-PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Realizou-se a leitura de estudos atuais (2005 a 2016), cujo enfoque fosse famílias com um

membro autista, e publicações tendo como base relatos familiares. Foram estudados relatos contidos nos

livros: Meu menino vadio, histórias de um garoto autista e seu pai estranho, Luiz Fernando VIANNA,

2017; Na Montanha-Russa, vivendo a maternidade no autismo, Michelle MALAB, 2017 e

Singularidades: um olhar sobre o autismo Gabriela BANDEIRA, 2016. Relatos que expuseram a

vivência do autismo na visão de membros da família. Em uma publicação, a vivência pessoal de uma

mãe de autista, Michelle MALAB, 2017, sendo ela mesma autista. Este estudo analisou o impacto do

autismo na visão de familiares do indivíduo com TEA. Buscou-se responder à pergunta: A família está

preparada para um desafio para todo ciclo vital? Bem como a promoção de uma visão realista dos

desafios familiares com de membro autista, e verificando, se intervenções adequadas às necessidades

do autista, bem como intervenções que promoveram o vislumbre do autista como membro de uma

família, com todos os desafios que esta vive além do autismo do filho, puderam aliviar o desafio familiar.

O estudo é delimitado pelo tema e livros estudados, não abstendo de citar outros autores a saber,

pais/mães, para o enriquecimento do construto e sua fundamentação.

4-ANÁLISE DO CONTEXTO

*Intervindo foram listadas as intervenções citadas pelos três autores.

4.1- MEU MENINO VADIO: HISTÓRIAS DE UM GAROTO AUTISTA E SEU PAI

ESTRANHO

4.1.1- Contextualização do livro

Luiz Fernando Vianna, jornalista, nascido em 1970. Pai de Henrique, diagnóstico: Autismo Severo.

Divorciado da mãe de Henrique, e esta mora em outro país. O autor tem outra filha de outro

relacionamento. Henrique alterna temporadas com os pais em regime de guarda compartilhada.

4.1.2- O autismo na visão de Luiz Fernando Vianna

Na contracapa do livro, um desabafo: “Se eu queria ter um filho autista? Não. O que a convivência com

ele me proporciona mais: prazer ou angústia? Angústia. Ainda assim, amo meu filho? Mais do que

qualquer palavra pode traduzir.”

Utilizando seu vasto conhecimento musical, o autor usa nos títulos do livro inspiração musical,

transparecendo o sentimento em relação a determinado trecho escrito. Em Os alquimistas estão

chegando, o autor trata das dificuldades da percepção dos déficits pelos médicos para fechar o

diagnóstico na idade pré-escolar. Evasivas em lugar de respostas.

“Como não sabem do que se trata, vão empurrando com a barriga, até que

que passam o caso para um psiquiatra infantil. A demora aniquila as chances

de um diagnóstico precoce e de iniciar mais cedo as terapias (VIANNA, 2017

p.26). Henrique já estava com mais de 4 anos quando a psicanalista,

pressionada por nós, falou, enfim, de autismo. Àquela altura, foi um alívio.

Era impossível continuarmos evitando o que estava na cara. Tínhamos de

concluir a primeira fase do luto e esboçar um passo à frente” (VIANNA,

2017, p.28).

4.1.3-A família do autista na visão de Luiz Fernando Vianna

No trecho denominado Samba da bênção, o autor expõe os sentimentos confusos e mesmo contraditórios

de ter um filho autista. Para ele, alguns se sentem abençoados por terem um filho especial, entretanto

outros ele conclui citando FOURNIER (2009) fala da vontade de devolver o presente para os céus.

Termina constatando sobre o que é feito em situações difíceis: Para não sucumbirmos à tristeza,

fabricamos alegria (VIANNA, 2017 pp35-36). A família nuclear relatada no livro (pai/mãe), vive

distante, em países diferentes o que dificulta uma noção da visão familiar. A realidade que muda o

enfrentamento periodicamente, provocando nos pais e em Henrique adaptações constantes no seu

cotidiano.

4.1.4- Intervenções* na visão de Luiz Fernando Vianna

“Quando, depois de anos de poucos acertos e muitos erros, consegui imaginar uma estrutura razoável,

constatei que não tinha dinheiro para mantê-la, pois ao menos parte dela é privada no Brasil.”(VIANNA,

2017 p.32) .O autor critica o ABA na sua linha, por considerar não ser válido deixar o filho sentado

horas a fio aprendendo que sua vida é pautada por prêmios e punições (VIANNA, 2017 p.29). No

entanto, diz ter certeza que Henrique teve ganhos com o trabalho realizado na Austrália. Também,

chamou de arrogantes alguns terapeutas, que aplicam métodos como o Floortime e o Son-Rise

(VIANNA, 2017 p.31). Cita o TEACCH, em certo trecho, quando em uma temporada no Brasil

matriculou o filho em uma escola seguidora, porém a reação do filho já no beijo de despedida para entrar

na escola demonstrou descontentamento, mordeu o pai. Sentiu-se traído. Não sem razão, pois era seu

período de férias...Ele se adaptou, mas pouco avançou, até por causa do tempo curto (VIANNA, 2017

p.30).

A vida dois é marcada por Encontros e despedidas.

4.2- NA MONTANHA-RUSSA: VIVENDO A MATERNIDADE NO AUTISMO

4.2.1- Contextualização do livro

Michelle Malab é escritora e empresária, casada com Fábio, mãe de Pedro e Alice. Foi

diagnosticada com Síndrome de Asperger, na fase adulta, após o diagnóstico de seu filho Pedro,

diagnóstico: Autismo leve.

4.2.2- O autismo na visão de Michelle Malab

Em um desabafo a autora libera sentimentos que falam da negação do diagnóstico perpassada

pela dor do inevitável que a acompanhou por muito tempo: Eu tenho o direito de sentir dor, de chorar,

de não aceitar, de me revoltar contra Deus, de me permitir sentir (MALAB, 2017 p.32). Como qualquer

familiar de autista viveu o luto, porém tratou de se armar para a batalha que se iniciou. Na introdução

do livro uma constatação sobre este trecho vivido: Abandonei minha vida e minhas expectativas, minha

individualidade e passei a me dedicar exclusivamente a estudar sobre autismo e a entender meu filho.

4.2.3- A família na visão de Michelle Malab

A autora percebe que o autismo ou qualquer outra deficiência ocasiona o isolamento do núcleo

familiar que convive com o autista e o restante da família na maioria das vezes. Em seu livro acusa a

existência de duas famílias, A primeira que vive no mesmo teto, pai, mãe, irmão. E a outra é a família

dessa família. Avós, tios, primos, etc (MALAB, 2017 P.74). Em regra, a família nuclear e a ampliada

seriam uma só família, porém na maioria das vezes não age como tal. Com o esposo tem encontrado

apoio nos desafios enfrentados.

4.2.4- Intervenções* na visão de Michelle Malab

O conhecimento adquirido na busca de ajuda para o filho, a transformaram em co-terapeuta do

filho, desde cedo entendeu que 40 minutos semanais, não seriam suficientes para ajudar o filho. Apenas

depois de 2 anos, pode encontrar e pagar as terapias adequadas. Uma boa intervenção não deve causar

exaustão...Uma criança cansada não irá responder às intervenções e, o pior, não irá aprender. Estudou

e conheceu a terapia ABA, foi o que norteou as intervenções do Pedro. Devido aos estudos, Michelle

em seu livro fala, de forma pedagógica, sobre as intervenções com a desenvoltura necessária, utilizando

de vivências pessoais.

4.3- SINGULARIDADES: UM OLHAR SOBRE O AUTISMO

4.3.1- Contextualização do livro

Maria Gabriela Bandeira, jornalista, que na sua conclusão de curso deu início a um projeto que culminou

nesse livro, com relatos de mães de autistas, que revelaram seus desafios, preocupações, vitórias e

fracassos. Teve contato com um autista, quando sua mãe se tornou babá de uma menina autista, Nina.

Passou os conhecimentos adquiridos para ajudar sua mãe no trabalho. Porém sua curiosidade sobre o

TEA, que não é tão raro a instigou na busca de respostas. Mães e filhos com TEA: Karen e Nina-

Autismo Clássico; Flávia e Heloísa- Autismo Severo; Marie e os filhos Pedro - Autismo Severo e Luis-

Autismo de Alto Funcionamento; Cristina e Milena - Autismo Moderado; Ana Maria e os gêmeos Rafael

e Renato (ambos Síndrome de Asperger) - Autismo Leve; Camila e Miguel-Autismo Severo; Danielle

e Antonella- Autismo de Auto Funcionamento.

4.3.2- O autismo na visão de Maria Gabriela Bandeira

A autora percebeu desde o início que não conseguiria responder todas as perguntas sobre o autismo.

Que mal conseguiria definir o transtorno e, acabou o livro com mais perguntas do que começou. Quero

agora despertar nas pessoas o mesmo interesse que tive quando conheci, Nina, Heloísa, Miguel, Milena,

Pedro, Luis, Antonella, Rafael e Renato. Pessoas extraordinárias e verdadeiramente singulares – como

todo ser humano deve ser.

4.3.3- A família na visão de Maria Gabriela Bandeira

A luta das famílias não é mudar seus filhos, mas, mudar a maneira que o mundo os vê. Os pais não

consideram o autismo um defeito, e sim uma particularidade que os faz seres únicos e extraordinários.

Relata em seu livro a relação forte e verdadeira de sua mãe por sentir o preconceito alheio e tomar para

si as dores dos pais de Nina (p.120).

4.3.4-Intervenções* na visão de Maria Gabriela Bandeira

Segundo a autora Nina, Miguel e Pedro, todos com diagnóstico de autismo severo, receberam

intervenções do método ABA. O restante foi inserido em escolas regulares com relativa dificuldade

devido á déficits de menor complicação, durante algum tempo frequentaram, psicólogo, fonoaudiólogo,

psiquiatra.

4.4 -CONSTRUTOS ACADÊMICOS E VIVÊNCIA FAMILIAR DO AUTISMO

O autismo do filho coloca os familiares (mãe/pai) frente a emoções de luto pela perda da criança

saudável que esperavam. Por isso, sentimentos de desvalia por terem sido escolhidos para viver essa

experiência dolorosa (SPROVIERI, ASSUMPÇÃO Jr., 2001). Segundo BUSCAGLIA (2006),

deparar-se com as limitações do filho, em qualquer família, é sempre um encontro com o desconhecido.

Em regra, a família nuclear e a família ampliada seria uma só família, porém na maioria das vezes não

age como tal.

4.4.1- A família

Para PELL e COEHEN (1995), a família é o primeiro contexto no qual a criança é inserida, e

é nela que aprenderá as primeiras noções de relações sociais, tal ambiente é capaz de contribuir para o

crescimento e desenvolvimento infantil, principalmente crianças especiais, já que estas requerem

determinados cuidados (NUNES, SILVA, AIELLO, 2008). Relata-se sobre dificuldades e sobrecargas

que uma criança deficiente exige de seus familiares, sobretudo as mães.

A mãe

Desde a gravidez são percebidas mudanças na vida da mãe, e sendo a primeira experiência de

gestação, tem lugar novos sentimentos, fantasias e expectativas com relação ao bebê e a maternidade

em si. No momento do nascimento, há possibilidade de decepções com o bebê, pois existe uma distância

entre o filho fantasiado e o filho real (SOIFER, 1992; DE FELICE, 2000; MALDONADO, 2002). É

compreensível que o diagnóstico de autismo do filho é crucial para a família, especialmente para a

mulher, que, enquanto mãe, ela precisará dedicar-se aos cuidados com a criança. Como mães, percebiam

que os comportamentos da criança mostravam que algumas características não estavam conforme o

esperado para a idade. Confirmando a afirmação de MARCELLI, 1998; OWEN, 2007. As pesquisas de

WELTER, CETOLIN, TRZCINSKI. & CETOLIN, 2008, também indicaram que os sentimentos mais

comuns em mães que possuem filhos com alguma deficiência são tristeza, incerteza, inconformismo e

culpa. Eu não sabia lidar com aquela realidade, não sabia com lidar com meu filho e muito menos com

o futuro incerto que se apresentava à minha frente (MALAB, 2017, p.9). SCHMIDT (2004) relata em

seu estudo que os altos níveis de estresse encontrados nas mães de pessoas com autismo podem estar

ligados a demanda de cuidados diretos do filho, isolamento social que são legadas e escassez do apoio

social. MALAB (2017), em um desabafo libera sentimentos que falam da negação do diagnóstico

perpassada pela dor do inevitável que a acompanhou por muito tempo: Senti que o autismo me roubou

o direito de ser mãe. Passei a ser a terapeuta em tempo integral (MALAB, 2017, p.10).

Importante no que se refere às mães é o fato de que muitas não trabalham fora, exercem o papel

de principal responsável pelos cuidados com o filho. (BRISTOL; SCHOPLER, 1983; HOLROYD;

MCARTHUR, 1976; KOEGEL et al., 1992; SCHMIDT; BOSA, 2003).

O Pai

Para BARUFFI (2000), o pai e a mãe possuem tarefas específicas no desenvolvimento do indivíduo

tendo em vista sua independência. O pai é figura importante para o desenvolvimento psicoafetivo dos

filhos, sendo mais que provedor e mantenedor da família. VIANNA, 2017, diz em um trecho que ser

responsável por autista é conviver com a culpa de não poder fazer mais (p.32). DESSEN e BRAZ

(2000), no seu estudo de transições, colocaram o pai como fator importante para o funcionamento da

família, já que a adaptação a essa nova situação depende da complementaridade de papéis entre os

genitores. SIEGEL (2008), em seu estudo, embora sejam valores difíceis de precisar, cerca de metade

dos pais, com crianças autistas, acabam por se separar, pelas duras provas que passa o relacionamento.

O casamento estava em frangalhos quando recebi a surpreendente notícia da gravidez(VIANNA, 2017,

p.22). A separação aconteceu tempos depois por incompatibilidades e não ligada especificamente ao

autismo do filho. Sei que há quem me veja, antes de tudo, como pai de autista. É um personagem que

não me incomoda, mas no qual nem sempre me reconheço (VIANNA, 2017, p.18).

A impotência diante da realidade do transtorno do filho deixa marcas nos pais, e uma permanente

sensação de estar em dívida como filho.

4.4.2 – Intervenções

Atualmente, é possível encontrar diferentes etiologias, graus de severidade e características

específicas ou usuais do autismo (CESAR e SMEHA, 2009). A condição mais evidente no autismo é a

deficiência intelectual que se apresenta em diferentes graus de severidade em pelo menos 75% dos casos

(FONSECA, 2016). Ilustrando:

Pedro tinha sinais sutis de autismo, mas não se encaixava no que eu conhecia

sobre autismo (MALAB, 2017 p.32). Antonella não compreendia que

engraçado mesmo era a sinceridade com a qual resolvia as situações e suas

respostas rápidas e sem maldade alguma (BANDEIRA, 2016 p.104). O

problema, caso o interlocutor não seja habituado, é entende-las: “pala” ou”

paia” (praia) (...)Não dá para chama-lo de verbal... (VIANNA, 2017 p.39).

Na entrada, um menininho que devia ter quase seis anos passou correndo por

ela e por Miguel e começou a bater a cabeça repetidas vezes no batente da

porta (BANDEIRA, 2016 p.33).

Os trechos, revelam diferentes apresentações de indivíduos com TEA. Que podem ser definidos

como, Autismo Leve (alto funcionamento), Autismo Moderado, Autismo Grave/Severo (baixo

funcionamento) APA (2014). O Autismo Atípico, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra

Especificação (TID-SOE) APA (2002) que foram inseridos no Transtorno do Espectro Autista. Todavia,

os trechos não servem como indicativos de diagnóstico, apenas ilustra a diversidade da apresentação do

quadro.

4.4.2.1 O diagnóstico

Ele não olhava nos olhos, não respondia quando era chamado, não falava mais que quatro palavras,

não apontava... (MALAB, 2017 p.32).

Muitos desses comprometimentos poderiam ser minorados se o diagnóstico fosse mais fácil.

PEREIRA, (2011) afirma A demora no diagnóstico pode desenvolver vários problemas de conduta,

mais tarde, difíceis de corrigir. É essencial o diagnóstico para iniciar as intervenções necessárias.

FLORES e SMEHA (2013) salientam a necessidade de atentar-se ao pediatra, por ser o primeiro a cuidar

do bebê, além de sintomas físicos, como dificuldades na alimentação, irritabilidade, atrasos no

engatinhar, andar, sentar, dentre outros, bem como à troca de olhares entre o bebê e a mãe, se ele busca

ativamente o olhar da mãe. No mesmo estudo as autoras, constataram ser frequente que os pais e

terceiros perceberem que algo não está bem com a criança, porém o médico não. Nada é feito até que

apareçam maiores comprometimentos, como atraso na fala ou falta de interação social.

Nos relatos de pediatras (P) e neuropediatras (NP) neste estudo, observaram certa inquietação

em relação ao atendimento de autistas por compreenderem o autismo como uma “doença crônica” (P

2), em que “não há muito o que se fazer” (P 9) ou “o tratamento do autista é frustrante” (NP 7). A

sensação é de impotência diante do quadro supostamente incurável, porém essa visão se contrapõe aos

princípios da Medicina. Reflexão necessária para explicar posições nos dois profissionais em questão:

a pediatria busca a prevenção ou a cura, enquanto a neuropediatria trabalha com os déficits mais

complexos do desenvolvimento — portanto, lidar com o que não é passível de cura é algo que faz parte

de sua rotina profissional.

BANDEIRA (2016), traz um relato de uma mãe contando o que disse um profissional: Fica tranquila.

Eu acabo de voltar de um seminário sobre autismo. Autistas não fazem contato visual e Nina olhou para

mim. Compre uma bonequinha e ela vai começar a arrancar o cabelo dela, ao invés do seu. Dessa forma

os pacientes passam por pediatras e especialistas, submetidos a vários exames, porém, só quando persiste

o atraso na fala é que são encaminhados para tratamento em saúde mental (CAMPANÁRIO, 2006).

A resposta era sempre a mesma. Que ele era filho único e que eu estava vendo

coisas onde não existiam. Tentei me apegar então a um fato concreto: a fala

ausente. Para isso também havia um discurso pronto de que cada criança tem

seu próprio tempo (MALAB. 2017, p. 19- 20).

As palavras de MALAB, 2017 sobre o diagnóstico confirmam essa afirmação de

CAMPANÁRIO, 2006. Contudo em CAMPANÁRIO, 2008, afirma que, na clínica do autismo, a idade

é determinante para uma melhor evolução e um melhor prognóstico. Ainda sim, é preciso a consciência

de que se a intervenção precoce não for cuidadosa, pode desenvolver uma patologia em que há risco

(FLORES e SMEHA, 2013).

4.4.2.2 Intervindo

Nas publicações e relatos foram citadas intervenções e linhas de trabalho com os indivíduos com TEA:

ABA – Applied Behavior Analysis (Análise do Comportamental Aplicada) abordagem

(BANDEIRA, 2017; VIANNA, 2017)

O ABA possui como princípios fundamentais para o tratamento de pessoas com TEA o ensino direto

(formal) de habilidades, com mais repetição (mais prática) e mais motivação externa (mais recompensas)

para os comportamentos esperados. Além disso, o ensino se baseia na ideia de aprendizagem sem erro,

que se refere à noção de que quanto mais experiências de êxito a criança tem nas situações de ensino,

menor é a probabilidade dela se desmotivar. Dessa forma, o ensino deve ser realizado de modo que a

criança receba consequências positivas diante da emissão dos comportamentos que se objetiva aumentar

a frequência (Lear, 20043

).

Aline Abreu e Andrade, Psicóloga. (MALAB, 2017 p.96).

FONOAUDIÓLOGO (VIANNA, 2017; BANDEIRA 2017)

3

Lear, Kathy. Ajude-nos a aprender: Um Programa de Treinamento em ABA (Análise do Comportamento Aplicada) em ritmo auto-

estabelecido. Traduzido e disponibilizado pela Comunidade Virtual Autismo no Brasil, 2004.

Do ponto de vista fonoaudiológico, fala e linguagem são aspectos diferentes. Fala é articulação e a

modulação dos sons, e linguagem diz respeito ao processo mental de elaborar e compreender mensagens

a fim de estabelecer comunicação/interação com o outro.

Patrícia Reis, Fonoaudióloga. (MALAB, 2017 p.108).

FLOORTIME- método (VIANNA, 2017, p.31)

O modelo D.I.R.®/ FloortimeTM foi desenvolvido por Stanley Greenspan e Serena Wieder nos Estados

Unidos. Esse approach foi resultado de muitos anos de observações e estudos a respeito do

desenvolvimento infantil desde os anos 50. Nos anos 80, Stanley Greenspan e Serena Wieder unificaram

o conhecimento de vários estudos relacionados ao desenvolvimento infantil e a saúde mental e

reconheceram a importância dos relacionamentos e afeto para o aprendizado.

(crescendocentroinfantil.com/floortime.php)

MÉTODO HANEN DE COMUNICAÇÃO

A missão do Hanen é fornecer tanto aos pais quanto aos cuidadores, educadores infantis e

fonoaudiólogos o conhecimento e treinamento necessários para ajudar todas as crianças pré-escolares e

escolares a desenvolver a melhor linguagem possível, habilidades sociais e alfabetização, incluindo as

crianças com ou em risco de atraso de linguagem e aqueles com transtorno de desenvolvimento, como

o Transtorno do Espectro Autista.

Natalia Spinelli, Fonoaudióloga. (MALAB, 2017 p.117).

PECS

A comunicação aumentativa e alternativa é recomendada tanto para as crianças com TEA que não estão

usando a fala para comunicar e além disto, pode ser usada como estratégia para crianças com TEA que

falam mas não comunicam (apenas imitam, repetem) ou crianças que a fala é limitada, que a

inteligibilidade da fala está comprometida, crianças que precisam aprender habilidades mais complexas

da comunicação e para expandir a linguagem.

Soraia Cunha Peixoto Vieira, Fonoaudióloga. (MALAB, 2017 p.123).

MUSICOTERAPIA

A musicoterapia é uma área de aplicação terapêutica da música que constrói interfaces entre a prática

musical e a saúde. É um processo sistemático de intervenção que usa a música para causar alterações

bioquímicas no paciente e ajudá-lo a desenvolver seu potencial, modificar e reforçar comportamentos e

expressar adequadamente emoções e sentimentos censurados na linguagem verbal.

Gena Albinati, Musicoterapeuta. (MALAB, 2017 p.131).

PSIQUIATRA (VIANNA, 2017; BANDEIRA, 2017)

Acredito que para entendermos os sinais de alerta, deveríamos conhecer melhor o que seria esperado

para cada etapa de seu desenvolvimento, assim poderíamos entender o que poderia estar alterado e se

poderia contribuir no direcionamento diagnóstico.

Felipe Guimarães de Castro Amorim, Psiquiatra da Infância e Adolescência. (MALAB, 2017 p.90).

SON-RISE - método (VIANNA, 2017, p.31)

O Programa Son-Rise oferece uma abordagem educacional prática e abrangente para inspirar as

crianças, adolescentes e adultos com autismo a participarem ativamente em interações divertidas,

espontâneas e dinâmicas com os pais, outros adultos e crianças. Por Mariana Tolezani.

TEACCH – Treatment and Education of Autistic Communication Handcapped Children (tratamento e

educação para autistas e crianças com deficits relacionados à comunicação) programa (VIANNA, 2017,

p.30)

O programa é, nesse caminho, um sistema de orientação de base visual com apoio na estrutura e na

combinação de vários recursos para aprimorar a linguagem, a aprendizagem de conceitos e a mudança

de comportamento.

Maria Elisa Granchi Fonseca, Psicóloga. (FONSECA, 2016 p.16).

4.4.2.3 Enfrentando o desafio

Apoio social

Segundo WELTER, CETOLIN, TRZCINSKI. & CETOLIN (2008), muitas mães conseguem

superar o fato da deficiência do filho vislumbrando outra significação para sua vida, o que foi

confirmado no estudo de CESAR e SMEHA, (2009). Para MANNONI (1999); JERUSALINSKY

(2007), os pais demandam incansavelmente diagnósticos, avaliações e indicações porque anseiam que

seja “curado” o filho que apresenta algum comprometimento na esperança de mais avanços na qualidade

de vida do autista. Também é primordial o enfrentamento pela família desse desafio. Assinala-se que

a família não pode percorrer sozinha este caminho. Precisam contar com o auxílio de outras pessoas ou

instituições para conseguirem dar conta. Conforme SLUZKI (1997), a rede social de apoio se caracteriza

por relações significativas que o sujeito estabelece com outras pessoas ou instituições. Por meio desse

suporte social, é possível receber apoio emocional, cognitivo e até mesmo financeiro. De acordo com

CASTRO e PICCININI (2002) e NÚÑES (2007), os apoios sociais, como a família ampliada, a

comunidade, a escola e a equipe de profissionais, são fontes de auxílio e informação diante das

dificuldades sentidas pelos pais em decorrência da situação do filho. Salienta-se ainda que a ajuda, tanto

emocional como financeira, recebida da família nuclear ampliada, constitui a rede de apoio mais eficaz.

Essa dimensão contempla estratégias e ações que funcionam no sentido de potencializar os esforços dos

parceiros para atingirem objetivos propostos para a criação da criança (Van EGEREN & HAWKINS,

2004). MALAB (2017), diz em um trecho: Meu marido, Fábio, sempre foi um pai presente e

participativo de todo o processo. SIFUENTES e BOSA (2010) ressaltam a necessidade de intervenções

dirigidas às famílias que possuem um membro com autismo que incidam no domínio Co parentalidade.

Um ponto importante no tratamento é que não haja boicote de nenhum dos lados (MALAB, 2017). As

intervenções precisam ter em conta de que o autista vive em uma família e não deve ser trabalhado sem

este vínculo. Reforçando a necessidade do apoio dos pais para não se perderem em meio aos desafios

que minam a família.

Crenças

Crenças são definidas como interpretações que as pessoas fazem da sua experiência (SIMENSATO,

2013). Sendo assim, influenciam nas respostas emocionais e atitudes das pessoas, permitido à família

dar significação às situações difíceis (WALSH, 2006). São diferentes e pessoais essas significações.

Que podem ter cunho religioso, dependendo da religião, sofrer, renunciar, dar-se em sacrifício são

sentimentos tratados como positivos numa sociedade cristã, sobretudo católica. Mais adiante no trecho

o autor afirma apenas amor incondicional e cuidados intensivos não bastam (VIANNA, 2017). Apesar

da controvérsia, ressalta-se a importância do apoio espiritual/religioso às famílias de crianças com

autismo, pois a crença em um ser Superior sustenta a esperança, ameniza a angústia de conviver com

as implicações do autismo e facilita a adaptação da família as adversidades vivenciadas no cotidiano

(SMEHA & CEZAR, 2011).

Coping

É o conjunto das estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se às circunstâncias adversas

ou estressantes (SCHMIDT, DELL’AGLIO & BOSA, 2007). Na opinião dos pais o acesso a lazer,

saúde e transporte são importantes na qualidade de vida (BARBOSA & FERNANDES, 2009). O

trabalho terapêutico fonoaudiólogo é fundamental, pois o funcionamento socio cognitivo dos portadores

do TEA, auxiliando no perfil comunicativo e convivência com os pais (BAGAROLLO & PANHOCA,

2010) São algumas estratégias utilizadas.

Resiliência

Apesar das dificuldades para lidar com situações próprias do autismo, alguns conseguem um

equilíbrio entre individualidade e vivência familiar. Sinais da resiliência parental, que é uma atitude

positiva frente a vida, capacidade de organizar-se e de confiança, reconhecimento de suas forças e

limites, sendo parceiros apoiadores e com forte de sentido na vida como por exemplo religião

(SEMENSATO, 2013). Segundo a autora, o empoderamento é, tendo um filho autista, buscar apoio

social de grupos que possibilitem conhecer e aprender o máximo sobre essa condição, buscando adquirir

experiência para lidar com as necessidades do filho, citando GARDNER & HARMON (2002). Nos três

livros estudados, os autores relatam o empoderamento através da busca de informações sobre autismo e

apoio, em livros, ou via Web. Em sete anos de blog, descobriu uma infinidade de pessoas que se apoiam

em seus textos e se sentem confortáveis para compartilhar experiências próprias (BANDEIRA, 2016).

5-DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES

O propósito de comparar os achados acadêmicos e relatos nas publicações de pessoas envolvidas

com o indivíduo com TEA (pai, mãe) e, por conseguinte a família, através de suas vivências,

confirmaram as publicações acadêmicas, e estas, por sua vez tiveram sua comprovação em situações

vivenciadas por familiares. No quesito religiosidade4

, seria necessária uma investigação mais

aprofundada sobre essa vivência, nos relatos apenas dois fazem menção. Os desafios familiares são

muitos e podem variar em situações que vão da busca do diagnóstico, forma que a família o assimila, o

comprometimento do indivíduo com TEA, como a família percebe o apoio social, as intervenções, a

atuação da área de saúde, a escolarização e tudo isso em um contexto de família com todas suas

responsabilidades e atribuições5

. São diferenciais em enfrentamento dos desafios: a situação socio

econômica, o afeto entre os membros e o apoio social. O primeiro torna os recursos necessários

acessíveis (lazer, intervenções, dietas, medicações), o segundo, facilita a compreensão, e a adaptação

aos desafios presentes ao longo do ciclo vital da família e do autista e o terceiro facilita os outros de

forma a aliviar as dificuldades inerentes ao autismo, ao autista e a família. O afeto é percebido de forma

confusa pelos familiares, com sentimento de culpa, ou rejeição ao autismo e não ao filho. Outras vezes

na busca obstinada por formas de ajudar o filho.

As intervenções vêm de encontro a essa necessidade de ajuda para os filhos, contribuindo para o

alívio dos problemas causados pelos déficits do autista. Todavia, as intervenções não pressupõem que

sejam realizadas indiscriminadamente, sem um objetivo, elas devem aliviar uma necessidade. Para isso,

é preciso a consciência de que se a intervenção precoce não for cuidadosa, pode desenvolver uma

patologia (FLORES & SMEHA, 2013).

4 VIANNA, 2017; MALAB,2017; SMEHA & CEZAR, 2011.

5 PEREIRA, 2011; ASSUMPÇÃO Jr., SPROVIERI, 1991.

O diagnóstico6

é reconhecido nas publicações e nos relatos como um dos pontos nevrálgicos para

o início do tratamento do autista. O mesmo deve ser feito por uma equipe multidisciplinar para uma

avaliação completa dos déficits, se existirem, sendo o ponto de partida para as intervenções. Nos relatos,

os pais dão conta de pediatras despreparados para reconhecer sinais precoces7

. Esse despreparo atrasa o

início das intervenções necessárias. Os diferentes graus de comprometimento, mascarando sinais sutis

e mesmo os mais comprometidos, podem ser avaliados como atraso normal. É preciso ter o

conhecimento do que é esperado para cada fase. Todavia, a angústia vivida antes do diagnóstico, por

vezes é dá lugar ao alívio por que responde aos questionamentos.8

A família diante de um diagnóstico de um transtorno crônico, vive o luto pelo filho sonhado.

Muitas mudanças são sentidas no seu cotidiano, questiona sobre o seu futuro e o futuro do filho. Muitos

relacionamentos conjugais são minados pela sucessão de desafios enfrentados. A família ampliada, nem

sempre dá o apoio necessário para a família nuclear. A questão é quem estaria preparado para desafios

constantes, sem esperança de cura e com tratamentos que não são eficazes para todos e de custo elevado

para a maioria das famílias? As famílias que não sucumbem ao desafio, muitas vezes recebem apoio

social emocional, cognitivo e financeiro, em alguns casos. O TEA não escolhe, nível sócio econômico,

intelectual dos genitores, raça, região, religião o que torna os desafios parecidos na caracterização e

comprometimentos, porém injusto quanto familiares com menor poder aquisitivo. As instituições e as

redes sociais formadas por pais de indivíduos com TEA, aparecem como suporte importante nesses

casos. Nas instituições os pais encontram atendimento para os filhos, alguns treinamentos que

contribuam nas intervenções e apoio emocional. Sendo importante também a rede de contatos que se

estabelece entre os pais que têm filhos deficientes, onde existe a troca de experiências, informação e

apoio afetivo de grande valia.9

6VIANNA, 2017; MALAB,2017; BANDEIRA. 2016; FLORES e SMEHA, 2013; SEMENSATO, 2013; BOSA,

2006; SCHMIDT; BOSA, 2007.

7 MALAB, 2017; PEREIRA, (2011); FLORES e SMEHA (2013); BANDEIRA, 2016; CAMPANÁRIO, 2006;

CAMPANÁRIO, 2008.

8 SEMENSATO, 2013.

9 VIANNA, 2017; MALAB,2017; BANDEIRA. 2016; FLORES e SMEHA, 2013; SEMENSATO, 2013; BOSA,

2006; SCHMIDT; BOSA, 2007.

As intervenções são de acordo com a necessidade de ajuda para os filhos, contribuindo para o

alívio dos problemas causados pelos déficits do autista. SCHMIDT & BOSA (2007), apontam para a

importância de intervenções voltadas para as famílias devido ao nível de estresse.

6-CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a leitura de estudos atuais, cujo enfoque foi famílias com um membro autista, e estudos

tendo como base relatos familiares publicados que confirmaram achados acadêmicos sobre a perspectiva

familiar. O autismo do filho coloca os familiares(mãe/pai) frente a emoções de luto pela perda da criança

saudável que esperavam. Por isso, sentimentos de desvalia por terem sido escolhidos para viver essa

experiência dolorosa (SPROVIERI, ASSUMPÇÃO Jr., 2001). Os pais anseiam pela criança perfeita e

saudável o filho é a possibilidade a realização de seus sonhos pessoais, porém se o filho possui alguma

limitação, suas expectativas tornam-se frágeis, a criança perfeita não nasceu (MEIRA, 1996;

JERUSALINSKI, 2007). Os desafios familiares são muitos e podem variar em situações desde a busca

do diagnóstico, forma que a família assimila o diagnóstico, o comprometimento do indivíduo com TEA,

como a família percebe o apoio social, as intervenções assertivas, a atuação da área de saúde, a

escolarização/inclusão e tudo isso em um contexto de família real, com dificuldades e limitações além

do autismo do filho. Os diferenciais para o enfrentamento dos desafios são a situação socio econômica,

o afeto entre os membros e o apoio social percebido. As instituições e as redes sociais formadas por pais

de indivíduos com TEA, aparecem como suporte importante nesses casos. As intervenções vêm de

encontro a essa necessidade de ajuda para os filhos, contribuindo para o alívio dos problemas causados

pelos déficits do autista. Porém, as intervenções não pressupõem que sejam realizadas

indiscriminadamente, sem um objetivo, devem buscar o alívio uma necessidade do autista ou da família.

É preciso a consciência de que se a intervenção precoce não for cuidadosa, pode desenvolver uma

patologia em que há risco (FLORES & SMEHA, 2013). Em seu estudo, SCHMIDT & BOSA (2007),

apontam para a importância de intervenções voltadas para as famílias devido ao nível de estresse, e

concluíram que estudos com esse objetivo, são poucos. Desde o primeiro estudo de Kanner, muitos

construtos relacionados ao autismo em si e alguns direcionados à família do autista. Esta necessita ser

analisada com o olhar empático diante das dificuldades enfrentadas. O autista como um indivíduo, um

cidadão com direitos e deveres, deve receber intervenções que facilitem o seu cotidiano em família - o

seu primeiro contato social. Sua família também precisa ser trabalhada como uma célula social da qual

o autista faz parte. A sociedade como um todo, deve ser conscientizada da diversidade dos seus membros

e como tal merecem respeito aos seus direitos fundamentais que lhes propiciam dignidade e em

sociedade. Empatia é a palavra, o exercício de se colocar no lugar do outro, confere paz. Precisamos

ouvir o que o autismo nos diz através do autista. Temple Grandin, Michelle Malab e por fim, Manuel

Vasquez Gil que em sua publicação, trata o autismo como um dom. GIL (2016), em certo trecho fala: o

autismo é o ápice da evolução da espécie, segundo a Lei da Seleção Natural de Charles Darwin (GIL,

2015 p.26). Por esse prisma, cabe uma reflexão, nenhuma mudança é feita com tranquilidade e muito

menos com tranquila aceitação do novo.

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