Tragédias
Hoje, nasceu uma criança. Seria motivo de alegria, júbilo, felicidade, comemoração, festa, mas foi uma trágica dor de parto, desespero, choro, amargura, todos os tipos de emoções que consomem o coração e dilaceram a alma. A criança nasceu bem, mas o pai faleceu ontem de Covid-19 com pouco mais de 30 anos, pai pela primeira vez. Morreu por falta de estrutura, de recursos.
E aí ? Enquanto nós com o nosso orgulho, egoísmo, arrogância em saber a solução de tudo, na verdade não enxergamos um palmo diante do nariz. Enquanto, brigamos pelo isolamento social, vertical, horizontal, enquanto discutimos se o que vale é a cloroquina ou se a condenamos, enquanto as marionetes de direita, de esquerda e do centrão fazem papel de bobo nas mão de políticos canalhas e corruptos, enquanto roubam dinheiro público nas farras encobertas pelo decreto de calamidade pública e na cara da polícia civil e da polícia federal, o infeliz daquele que foi condenado a nascer e viver em um país como este, paga o preço da vida com a morte.
Morreu sem conhecer a filha. Nasceu sem conhecer o pai. Santo Deus, a insanidade do bicho homem não tem fim, não há luz no fim do túnel.
Depoimento do médico, “… tem toda a questão política, a questão técnica, a questão científica, mas o final das contas o que importa é isso, um bebe que acabou de nascer mas não vai ter pai por causa do Covid, enquanto as pessoas ficam discutindo ficar em casa, não ficar em casa, cloroquina ou não cloroquina, as pessoas não estão vendo isso, estão vendo um número, eu estou vendo a história (delas), eu tenho acompanhado as histórias, é doído demais ver essas histórias acontecerem e aí vem todo o meu descontentamento com as decisões do governo, porque eu vejo essas histórias...”. E esta é apenas uma história em meio a milhares de outras tragédias.
LC