RELIGIÃO E VACINAS

As vacinas erradicaram doenças que, até o século XIX, matavam milhões de pessoas. Está cientificamente comprovada a eficácia das vacinas e sua capacidade de diminuir a mortalidade provocada por vírus e bactérias. Então, por que muitos são contra? Por que existem pais que, contrariando os estudos da Ciência, duvidam das vacinas e deixam de vacinar seus filhos? Um dos motivos é a religião.

A maioria de religiosos é a favor das vacinas. Os grandes teóricos do judaísmo, cristianismo e islamismo afirmam que a vacina não viola suas leis sagradas. Sábios budistas e hindus também aprovam as campanhas de vacinação. A resistência está entre os fundamentalistas.

Em abril de 2019, Nova York precisou obrigar a vacinação contra o sarampo em comunidades judaicas. Judeus ortodoxos não vacinaram seus filhos e a doença se espalhou. Em setembro de 2018, funcionários do Ministério da Saúde da Indonésia, país de maioria muçulmana, tentaram vacinar a população de Popayato contra o sarampo e a rubéola, mas foram expulsos por moradores armados de facões.

O ano de 2016 foi trágico para as equipes de vacinação contra a pólio no Paquistão. Em janeiro, na cidade de Quetta, um homem-bomba se explodiu na frente do centro de vacinação. Quinze pessoas morreram. Em abril, atiradores mataram três policiais que faziam a proteção da equipe de vacinadores em Karachi. Centenas de pessoas já morreram vítimas de radicais contrários à vacina. Para muitos paquistaneses, a vacinação contra a pólio é só um pretexto do governo americano para esterilizar muçulmanos. Há também a ideia amplamente disseminada entre os fundamentalistas de que a vacina provoca pensamentos pecaminosos.

Entre cristãos, parece que a maior resistência às vacinas está em algumas denominações evangélicas. Durante surto de sarampo no Canadá, ocorrido em 2014, o pastor Adriaan Geuze orientou os fiéis a não participarem da campanha de vacinação do governo, alegando não ser segura. As campanhas nacionais para vacinar adolescentes contra o papilomavírus humano (HPV), vírus que tem sido um dos principais causadores de câncer no colo do útero, recebe maior boicote entre mães de algumas igrejas evangélicas.

As mães afirmam que a vacina incentiva a prática sexual. Porém, estudo feito por americanos e britânicos demonstrou que a vacina contra o HPV não incentiva a prática sexual. Comparação entre jovens que tomaram e não tomaram a vacina não apresentou nenhum dado que colaborasse com os argumentos daquelas mães.

Será que mães e pais que negam vacinar os filhos têm ideia de que estão colocando a vida deles em perigo?