Pedagogia da Pandemia

As revelações disseminadas pela pandemia do novo coronavírus, pertubam. – O que a peste tem a nos ensinar? Corrupções no sistema de saúde pública e deficiências sanitárias proliferam desigualdades, crises econômicas e políticas. Intolerâncias e a carência de líderes comprometidos deixam a população à deriva em mar revoltoso. A tormenta afeta todos. A segurança e o conforto das embarcações dependem do poder aquisitivo de cada família. Há eminência de colapso. Os vilões são a escassez do sistema de tratamento de esgoto e a irresponsabilidade do governo Bolsonaro. Atualmente, 40% da população brasileira é desassistida do acesso ao saneamento básico, de acordo com informações oficiais.

A imprensa noticia diariamente o avanço da doença, as falhas nas tentativas de retração, o crescente número de contaminados e a elevação dos óbitos. O Brasil é o segundo país com mais mortes pela moléstia. Recentemente, o Ministério da Saúde retirou de seu site, dados acumulados do coronavírus, indicadores do alastramento da peste. Os veículos de comunicação reportam o aceno dos gestores públicos no sentido de flexibilização do isolamento e reabertura do comércio, indústria e setor de serviços, em meio ao panorama de incertezas e falecimentos. A prioridade é definida, tomando como base, dados econômicos, em detrimento à saúde e preservação da existência humana. Na primeira quinzena do mês de agosto, o Brasil ultrapassou a marca dos 100 mil mortos. “A pandemia tornou mais evidentes algumas realidades que nós já conhecíamos, mas mostrou-as como fraturas expostas”, afirmou o ministro do STF (Superior Tribunal Federal), Gilmar Mendes, durante debate sobre o SUS e o Fundeb.

A Louca da Foice, conhecida pela alcunha Covid-19, segue atuante, com sangue nos olhos. Espírito zombeteiro na aragem. “Ceifador, do ainda mamando ao caducando”. Enquanto cada um, como lhe é possível, resguarda a própria vida. Neste momento faz-se imprescindível, além de máscara e álcool em gel, o uso da criatividade para obter o alívio do estresse e da tensão. As artes, a boa cervejinha e o vinho agregam positivamente. Pesquisa empreendida pela Decode, empresa datadriven com foco em inteligência de negócios, analisou entre os meses de fevereiro e março de 2020, cinco sites de venda de vinho, e constatou aumento considerável nas buscas pelo produto, após o início do quadro pandêmico.

No início de junho o Plenário do Senado aprovou o (PL. 1.075/2020) apelidado de “Lei Aldir Blanc”, que garante auxílio emergencial aos trabalhadores do setor cultural, prejudicados pelo adiamento e cancelamento de espetáculos, exposições e lançamentos. Compondo as chances de entretenimento, aculturação e saciedade das necessidades básicas, durante o confinamento social, o cidadão apega-se em podcast, live, downloald, streaming, redes sociais e home office. O lazer via conexão à internet, assim, como o trabalho remoto e o delivery, independente da pandemia do novo coronavírus, já se mostravam tendências mundial, apenas tiveram o processo de expansão acelerado.

Toda discussão deve ater-se ao campo das ideias conjuntas, ações articuladas e estruturadas em dados estatísticos e científicos. Evidenciados na transparência. É momento especial para empreendermos leituras efetivas de cenários. Ouvir ativamente o nosso corpo, as emoções, o próximo e, assimilar a nova dinâmica existencial. É importante exercitarmos a sensatez, e estabelecermos a visão do coletivo.

Ronaldo Marinho
Enviado por Ronaldo Marinho em 06/08/2020
Reeditado em 06/08/2020
Código do texto: T7027975
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