Carga Viral, Imunidade, Viroses

INTRODUÇÃO

Mais um esforço para tentar entender o noticiário e formar opinião e crítica sobre a virose pandêmica, que alterou a vida dos terráqueos. Além disso, organizar o material pesquisado em textos para compartilhá-los com aqueles em situação e interesse semelhantes.

Antes, abordou-se com esse mesmo objetivo: a OMS – Organização Mundial de Saúde: e o invisível e eficaz tipo de agente infeccioso, o vírus, protagonista dessa tragédia.

Neste, além de abordarmos carga viral, imunidade e viroses, aproveita-se a oportunidade para tentar responder sobre a fama corriqueira, mas injusta, atribuída aos médicos: “quando não sabem diagnosticar sobre qual doença, respondem ao paciente é uma virose”.

CARGA VIRAL

A infecção consiste em: entrada do vírus no corpo; invasão de célula; e replicação. As cópias dos vírus replicadas vão se acumulando durante dias o que faz aumentar gradativamente o número de vírus presente no organismo.

Carga Viral é a concentração, número de vírus existentes em determinada quantidade de material (sangue, por exemplo), em um indivíduo infectado.

A Carga Viral influencia diretamente o quanto um indivíduo infectado com o vírus pode contagiar outros. Quanto maior a carga viral, maior a capacidade de contágio. A carga viral está ligada a progressão da doença, cargas virais mais altas implicam maior gravidade das doenças.

Ela pode ser medida por exames quantitativos que determinam quanto de vírus está presente em certa quantidade de sangue. Normalmente, quantidade de cópias de RNA viral presente em amostra de plasma sanguíneo. Esses testes virais são úteis para acompanhar o progresso da doença e a eficácia do tratamento e, ou do sistema imunológico.

Provavelmente, a Carga Viral determina o vencedor da batalha entre o vírus e o sistema imunológico. Se alta a imunidade, muito maior chance de o vírus sair derrotado.

IMUNIDADE

Imunidade são os mecanismos de defesa utilizados pelo organismo, como resposta às substâncias estranhas (antígenos) presentes no corpo. Ela é desencadeada pelo sistema imune, que atua pela ação de células, tecidos e órgãos de defesa.

A imunidade é essencial na defesa do organismo contra agentes causadores de doenças como: vírus; bactérias; fungos; e protozoários. Além de proteger, evitando o surgimento de doenças, a imunidade pode impedir que doenças progridam, e atua na identificação ou na destruição de células estranhas, danificadas ou mutantes.

Classificação da Imunidade

A imunidade pode ser classificada de diversas formas. As principais: quanto ao momento de sua existência no organismo: Inata e Adquirida; quanto à existência de dependência de outro organismo: Ativa; Passiva; e Transferência Adotiva.

Inata: existe sempre em indivíduos saudáveis. O indivíduo já nasce com esse tipo de imunidade.

Imunidade Adquirida: ocorre após contato com um agente invasor, por exemplo, vírus e bactérias, e é específica contra esse agente. Após o contato, ocorre uma série de eventos que desencadeiam a ativação de determinadas células, bem como a síntese de proteínas.

A Imunidade Adquirida, ainda, pode ser subdividida em Humoral e Celular.

Imunidade Adquirida Humoral é o principal mecanismo de defesa contra microrganismos e é mediada por anticorpos.

Imunidade Adquirida Celular promove a destruição de microrganismos presentes nas células infectadas (ou em glóbulo branco especializado - fagócito) e não é mediada por anticorpos, mas por Linfócitos – T (células do sistema imunológico e também grupo de glóbulos brancos – leucócitos - responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos - antígenos).

Imunidade Ativa: após a exposição a determinado microrganismo, ou toxina produzida por ele, o corpo busca maneiras de combatê-lo. Esse tipo de imunidade é adquirido pelo organismo em resposta à própria doença ou à vacinação, apresentando, assim, uma “memória”;

Passiva: o indivíduo receberá os anticorpos já prontos para combater determinados antígenos. Esse tipo de imunização pode acontecer pela transferência de anticorpos da mãe para o feto, ou pela administração de anticorpos, via soro, no doente.

Transferência Adotiva: ocorre pela transferência de células do sistema imune, por exemplo, via transfusão sanguínea.

O QUE É VIROSE

Virose é termo pouco específico, que significa doença viral ou infecção causada por alguma espécie de vírus que, nem sempre, pode ser identificado.

Apesar de o termo virose abranger todas as infecções de origem viral e o consequente gigantesco grupo de doenças, desde as mais simples, como resfriados e verrugas de pele, até as mais graves, como AIDS, raiva, hepatite e ebola, na prática, os médicos costumam reservar o diagnóstico virose, para as infecções virais leves, de origem respiratória ou gastrointestinal, que habitualmente são autolimitadas e curam-se espontaneamente após alguns dias.

Como, nas viroses, a redução da capacidade do sistema imunológico é uma das características mais comuns e os sintomas apresentados costumam ser parecidos, ainda que em diferentes enfermidades, os médicos utilizam esse termo virose até que o agente causador específico (vírus) da doença seja descoberto, o que nem sempre é possível.

Outro aspecto bastante característico da virose é que esse tipo de infecção costuma ter duração determinada, apresentar, em geral, sintomas discretos e evoluir para cura sem que o indivíduo acometido sofra complicações mais graves.

CICLO

Didaticamente, divide-se o desenvolvimento do processo desde o momento da interação inicial agente - hospedeiro até sua resolução final, em quatro períodos: incubação; precursor; doença; recuperação.

Período de Incubação

Decorre desde o momento em que o vírus se instala no organismo do hospedeiro até a manifestação dos primeiros sintomas clínicos da doença. Neste período não há doença e o hospedeiro não manifesta sintomas, pois todo o processo está acontecendo no âmbito celular.

Importante o conhecimento desse período, para estabelecimento de medidas de profilaxia, como quarentena e vigilância sanitária dos comunicantes, que deverão ter como duração mínima o intervalo de tempo correspondente ao período máximo de incubação.

Período Precursor

É o curto período, geralmente, um a três dias, antes do período seguinte, a doença propriamente dita. Neste período já pode haver a transmissão e com manifestações mínimas do organismo.

Período de Doença

É o período que se inicia com a manifestação de seus sinais e sintomas característicos e termina com o fim do ciclo agressor do vírus e, na maioria dos casos, com sua eliminação pelo hospedeiro.

Neste período começa realmente a doença. Sua duração depende da evolução e características próprias, além dos efeitos da interação, agressor - hospedeiro.

A transmissibilidade é máxima nos primeiros dias, geralmente três a cinco dias.

Período de Recuperação

Acabaram-se os riscos com transmissão da doença, esse período se caracteriza pela reparação dos órgãos e tecidos que foram danificados durante a doença.

TIPOS, SINTOMAS E DIAGNÓSTICOS

No artigo sobre vírus encontra-se a afirmativa de que cada tipo desses agentes infecciosos acelulares ataca, exclusivamente, determinado tipo de célula. Por isso, os tipos, sintomas e diagnósticos a seguir descritos estão conforme o sistema aos quais os vírus vêm programados para, se reproduzir e infectar.

Oportuno lembrar de que, na prática, o termo virose acaba ficando restrito aos tipos de infecção viral que são brandos e autolimitados. As viroses graves são conhecidas pelos nomes das doenças. Nenhum médico, ao diagnosticar seu paciente com AIDS, ou Sarampo, ou Ebola, ou COVID – 19, jamais lhe informará estar acometido de virose.

Outra observação oportuna é sobre as dificuldades para diagnosticar o tipo de virose, visto alguns sintomas estarem presentes na maioria das viroses e, também, porque não existem exames para identificar cada uma delas.

Costuma-se dividir em três grandes grupos os principais quadros clínicos provocados por viroses: viroses respiratórias, viroses gastrointestinais e viroses exantemáticas.

Viroses respiratórias

As viroses respiratórias são provocadas pelo vírus da gripe, chamado vírus Influenza, ou pelos vários vírus que provocam o resfriado comum, entre eles: Rinovírus, Adenovirus, Vírus Sincicial Respiratório, Coronavírus, Parainfluenza.

Entre os sintomas mais comuns nesse tipo de enfermidade, podemos citar: espirros; febre; corrimento nasal; congestão nasal; dores de cabeça; dores ou irritação na garganta; dores no corpo; cansaço; fraqueza; mal-estar generalizado; e inchaço dos gânglios.

Cabe salientar que não é preciso que se apresente todos os sintomas listados acima para ser diagnosticado com virose. Indivíduo que apresente apenas corrimento nasal, espirros, dor de cabeça e cansaço já apresenta quadro bastante rico para o diagnostico de virose respiratória.

Nos diagnósticos de virose respiratória, é importante descartar infecções bacterianas e quadros alérgicos, como a rinite alérgica, que possam, também, apresentar alguns dos sintomas das viroses.

As viroses respiratórias duram de 2 a 7 dias e curam-se espontaneamente. Raramente há complicações.

Viroses Gastrointestinais

Infecções causadas pelos vírus que afetam o sistema digestivo do paciente, causando distúrbios e problemas ligados ao trato gastrointestinal, tais como: Rotavírus, Norovírus, Astrovírus e Adenovírus Entérico.

Em geral, esse tipo de virose ocorre com mais frequência no verão e, entre os sintomas mais comuns, podemos citar: diarreia; cólicas abdominais; febre (abaixo de 38,5ºC); vômitos; e inchaço dos gânglios.

No diagnóstico de virose gastrointestinal é preciso atenção ao quadro sugestivo. Alguns sinais e sintomas podem indicar outra causa, que não uma infecção viral simples. Entre esses sinais de alerta estão: febre alta; intensa e persistente dor abdominal; diarreia sanguinolenta; sinais de desidratação grave; sintomas prolongados, geralmente por mais de 10 dias; perda de peso.

A maioria das viroses gastrointestinais resolve-se espontaneamente, sem necessidade de tratamento ou dietas muito rigorosas. A complicação mais comum é a desidratação, que pode ser evitada, caso o paciente consiga manter uma boa hidratação.

Viroses exantemáticas

Grupo de doenças de origem viral que causam o aparecimento de exantemas, erupções avermelhadas na pele.

O sintoma comum são as manchas avermelhadas na pele. Às vezes acompanhadas de febre. Entre as viroses exantemáticas mais conhecidas podemos citar a catapora (varicela), a rubéola e o sarampo.

Se as viroses que produzem erupções avermelhadas na pele não tiverem algumas características próprias, ou seja, não apresentarem quadro clínico típico que permita enquadrá-las em diagnóstico específico, então, principalmente se for de curta duração e sintomas leves, o diagnóstico é o inespecífico, virose.

Portanto, nem sempre é possível fazer o diagnóstico preciso de uma virose exantemática, principalmente se ela for de curta duração e com sintomas leves.

Não é incomum, quadro de curta duração, que consista em manchas avermelhadas na pele, febre, dores no corpo e alguns sintomas respiratórios.

Também, não são incomuns formas brandas e atípicas de algumas viroses exantemáticas clássicas: catapora, dengue, rubéola descobertas tempos depois por exame de sangue. Na época da infecção, os sintomas foram tão inespecíficos, que muitas vezes nem atendimento médico foi necessário.

MODOS DE TRANSMISSÃO

A transmissão depende do vírus. As respiratórias são transmitidas por gotículas da boca ou do nariz da pessoa infectada para a pessoa saudável. As gastrointestinais também têm essa forma de transmissão além da transmissão fecal-oral. Nos dois casos, podem ser transmitidas através de objetos ou alimentos contaminados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

À medida que se processa a pesquisa, por um lado passa-se a entender alguma coisa a mais sobre, mas, por, outro as dúvidas a respeito crescem. É como se a consciência sobre a ignorância fosse ampliada.

Entende-se, por exemplo, que os textos pesquisados, quando tratam de viroses, dedicam esse termo àquelas viroses cujas infecções provocadas não causam maiores problemas. Aquelas que, pelo estrago causado, motivaram pesquisas para identificar vírus, os modos de transmissão, desenvolver tratamentos, são caracterizadas pela título da doença grave que provocam: aids; dengue; sarampo; poliomielite...

Pelas dificuldades de identificação dessas nominadas viroses, entende-se que, realmente, o médico não sabe de qual se trata e portanto, o diagnóstico inespecífico, virose. E agora, trocamos a crítica injusta de o médico não saber diagnosticar a doença, pela torcida para que tenha sido competente o suficiente, para não diagnosticar virose, em lugar de doença mais séria, visto a semelhança dos sintomas.

Com o objetivo semelhante de artigos publicados anteriormente: OMS – Organização Mundial de Saúde; e Vírus, bem como deste - Carga Viral, Imunidade, Viroses, pretendo dar sequência com a elaboração de outro. sobre sistema imunológico.

FONTES:

bio.fiocruz.br;

biologianet.com;

educacao.uol.com.br;

mdsaude.com;

microbiologybook.org;

nationalgeographicbrasil.com;

noticias.uol.com.br;

pt.wikipedia.org; e

stoodi.com.br.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 15/09/2020
Reeditado em 28/09/2020
Código do texto: T7063616
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